RÉSUMÉ
Resumo Fundamento A frequência cardíaca (FC) na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr) e ritmo sinusal apresenta valor prognóstico. Entretanto, o método de mensuração é debatido na literatura. Objetivos Comparar em pacientes com ICFEr e ritmo sinusal a FC no Holter com três eletrocardiogramas de repouso: ECG1, ECG2 e ECG3. Metodologia Estudo transversal com 135 pacientes portadores de insuficiência cardíaca com fração de ejeção ≤ 40% e ritmo sinusal. A FC foi avaliada por ECG e Holter. Análises incluíram o coeficiente de correlação intraclasse (CCI), regressão robusta, raiz do erro quadrático médio, Bland-Altman e a área sobre a curva ROC. Adotou-se nível de significância de 0,05 e o ajuste de Bonferroni-Holm para minimizar erros tipo I. Resultados As medianas [intervalo interquartil] de idade e fração de ejeção foram de 65 anos [16] e 30% [11], respectivamente. O CCI dos 3 ECG foi de 0,922 (intervalo de confiança de 95%: 0,892; 0,942). Os coeficientes de regressão robusta para ECG1 e ECG3 foram 0,20 (intervalo de confiança de 95%: 0,12; 0,29) e 0,21 (intervalo de confiança de 95%: 0,06; 0,36). O R2 robusto foi de 0,711 (intervalo de confiança de 95%: 0,628; 0,76). Na análise de concordância de Bland-Altman, os limites de concordância foram de −17,0 (intervalo de confiança de 95%: −19,0; −15,0) e 32,0 (intervalo de confiança de 95%: 30,0; 34,0). A área sob a curva ROC foi de 0,896 (intervalo de confiança de 95%: 0,865; 0,923). Conclusão A FC do ECG mostrou alta concordância com a FC do Holter, validando seu uso clínico em pacientes com ICFEr e ritmo sinusal. Contudo, a concordância foi subótima em um terço dos pacientes com FC inferior a 70 bpm pelo ECG, devendo ser considerada a realização de Holter neste contexto.
Abstract Background Heart rate (HR) has shown prognostic value in patients with heart failure with reduced ejection fraction (HFrEF) and sinus rhythm. However, the method of measurement is debated in the literature. Objectives To compare HR on Holter with 3 resting electrocardiograms (ECG1, ECG2, and ECG3) in patients with HFrEF and sinus rhythm. Methods This was a cross-sectional study with 135 patients with heart failure with ejection fraction ≤ 40% and sinus rhythm. HR was assessed by ECG and Holter. Analyses included intraclass correlation coefficient (ICC), robust regression, root mean squared error, Bland-Altman, and area under the receiver operating characteristic (ROC) curve. A significance level of 0.05 and Bonferroni-Holm adjustment were adopted to minimize type I errors. Results The median [interquartile range] age and ejection fraction were 65 years [16] and 30% [11], respectively. The ICC of the 3 ECGs was 0.922 (95% confidence interval: 0.892; 0.942). The robust regression coefficients for ECG1 and ECG3 were 0.20 (95% confidence interval: 0.12; 0.29) and 0.21 (95% confidence interval: 0.06; 0.36). The robust R2 was 0.711 (95% confidence interval: 0.628; 0.76). In the Bland-Altman agreement analysis, the limits of agreement were −17.0 (95% confidence interval: −19.0; −15.0) and 32.0 (95% confidence interval: 30.0; 34.0). The area under the ROC curve was 0.896 (95% confidence interval: 0.865; 0.923). Conclusion The HR on ECG showed high agreement with the HR on Holter, validating its clinical use in patients with HFrEF and sinus rhythm. However, agreement was suboptimal in one third of patients with HR below 70 bpm on ECG; thus, 24-hour Holter monitoring should be considered in this context.
