RÉSUMÉ
O objetivo desse estudo foi descrever o comportamento do indicador de proporção de gestantes com atendimento odontológico realizado em todos os estados brasileiros antes e após a implantação do Programa Previne Brasil e correlacionando os achados com variáveis. Trata-se de um estudo ecológico, analítico, com dados secundários, cujas unidades de análise são 26 as unidades federativas do Brasil e o Distrito Federal. As variáveis proporção de gestantes com atendimento odontológico realizado entre os anos de 2018 e 2022 (por quadrimestre), número de equipes de Estratégia de Saúde da Família, cobertura de eSF e cobertura da Atenção Básica (AB) no ano de 2020, número de equipes da saúde da família de saúde bucal (eSB) no ano de 2021, tamanho populacional estimado para 2021 e Índice de Desenvolvimento Humano para o ano de 2010, foram coletadas do Sistema de Informação da Saúde da Atenção Básica (SISAB), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sistema e-Gestor do Ministério da Saúde. Os resultados obtidos mostram que durante os anos analisados o indicador teve crescimento em todas as unidades federativas e no Distrito Federal, no entanto alguns estados tiveram crescimento do indicador acima da média nacional: Amazonas, Tocantins, Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Mato Grosso do Sul Paraná e Santa Catarina. O indicador teve correlação negativa com IDH e positiva com as coberturas de equipes de saúde da família e de saúde bucal. Houve um aumento na proporção de atendimentos odontológicos a gestantes na APS entre os anos estudados, no entanto, esse indicador não permite a avaliação da qualidade desse atendimento e nem o impacto na morbimortalidade materna e infantil.
The aim of this study was to describe the behavior of the indicator of the proportion of pregnant women with dental care performed in all Brazilian states before and after the implementation of the Prevent Brazil Program and correlate the findings with variables. This is an ecological, analytical study with secondary data, whose units of analysis are 26 of the federative units of Brazil and the Federal District. The variables proportion of pregnant women with dental care performed between the years 2018 and 2022 (per four months), number of Family Health Strategy teams, FHS coverage and Primary Care (PHC) coverage in 2020, number of oral health family health teams (eSB) in 2021, estimated population size for 2021 and Human Development Index for 2010, were collected from the Primary Care Health Information System (SISAB), the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and the e-Manager System of the Ministry of Health. The results obtained show that during the years analyzed the indicator had growth in all federative units and in the Federal District, however, some states had growth of the indicator above the national average: Amazonas, Tocantins, Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Mato Grosso do Sul Paraná and Santa Catarina. The indicator had a negative correlation with HDI and a positive correlation with the coverage of family health and oral health teams. There was an increase in the proportion of dental care to pregnant women in PHC between the years studied, however, this indicator does not allow the evaluation of the quality of this care nor the impact on maternal and infant morbidity and mortality.
El objetivo de este estudio fue describir el comportamiento del indicador de proporción de gestantes con atención odontológica realizada en todos los estados brasileños antes y después de la implementación del Programa Prevent Brazil y correlacionar los hallazgos con variables. Se trata de un estudio ecológico, analítico, con datos secundarios, cuyas unidades de análisis son 26 unidades federativas de Brasil y del Distrito Federal. Las variables proporción de gestantes con atención odontológica realizadas entre los años 2018 y 2022 (por cuatro meses), número de equipos de la Estrategia Salud de la Familia, cobertura de la ESF y cobertura de Atención Primaria (APS) en 2020, número de equipos de salud familiar de salud bucal (eSB) en 2021, tamaño estimado de la población para 2021 e Índice de Desarrollo Humano para 2010, fueron recolectados del Sistema de Información en Salud de Atención Primaria (SISAB), del Instituto Brasileño de Geografía y Estadística (IBGE) y del Sistema e-Manager del Ministerio de Salud. Los resultados obtenidos muestran que durante los años analizados el indicador tuvo crecimiento en todas las unidades federativas y en el Distrito Federal, sin embargo algunos estados tuvieron crecimiento del indicador por encima del promedio nacional: Amazonas, Tocantins, Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Mato Grosso do Sul Paraná y Santa Catarina. El indicador tuvo una correlación negativa con el IDH y una correlación positiva con la cobertura de los equipos de salud de la familia y salud bucal. Hubo un aumento en la proporción de atención odontológica a gestantes en APS entre los años estudiados, sin embargo, este indicador no permite evaluar la calidad de esta atención ni el impacto en la morbilidad y mortalidad materna e infantil.
