RÉSUMÉ
Justificativa e objetivos: a lararoscopia ginecológica determina elevada morbilidade pós-operatória, principalmente em decorrência de eventos como náusea e vômitos. Estes têm etiologia multifatorial e as drogas utilizadas na anestesia podem colaborar para seu aparecimento. Há controvérsias a respeito das propriedades eméticas do óxido nitroso, assim como da eficácia da metoclopramida como agente antiemético, por isso pareceu-nos oportuno estudar os efeitos de ambas as drogas no aparecimento desse eventos, quando utilizadas isoladamente ou em conjunto. Método: foram estudadas 83 mulheres, ASA I e II, que receberam midazolam como medicaçäo pré-anestésica, alfentanil e propofol como agentes indutores, isoflurano como anestésico inalatório, e atracúrio como bloqueador neuromuscular. Foram divididas em quatro grupos que se diferenciaram pela presença do óxido nitroso adicionado ao anestésico inalatório, e da metoclopramida por via oral, na medicaçäo pré-anestésica: GI: midazolam, alfentanil, propofol, atracúrio e isoflurano/oxigênio; GII: midazolam, alfentanil, propofol, atracúrio, isoflurano/óxido nitroso/oxigênio; GIII: metoclopramida, midazolam, alfentanil, propofol, atracúrio, isoflurano/óxido; GIV: metoclopramida, midazolam, alfentanil, propofol, atracúrio, isoflurano/óxido/nitroso/oxigênio. Foi observado o aparecimento de náusea e vômitos na sala de recuperaçäo anestésica (SRPA) e na enfermaria. Resultados: näo houve diferença estatisticamente significativa entre os quatros grupos quanto ao peso, à idade, à altura, duraçäo de cirurgia e anestesia. As pacientes que receberam N2O (GII e GIV) tiveram mais náuseas e vômitos durante todo o período de observaçäo (GII, 50 por cento; GIV, 33 por cento) que aquelas que näo receberam (GI e GIII, 9,5 por cento e 14,3 por cento, respectivamente). A metoclopramida reduziu o aparecimento de náusea e vômitos nas pacientes que receberam N2O (GII) apenas nas SRPA, onde permaneceram por 90 minutos. Conclusöes: o N2O aumenta a incidência de náusea e vômitos e a metoclopramida parece ter sido eficaz em bloquear estes eventos apenas na SRPA, onde as pacientes permaneceram por 90 minutos