RÉSUMÉ
Resumo Fundamento Pacientes com idade superior a 50 anos requerem quatro vezes mais intervenções cirúrgicas que o grupo mais jovem. Muitas diretrizes recomendam a realização do eletrocardiograma pré-operatório nessa faixa etária. Objetivos Determinar a importância do ECG pré-operatório em pacientes com idade superior a 50 anos e com classificação de risco cirúrgico ASA I e II. Métodos Foram recrutados pacientes com idade superior a 50 anos, sem comorbidades, submetidos à intervenção cirúrgica sob anestesia geral. Os pacientes foram randomizados para a realização (grupo A n=214) ou não (grupo B n=213) do ECG pré-operatório. Foram analisadas as variáveis: sexo, idade, resultado do ECG, da radiografia do tórax e dos exames laboratoriais, risco cirúrgico, duração do procedimento, eventos adversos e mortalidade intra-hospitalar. O nível de significância estatística adotado foi de 5%. Resultados Houve ocorrência de desfechos adversos em 23 (5,4%) pacientes, com um número significante de eventos adversos nos pacientes do sexo masculino (OR=7,91, IC95% 3,3-18,90, p<0,001) e naqueles com intervenções de maior porte cirúrgico (OR=30,02, IC95% 4,01-224,92, p<0,001). Não houve diferença entre os grupos que realizaram ou não o ECG (OR=1,59, IC95% 0,67-3,75, p=0,289). As demais variáveis não mostraram diferenças significantes. Na regressão logística multivariada o sexo masculino (OR=6,49; IC95% 2,42-17,42, p<0,001) e o porte cirúrgico (OR=22,62; IC95% 2,95-173,41, p=0,002) foram preditores independentes de desfechos adversos, enquanto realizar ou não ECG (OR=1,09; IC95% 0,41-2,90, p=0,867) permaneceu sem significância estatística. Conclusões Os resultados sugerem que o ECG pré-operatório não foi capaz de predizer aumento do risco de desfechos adversos nos pacientes estudados, durante a fase hospitalar.
Abstract Background Patients aged over 50 years require four times more surgical interventions than younger groups. Many guidelines recommend the performance of preoperative electrocardiogram (ECG) in this population. Objectives To determine the value of preoperative ECG in patients aged over 50 years and classified as ASA I-II (surgical risk). Methods Patients older than 50 years, without comorbidities, who underwent surgical intervention and general anesthesia were included in the study. Patients were randomized to undergo ECG (group A, n=214) or not (group B, n=213) in the preoperative period. The following variables were analyzed: sex, age, ECG, chest x-ray and laboratory tests results, surgical risk, surgery duration, adverse events and in-hospital mortality. The level of significance was set at 5%. Results Adverse outcomes were reported in 23 (5.4%) patients, with a significant number of adverse events in male patients (OR=7.91 95%CI 3.3-18.90, p<0.001) and in those undergoing major surgeries (OR=30.02 95%CI 4.01-224.92, p<0.001). No differences were observed between patients who underwent ECG and those who did not (OR=1.59, 95%CI, 0.67-3.75, p=0.289). No significant differences were found in the other variables. In multivariate logistic regression, male sex (OR = 6.49; 95%CI 2.42-17.42, p<0.001) and major surgery (OR=22.62; 95%CI 2.95-173.41, p=0.002) were independent predictors of adverse outcomes, whereas undergoing (or not) ECG (OR=1.09; IC95% 0.41-2.90, p=0.867) remained without statistical significance. Conclusion Our findings suggest that preoperative ECG could not predict an increased risk of adverse outcomes in our study population during the hospital phase.
RÉSUMÉ
Resumo Fundamento: Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é uma doença neuromuscular hereditária rara. O acometimento cardíaco inicial pode ser assintomático. Portanto, a avaliação por métodos não invasivos pode auxiliar sua abordagem. Objetivos: Analisar o eletrocardiograma (ECG) e a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) do grupo com DMD, e comparar com a do grupo controle pareado por idade. Métodos: Estudo prospectivo com 27 pacientes masculinos com DMD (idade de 11,9 anos) que foram submetidos à avaliação clínica, ECG, ecocardiograma e Holter. ECG (aumento de 200%) foi avaliado por dois observadores independentes. VFC foi feita no domínio do tempo (24 h) e da frequência na posição supina e sentada. O grupo saudável foi de nove pacientes (11,0 anos). Um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significante. Resultados: A média da fração de ejeção (FE) foi de 60% (34 a 71%). O coeficiente de Kappa para as medidas do ECG variou de 0,64 a 1,00. Foram verificados aumento da relação R/S em V1 em 25,9%, onda Q patológica em 29,6% e QRS fragmentado em 22,2% em regiões inferior/lateral alta, este com correlação negativa com FE (p = 0,006). Houve baixa VFC, sem influência de nenhuma variável, inclusive tratamento. Com a mudança da posição, houve aumento da FC (p = 0,004), porém não houve alteração da VFC. A relação LF/HF foi de 2,7 na DMD e de 0,7 no controle (p = 0,002). Conclusões: Nos participantes com DMD, as ondas R proeminentes em V1 e alterações nas regiões inferior/lateral alta ocorreram em quase 30% dos casos. Houve menor tônus vagal sem influência das variáveis idade, fração de ejeção, dispersão do QT e tratamento. Apesar do aumento da FC, não houve resposta adequada da VFC com a mudança de posição.