RÉSUMÉ
O objetivo deste artigo é compreender a percepção dos gestores municipais de saúde sobre as condições de financiamento do Sistema Único de Saúde na região oeste catarinense. Trata-se de um estudo de caso quanti-qualitativo, descritivo. Participaram gestores municipais de saúde que integravam a Comissão Intergestores Regional. A coleta de dados ocorreu por entrevista semiestruturada e com dados do Sistema de Informação de Orçamento Público em Saúde. As entrevistas foram analisadas pelo método do Discurso do Sujeito Coletivo, que resultou em duas ideias centrais: transferências intergovernamentais e planejamento e gestão de recursos municipais de saúde. Evidenciam-se as competências e esforços dos gestores municipais frente ao financiamento do Sistema Único de Saúde, as dificuldades de cooperação regional, o excesso de condicionalidades para uso dos recursos, indicando a necessidade de revisão dos instrumentos indutores da política de saúde, a necessidade de maior comprometimento financeiro do Governo Federal, e o fortalecimento de instâncias com atuação potencializadora de coordenação e cooperação dos entes federados na operacionalização das políticas. Nota-se a falta de espaço fiscal para aplicação de recursos que contribuam para a retomada da atividade econômica e uma nova agenda de financiamento. As principais dificuldades estão relacionadas ao excesso de condicionalidades e à desconsideração das necessidades da região no empenho de recursos públicos.
This study sought to understand the perception of municipal health managers on Unified Health System financing in western Santa Catarina, Brazil. A quantitative and qualitative descriptive case study was conducted with municipal health managers who made up the Regional Interagency Committee. Data were collected by semi-structured interviews and from the Public Health Budget Information System. The interviews were analyzed using the Discourse of the Collective Subject, which resulted in two central ideas: intergovernmental transfers and municipal health resources planning and management. Results highlight municipal managers' skills and efforts regarding Unified Health System funding, the difficulties of regional cooperation, and the excessive conditions for the use of resources. This points to the need to review health policy instruments, the need for greater financial commitment by the federal government, and strengthening bodies that may enhance coordination and cooperation between states in operationalizing policies. There is a lack of fiscal space for resource application that contributes to the resumption of economic activity and a new funding agenda. The main difficulties are related to excessive conditions and the disregard towards the needs of the region regarding public resources allocation.
El objetivo de este estudio es comprender la percepción de los gestores municipales de salud sobre las condiciones de financiación del Sistema Único de Salud (SUS) en la región oeste de Santa Catarina (Brasil). Se trata de un estudio de caso descriptivo cuantitativo y cualitativo. Participaron los gestores municipales de salud que formaron parte de la Comisión Interinstitucional Regional. La recolección de datos ocurrió por entrevistas semiestructuradas y con datos del Sistema de Información del Presupuesto de Salud Pública. Para el análisis de las entrevistas se utilizó el método del Discurso del Sujeto Colectivo, lo que resultó en dos ideas centrales: las transferencias intergubernamentales y la planificación y gestión de los recursos sanitarios municipales. Se evidencian las habilidades y esfuerzos de los gestores municipales con relación al financiamiento del SUS, las dificultades de la cooperación regional, el exceso de condicionalidades para el uso de los recursos, lo que indica la necesidad de revisar los instrumentos que inducen la política de salud, la necesidad de mayor compromiso financiero del gobierno federal, y el fortalecimiento de instancias con acción potenciadora de coordinación y cooperación de las entidades federativas en la puesta en operación de las políticas. Falta espacio fiscal para aplicar los recursos que contribuyan a la reanudación de la actividad económica y una nueva agenda de financiamiento. Las principales dificultades están relacionadas con el exceso de condicionalidades y el desconocimiento de las necesidades de la región en el compromiso de los recursos públicos.
Sujet(s)
Système de Santé Unifié , Gestion de la Santé , Financement du Système de Santé , Politique de santéRÉSUMÉ
A pandemia de COVID-19 no Brasil explicitou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e as limitações do sistema de saúde vigente no país, composto pelos setores público e privado, no contexto do capitalismo financeirizado em que instabilidades e crises típicas são estruturalmente determinadas. Nesse sentido, o artigo discute o sistema de saúde no Brasil sob a égide do capitalismo financeirizado e à luz da pandemia de COVID-19. Sustenta-se que a financeirização enquanto padrão sistêmico de riqueza potencializa processo de coisificação das relações socioeconômicas que é imanente a esse sistema, tornando indispensável o provimento dos serviços de saúde pelo Estado.
The COVID-19 pandemic in Brazil has highlighted the importance of the Brazilian Unified National Health System (SUS) and the limitations of the country's prevailing health system, consisting of the public and private sectors, in the context of financialized capitalism in which typical instabilities and crises are structurally determined. The article discusses the Brazilian health system under the aegis of financialized capitalism and during the COVID-19 pandemic. The article contends that financialization as a systemic pattern of wealth increases the process of commodification of socioeconomic relations which is inherent to this system, making the State's provision of health services indispensable.
La pandemia de COVID-19 en Brasil explicitó la importancia del Sistema Único de Salud (SUS) y las limitaciones del sistema de salud vigente en el país, compuesto por los sectores público y privado, en el contexto del capitalismo financiarizado, donde las inestabilidades y crisis típicas están determinadas estructuralmente. En ese sentido, el artículo discute el sistema de salud en Brasil bajo la égida del capitalismo financiarizado y a la luz de la pandemia de COVID-19. Se sostiene que la financiarización, como patrón sistémico de riqueza, potencia el proceso de cosificación de las relaciones socioeconómicas que es inmanente a este sistema, convirtiendo en indispensable la provisión de los servicios de salud por parte del Estado.