Abstract Background: Duchenne Muscular Dystrophy (DMD) is a rare inherited neuromuscular disease. At first, cardiac involvement may be asymptomatic. Therefore, assessing patients using non-invasive methods can help detect any changes. Objectives: Analyze the electrocardiogram (ECG) test and heart rate variability (HRV) of the DMD group and compare the information with that of the age-matched control group. Methods: A prospective study with 27 male patients with DMD (11.9 years old), who underwent clinical evaluation, ECG, echocardiogram, and Holter monitoring. ECG (200% increase) was assessed by two independent observers. HRV was measured over time (24 h) and in the frequency domain, in the supine and sitting positions. The healthy group consisted of nine patients (11.0 years old). A value of p < 0.05 was considered statistically significant. Results: The mean ejection fraction (EF) was 60% (34 to 71%). The Kappa coefficient for ECG measurements ranged from 0.64 to 1.00. An increase in the R/S ratio in V1 was observed in 25.9% of the subjects, pathological Q wave in 29.6%, and fragmented QRS in 22.2% in inferior/high lateral regions, with a negative correlation with EF (p = 0.006). There was low HRV, without the influence of any variable, including treatment. With the change in position, there was an increase in HR (p = 0.004), but there was no change in HRV. The LF/HF ratio was 2.7 in the DMD group and 0.7 in the control group (p = 0.002). Conclusions: In DMD subjects, prominent R waves in V1 and changes in the inferior/high lateral regions occurred in almost 30% of the cases. Lower vagal tone was observed without the influence of the variables age, ejection fraction, QT dispersion, and treatment. Despite the increase in HR, there was no adequate HRV response to the change in position.
RÉSUMÉ
Resumo Fundamento: As ferramentas de telecardiologia são estratégias valiosas para melhorar a estratificação de risco. Objetivo: Objetivamos avaliar a acurácia da tele-eletrocardiografia (ECG) para predizer anormalidades no ecocardiograma de rastreamento na atenção primária. Métodos: Em 17 meses, 6 profissionais de saúde em 16 unidades de atenção primária foram treinados em protocolos simplificados de ecocardiografia portátil. Tele-ECGs foram registrados para diagnóstico final por um cardiologista. Pacientes consentidos com anormalidades maiores no ECG pelo código de Minnesota e uma amostra 1:5 de indivíduos normais foram submetidos a um questionário clínico e ecocardiograma de rastreamento interpretado remotamente. A doença cardíaca grave foi definida como doença valvular moderada/grave, disfunção/hipertrofia ventricular, derrame pericárdico ou anormalidade da motilidade. A associação entre alterações maiores do ECG e anormalidades ecocardiográficas foi avaliada por regressão logística da seguinte forma: 1) modelo não ajustado; 2) modelo 1 ajustado por idade/sexo; 3) modelo 2 mais fatores de risco (hipertensão/diabetes); 4) modelo 3 mais história de doença cardiovascular (Chagas/cardiopatia reumática/cardiopatia isquêmica/AVC/insuficiência cardíaca). Foram considerados significativos valores de p < 0,05. Resultados: No total, 1.411 pacientes realizaram ecocardiograma, sendo 1.149 (81%) com anormalidades maiores no ECG. A idade mediana foi de 67 anos (intervalo interquartil de 60 a 74) e 51,4% eram do sexo masculino. As anormalidades maiores no ECG se associaram a uma chance 2,4 vezes maior de doença cardíaca grave no ecocardiograma de rastreamento na análise bivariada (OR = 2,42 [IC 95% 1,76 a 3,39]) e permaneceram significativas (p < 0,001) após ajustes no modelo 2 (OR = 2,57 [IC 95% 1,84 a 3,65]), modelo 3 (OR = 2,52 [IC 95% 1,80 a 3,58]) e modelo 4 (OR = 2,23 [IC 95% 1,59 a 3,19]). Idade, sexo masculino, insuficiência cardíaca e doença cardíaca isquêmica também foram preditores independentes de doença cardíaca grave no ecocardiograma. Conclusões: As anormalidades do tele-ECG aumentaram a probabilidade de doença cardíaca grave no ecocardiograma de rastreamento, mesmo após ajustes para variáveis demográficas e clínicas.
Abstract Background: Tele-cardiology tools are valuable strategies to improve risk stratification. Objective: We aimed to evaluate the accuracy of tele-electrocardiography (ECG) to predict abnormalities in screening echocardiography (echo) in primary care (PC). Methods: In 17 months, 6 health providers at 16 PC units were trained on simplified handheld echo protocols. Tele-ECGs were recorded for final diagnosis by a cardiologist. Consented patients with major ECG abnormalities by the Minnesota code, and a 1:5 sample of normal individuals underwent clinical questionnaire and screening echo interpreted remotely. Major heart disease was defined as moderate/severe valve disease, ventricular dysfunction/hypertrophy, pericardial effusion, or wall-motion abnormalities. Association between major ECG and echo abnormalities was assessed by logistic regression as follows: 1) unadjusted model; 2) model 1 adjusted for age/sex; 3) model 2 plus risk factors (hypertension/diabetes); 4) model 3 plus history of cardiovascular disease (Chagas/rheumatic heart disease/ischemic heart disease/stroke/heart failure). P-values < 0.05 were considered significant. Results: A total 1,411 patients underwent echo; 1,149 (81%) had major ECG abnormalities. Median age was 67 (IQR 60 to 74) years, and 51.4% were male. Major ECG abnormalities were associated with a 2.4-fold chance of major heart disease on echo in bivariate analysis (OR = 2.42 [95% CI 1.76 to 3.39]), and remained significant after adjustments in models (p < 0.001) 2 (OR = 2.57 [95% CI 1.84 to 3.65]), model 3 (OR = 2.52 [95% CI 1.80 to3.58]), and model 4 (OR = 2.23 [95%CI 1.59 to 3.19]). Age, male sex, heart failure, and ischemic heart disease were also independent predictors of major heart disease on echo. Conclusions: Tele-ECG abnormalities increased the likelihood of major heart disease on screening echo, even after adjustments for demographic and clinical variables.
RÉSUMÉ
Resumo Fundamento: A fibrilação atrial (FA) é a arritmia cardíaca sustentada mais frequente, mas ainda é subdiagnosticada especialmente em pacientes assintomáticos. Objetivo: Avaliar uma estratégia simples para otimizar a identificação da FA. Métodos: Avaliados indivíduos assintomáticos com 65 anos ou mais, portadores de hipertensão arterial (HA) ou insuficiência cardíaca (IC). Os dados foram inseridos e armazenados em plataforma REDCap. Inicialmente foram realizadas análise de risco de FA com o algoritmo matemático Stroke Risk Analysis (SRA) aplicado em eletrocardiograma (ECG) de 1 hora. Todos os pacientes de alto risco de FA foram orientados a realizar o protocolo de ECG domiciliar por sete dias com o equipamento portátil Kardia 6L OMRON, AliveCor®. O teste de Kolmogorov-Smirnov foi usado para verificar a normalidade da distribuição das variáveis quantitativas; aquelas com distribuição normal foram expressas em média e desvio-padrão. Adotou-se como significativo o valor de p<0,05. Resultados: Foram avaliados 423 pacientes; 15 foram excluídos por não terem realizado o SRA, resultando em uma amostra de 408 pacientes. A avaliação evidenciou que 13 (3,2%) pacientes apresentaram FA, 120 (29,4%) foram considerados de alto risco para FA e 275 (67,4%) sem risco aumentado. Dos 120 pacientes de alto risco, 111 realizaram adequadamente o protocolo de sete dias com o Kardia, tendo sido identificados um ou mais registros de FA em 43 pacientes. Conclusão: A estratégia adotada no estudo RITMO mostrou-se eficaz para identificar, com uma incidência de 13,7% (56/408), episódios de FA em pacientes idosos assintomáticos e portadores de HA ou IC.
Abstract Background: Atrial fibrillation (AF) is the most common sustained arrythmia, but still underdiagnosed especially among asymptomatic patients. Objectives: To evaluate a simple strategy to optimize the identification of AF. Methods: Asymptomatic patients aged 65 years or older, with hypertension or heart failure (HF), were included. Data were inserted into the REDCap software platform. Patients were assessed for the risk for AF using the Stroke Risk Analysis (SRA) mathematical algorithm, which was applied on a one-hour electrocardiogram (ECG). All patients at high risk for AF were instructed to follow a home ECG protocol for seven days using a portable Kardia 6 (OMRON, AliveCor®). The Kolmogorov-test was used to test the normality of quantitative variables; those with normal distribution were expressed as mean and standard deviation. A p<0.05 was set as statistically significant. Results: A total of 423 patients were assessed; 15 were excluded due to absence of SRA, yielding a sample of 408 patients. In 13 (3.2%), AF was identified, 120 (29.4%) were considered at high risk and 275 (67.4%) without increased risk for AF. Of the 120 high-risk patients, 111 successfully completed the seven-day protocol with Kardia; at least one episode of AF was identified in 43 patients. Conclusion: The strategy adopted in the RITMO study was shown to be effective in identifying AF in asymptomatic elderly patients with hypertension or HF, with an incidence of 13.7% (56/408).
RÉSUMÉ
Resumo Fundamento: A hipertensão pulmonar é uma condição que envolve a remodelação do ventrículo direito. A remodelação contínua também está associada ao prognóstico da doença. Durante o processo de reestruturação, alterações complexas como hipertrofia e dilatação também podem se refletir nos parâmetros eletrocardiográficos. Objetivos: Nosso estudo teve como objetivo investigar a relação entre prognóstico e parâmetros eletrocardiográficos em pacientes com hipertensão arterial pulmonar. Métodos: O estudo foi desenhado retrospectivamente e incluiu pacientes com diagnóstico de hipertensão arterial pulmonar entre 2010 e 2022. Os pacientes foram divididos em dois grupos com base no resultado de sobrevida. Vários parâmetros, incluindo parâmetros eletrocardiográficos, demográficos, ecocardiográficos, de cateter e sanguíneos, foram comparados entre os dois grupos. Um valor de p <0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados: Na análise multivariada de Cox, os parâmetros que se mostraram independentemente associados à sobrevida foram o teste de caminhada de 6 minutos, pressão média da artéria pulmonar, presença de derrame pericárdico e tempo entre o início do QRS e o pico da onda S (tempo de RS) (p<0,05 para cada). De todos os parâmetros, o tempo de RS demonstrou o melhor desempenho diagnóstico (AUC: 0,832). Na análise de sobrevida, foi encontrada correlação significativa entre o tempo de RS e a sobrevida ao utilizar o valor de corte de 59,5 ms (HR: 0,06 [0,02-0,17], p < 0,001). Conclusões: De acordo com os resultados do nosso estudo, um tempo de RS mais longo está associado a um pior prognóstico em pacientes com hipertensão arterial pulmonar. Podemos obter informações sobre o curso da doença com um parâmetro simples e não invasivo.
Abstract Background: Pulmonary hypertension is a condition that involves the remodeling of the right ventricle. Ongoing remodeling is also associated with disease prognosis. During the restructuring process, complex changes such as hypertrophy and dilatation may also be reflected in electrocardiographic parameters. Objectives: Our study aimed to investigate the relationship between prognosis and electrocardiographic parameters in patients with pulmonary arterial hypertension. Methods: The study was designed retrospectively and included patients diagnosed with pulmonary arterial hypertension between 2010 and 2022. The patients were divided into two groups based on their survival outcome. Various parameters, including electrocardiographic, demographic, echocardiographic, catheter, and blood parameters, were compared between the two groups. A p-value of <0.05 was considered statistically significant. Results: In the multivariate Cox analyses, the parameters that were found to be independently associated with survival were the 6-minute walk test, mean pulmonary artery pressure, presence of pericardial effusion, and time between the beginning of the QRS and the peak of the S wave (RS time) (p<0.05 for each). Of all the parameters, RS time demonstrated the best diagnostic performance (AUC:0.832). In the survival analysis, a significant correlation was found between RS time and survival when using a cut-off value of 59.5 ms (HR: 0.06 [0.02-0.17], p < 0.001). Conclusions: According to the results of our study, a longer RS time is associated with poor prognosis in patients with pulmonary arterial hypertension. We can obtain information about the course of the disease with a simple, non-invasive parameter.
RÉSUMÉ
ABSTRACT Objective: to assess the incidence of complications related to peripherally inserted central catheters in hospitalized adult patients with Covid-19 and to discuss the potential benefits of employing insertion technologies to prevent complications. Method: a descriptive, exploratory and cross-sectional study was conducted from March 2020 to December 2021 at a high-complexity hospital. The study included patients over 18 years old with a positive diagnosis for Covid-19 who made use of peripherally inserted central catheters for venous infusion. Data collection included sociodemographic and clinical information regarding catheter insertion and use. The analysis involved Chi-square and Fisher's Exact tests, with a significance level of 0.05. Results: a total of 123 inserted catheters were analyzed. The patients' mean age was 50 years old (SD=16.37), most of them male and in the acute phase of infection (59.3%). The following significant complications related to the insertion process were identified: catheter material (p=0.01); use of Sherlock (p=0.03); need for traction (p<0.001); number of punctures (p<0.001); and difficulty in catheter progression (p<0.001). Conclusion: the study identified the main complications related to the insertion and use of PICCs and showed that employing vascular visualization technologies such as ultrasound and Sherlock 3CG® can mitigate complications, as well as maximize patient comfort, experience and safety. The research provides support for the implementation of protocols for insertion and management of peripherally inserted central catheters, thus avoiding the occurrence of adverse events.
RESUMEN Objetivo: evaluar la incidencia de complicaciones relacionadas a catéteres centrales de inserción periférica en pacientes adultos hospitalizados con Covid-19 y debatir el potencial de emplear tecnologías de inserción en la prevención de complicaciones. Método: estudio descriptivo, exploratorio y transversal, realizado entre marzo de 2020 y diciembre de 2021 en un hospital de alta complejidad. En el estudio se incluyó a pacientes mayores de 18 años con diagnóstico positivo de Covid-19 y que utilizaran catéteres centrales de inserción periférica para infusiones venosas. Se recolectaron datos sociodemográficos y clínicos sobre la inserción y el uso de los catéteres. El análisis implicó las pruebas de Chi-cuadrado y Exacta de Fischer, con 0,05 como nivel de significancia. Resultados: se analizó un total de 123 catéteres insertados. La media de edad de los pacientes fue de 50 años (DE=16,37), con mayoría del sexo masculino y en la fase aguda de la infección (59,3%). Se hicieron evidentes las siguientes complicaciones significativas vinculadas al proceso de inserción: material del catéter (p=0,01), uso de Sherlock (p=0,03), necesidad de tracción (p<0,001), cantidad de punciones (p<0,001) y dificultad de avance del catéter (p<0,001). Conclusión: el estudio identificó las principales complicaciones relacionadas a la inserción y el uso de catéteres PICC y demostró que utilizar tecnologías de visualización vascular como ultrasonido y Sherlock 3CG® puede mitigar las complicaciones, además de maximizar la comodidad, experiencia y seguridad del paciente. El trabajo de investigación presenta aportes para implementar protocolos de inserción y manejo de los catéteres centrales de inserción periférica, evitando así la incidencia de eventos adversos.
RESUMO Objetivo: avaliar a incidência de complicações relacionadas ao cateter central de inserção periferica em pacientes adultos hospitalizados com Covid-19 e discutir o potencial do uso de tecnologias de inserção na prevenção de complicações. Método: estudo descritivo e exploratório, transversal, realizado no período de março de 2020 a dezembro de 2021, em um hospital de alta complexidade. Foram incluídos no estudo pacientes maiores de 18 anos com diagnóstico positivo para Covid-19 e que fizeram uso do cateter central de inserção periférica para infusão venosa. Fez-se coleta de dados sociodemográficos e clínicos sobre a inserção e uso do cateter. A análise envolveu os testes qui-quadrado e exato de Fischer, com nível de significância de 0,05. Resultados: analisou-se um total de 123 cateteres inseridos. A média de idade dos pacientes foi de 50 anos (DP=16,37 anos), sendo a maioria do sexo masculino e na fase aguda da infecção (59,3%). Foram evidenciadas as seguintes complicações significativas atreladas ao processo de inserção: material do cateter (p=0,01), uso de Sherlock (p=0,03), necessidade de tração (p<0,001), número de punções (p<0,001) e dificuldade de progressão do cateter (p<0,001). Conclusão: o estudo identificou as principais complicações relacionadas à inserção e uso do PICC e mostrou que o uso de tecnologias de visualização vascular como o ultrassom e Sherlock 3CG® pode mitigar complicações, além de maximizar conforto, experiência e segurança do paciente. A investigação apresenta subsídios para implementação de protocolos de inserção e manejo do cateter central de inserção periférica, evitando a ocorrência de eventos adversos.
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Resumo Embora o modelo existente de classificação do infarto agudo do miocárdio (IAM) em IAMCSST e IAMSSST tenha sido benéfico, considera-se hoje que ele falha em abordar a complexidade das síndromes coronarianas agudas. O estudo tem como objetivo examinar o atual paradigma IAMCSST-IAMSSST e defender um modelo mais detalhado, chamado de oclusão coronariana aguda (OCA) e Ausência de Oclusão Coronária Aguda (NOCA), para um diagnóstico e um manejo do IAM mais precisos. Realizou-se uma análise abrangente da literatura médica existente, com foco nas limitações do modelo IAMCSST-IAMSSST. O estudo também descreve uma nova abordagem diagnóstica para pacientes apresentando do torácica nos departamentos de emergência. O modelo IAMCSST-IAMSSST tradicional falha em prover um diagnóstico preciso e um tratamento efetivo, principalmente na identificação de oclusões da artéria coronária. O modelo OCA-NOCA é mais preciso em termos anatômicos e fisiológicos, e apoiado por pesquisa clínica extensa e opiniões de especialistas. Ele destaca a necessidade de rápida realização de eletrocardiogramas (ECGs) e terapias de reperfusão para casos suspeitos de OCA, visando melhorar os desfechos dos pacientes. O modelo OCA-NOCA abre um novo caminho para pesquisas e aplicações clínicas futuras. Ele defende um entendimento mais abrangente dos mecanismos subjacentes das síndromes coronarianas agudas, levando a planos individualizados de tratamentos. Espera-se que essa nova abordagem incite novos debates e pesquisas acadêmicas, principalmente na área de cardiologia no Brasil, com o objetivo de aumentar a precisão diagnóstica e a eficácia do tratamento de pacientes com IAM.
Abstract Although the existing framework for classifying acute myocardial infarction (AMI) into STEMI and NSTEMI has been beneficial, it is now considered to be falling short in addressing the complexity of acute coronary syndromes. The study aims to scrutinize the current STEMI-NSTEMI paradigm and advocate for a more nuanced framework, termed as occlusion myocardial infarction (OMI) and non-occlusion myocardial infarction (NOMI), for a more accurate diagnosis and management of AMI. A comprehensive analysis of existing medical literature was conducted, with a focus on the limitations of the STEMI-NSTEMI model. The study also outlines a new diagnostic approach for patients presenting with chest pain in emergency settings. The traditional STEMI-NSTEMI model falls short in diagnostic precision and effective treatment, especially in identifying acute coronary artery occlusions. The OMI-NOMI framework offers a more anatomically and physiologically accurate model, backed by a wealth of clinical research and expert opinion. It underscores the need for quick ECG assessments and immediate reperfusion therapies for suspected OMI cases, aiming to improve patient outcomes. The OMI-NOMI framework offers a new avenue for future research and clinical application. It advocates for a more comprehensive understanding of the underlying mechanisms of acute coronary syndromes, leading to individualized treatment plans. This novel approach is expected to ignite further scholarly debate and research, particularly in the Brazilian cardiology sector, with the goal of enhancing diagnostic accuracy and treatment effectiveness in AMI patients.
RÉSUMÉ
Resumo Fundamento O envolvimento cardiovascular associado à infecção por SARS-COV-2 está relacionado a desfechos desfavoráveis durante a internação. Portanto, a medida na admissão do intervalo QTc no eletrocardiograma de 12 derivações pode ser um marcador prognóstico. Objetivo Identificar a relação entre o prolongamento do QTc na admissão durante a hospitalização e a mortalidade por SARS-COV-2. Método Estudo observacional baseado em uma coorte retrospectiva de pacientes com infecção confirmada por SARS-COV-2 do Hospital Universitário San Ignacio, Bogotá (Colômbia), entre 19 de março de 2020 e 31 de julho de 2021. A mortalidade foi comparada em pacientes com QTc prolongado e normal na admissão e controle das variáveis clínicas e comorbidades por meio de modelos de regressão logística bivariada e multivariada. Um valor de p <0,05 foi considerado estatisticamente significativo Resultados Foram analisados 1.296 pacientes e 127 (9,8%) apresentaram QTc prolongado. A mortalidade foi maior em pacientes com QTc prolongado (39,4% vs. 25,3%, p=0,001), assim como o tempo de internação (mediana 11 vs. 8 dias; p=0,002). Na análise multivariada, a mortalidade foi associada a QTc prolongado (OR 1,61, IC 95%: 1,02; 2,54, p=0,038), idade (OR 1,03, IC 95% 1,02; 1,05, p<0,001), sexo masculino (OR 2,15, IC 95% 1,60; 2,90, p<0,001), doença renal (OR 1,32, IC 95% 1,05; 1,66, p=0,018) e índice de comorbidade de Charlson > 3 (OR 1,49, IC 95% 1,03; 2,17, p=0,035). Conclusões A mortalidade hospitalar por SARS-COV-2 está associada ao prolongamento do intervalo QTc no momento da admissão, mesmo após ajuste para idade, sexo, comorbidades e gravidade basal da infecção. Pesquisas adicionais são necessárias para estabelecer se esses achados estão relacionados ao envolvimento cardíaco pelo vírus, hipóxia e inflamação sistêmica.
Abstract Background Cardiovascular involvement associated with SARS-COV-2 infection is related to unfavorable outcomes during hospitalization. Therefore, the measurement at the admission of the QTc interval on the 12-lead electrocardiogram may be a prognostic marker. Objective To identify the relationship between QTc prolongation at admission during hospitalization and mortality from SARS-COV-2. Method Observational study based on a retrospective cohort of patients with confirmed SARS-COV-2 infection from San Ignacio University Hospital, Bogotá (Colombia), between March 19, 2020, and July 31, 2021. Mortality was compared in patients with prolonged and normal QTc at admission after controlling by clinical variables and comorbidities using bivariate and multivariate logistic regression models. A p-value <0.05 was considered statistically significant. Results 1296 patients were analyzed, and 127 (9.8%) had prolonged QTc. Mortality was higher in patients with prolonged QTc (39.4% vs 25.3%, p=0.001), as was hospital stay (median 11vs.8 days; p=0.002). In the multivariate analysis, mortality was associated with prolonged QTc (OR 1.61, 95% CI: 1.02; 2.54, p=0.038), age (OR 1.03, 95% CI 1.02; 1.05, p<0.001), male sex (OR 2.15, 95% CI 1.60; 2.90, p <0.001), kidney disease (OR 1.32, 95% CI 1.05; 1.66, p =0.018) and Charlson comorbidity index > 3 (OR 1.49, 95% CI 1.03; 2.17, p=0.035). Conclusions Hospital mortality due to SARS-COV-2 is associated with prolonging the QTc interval at the time of admission, even after adjusting for age, sex, comorbidities, and basal severity of infection. Additional research is needed to establish whether these findings are related to cardiac involvement by the virus, hypoxia, and systemic inflammation.
RÉSUMÉ
INTRODUÇÃO: a insuficiência cardíaca (IC) é uma das três causas mais comuns de doenças cardiovasculares (DCV), grupo de enfermidades que é a principal causa de morbimortalidade no mundo. O eletrocardiograma (ECG) é um dos exames utilizados na avaliação da IC, sendo de baixo custo e amplamente acessível. Quando associado à inteligência artificial, o ECG pode ser uma poderosa ferramenta para triagem de indivíduos com maior probabilidade de IC. O objetivo foi avaliar o desempenho de um algoritmo de IA, aplicado ao ECG, para detecção de DSVE e compará-lo ao das alterações maiores ao ECG (AME), de acordo com o código de Minnesota. MÉTODOS: estudo transversal retrospectivo de acurácia diagnóstica que utilizou a população do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Foram avaliados 2567 indivíduos que possuíam ecocardiograma (ECO) e ECG válidos e valores de predição para disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (DSVE) estimadas por um algoritmo de inteligência artificial (IA). A DSVE foi definida como Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) menor que 40%, calculada utilizando o ECO. A prevalência de DSVE foi de 1,13% na população estudada (29 indivíduos). Foram calculados sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN), razão de verossimilhança positivo (RVP), razão de verossimilhança negativa (RVN), diagnostic odds ratio (DOR) para o algoritmo e para as AME. Calculou-se também a área sob a curva ROC (ASC-ROC) para o algoritmo. RESULTADOS: a população estudada possui mediana de 62 anos, sendo 47,2% do sexo masculino. A ASC-ROC do algoritmo para predição de IC foi de 0,947 (IC 95% 0,913 0,981). A sensibilidade, especificidade, VPP, VPN, RVP, RVN e DOR para o algoritmo foi de 0,690; 0,976; 0,244; 0,996; 27,6; 0,32 e 88,74, respectivamente. Para as AME foi 0,172; 0,837; 0,012; 0,989; 1,09; 0,990 e 1,07 respectivamente. CONCLUSÕES: A IA aplicada ao ECG é uma fermenta promissora para identificação de pacientes com maior probabilidade de IC e que devem ser priorizados para realização de ECO. Isso poderia aprimorar o diagnóstico de IC em nosso meio e, assim, permitir o início precoce do tratamento, com possível impacto na redução da morbidade e mortalidade.
INTRODUCTION: Heart failure (HF) is one of the three most common causes of cardiovascular diseases (CVD), which are the leading causes of morbidity and mortality worldwide. The electrocardiogram (ECG) is one of the tests used in the evaluation of HF, combining low-cost and wide accessibility. When combined with artificial intelligence, the ECG can be a powerful tool for screening individuals with a higher risk of HF. Our objective was to assess the performance of an AI algorithm applied to the ECG for the detection of left ventricular systolic dysfunction (LVSD) and compare it to the performance of major ECG abnormalities (MEA) according to the Minnesota code. METHODS: This was a retrospective cross-sectional diagnostic accuracy study using data from the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brazil). A total of 2567 individuals with valid echocardiograms (ECO) and ECGs and probability values for left ventricular systolic dysfunction (LVSD) estimated by an artificial intelligence (AI) algorithm, were evaluated. LVSD was defined as a left ventricular ejection fraction (LVEF) less than 40%, calculated using ECO. The prevalence of LVSD was 1.13% in the studied population (29 individuals). Sensitivity, specificity, positive predictive value (PPV), negative predictive value (NPV), positive likelihood ratio (PLR), negative likelihood ratio (NLR), and diagnostic odds ratio (DOR) were calculated for the algorithm and MEA. The area under the ROC curve (AUC-ROC) was also calculated for the algorithm. RESULTS: The study population had a median age of 62 years, with 47.2% being male. The AUC-ROC for the algorithm to predict HF was 0.947 (95% CI 0.913 0.981). Sensitivity, specificity, PPV, NPV, PLR, NLR, and DOR for the algorithm were 0.690, 0.976, 0.244, 0.996, 27.6, 0.32, and 88.74, respectively. For MEA, it was 0.172, 0.837, 0.012, 0.989, 1.09, 0.990, and 1.07, respectively. CONCLUSIONS: AI applied to the ECG is a promising tool for identifying patients with a higher likelihood of HF who should be prioritized for ECO. This could improve the diagnosis capacity of HF in our setting and thus enable early treatment initiation, with possible impact on reducing morbidity and mortality.