RÉSUMÉ
O autor, dentro do referencial teórico da Psicologia Simbólica Junguiana, estuda a relação da Arte com a Psicopatologia e situa o sadomasoquismo como a defesa central dos relacionamentos humanos. Postula a sua formação através da fixação das identificações parentais, que inclui o vínculo entre mãe e pai e as reações do Ego a eles. Esta fixação envolve a interação da função estruturante do amor (afeto e agressividade) com a função estruturante do poder (obediência e comando). O autor ilustra estes conceitos na vida e na obra de Franz Kafka, descrevendo a identificação do seu Ego na Consciência dominantemente com o afeto delicado, sensível e introvertido do seu complexo materno positivo, e do seu Ego na Sombra com a passividade covarde e masoquista do seu complexo materno negativo. Descreve também a identificação do Outro na Consciência dominantemente com a exuberância vital, a produtividade e a dedicação ao trabalho e à família do seu complexo paterno positivo e do seu Outro na Sombra com a agressividade egocêntrica, sádica, prepotente e extrovertida do seu complexo paterno negativo. A resultante desta grave fixação foi uma relação sadomasoquista da polaridade Ego-Outro na sua personalidade, claramente expressa na sua famosa Carta ao Pai e na maior parte de sua obra, inclusive na sua ordem para que fosse destruída junto com seus diários. Byington conclui mencionando alguns aspectos da relação entre Arte e Psicopatologia e postula que o Arquétipo Central abrange os complexos fixados do sistema defensivo da Sombra, mas busca ultrapassá-los na autorrealização criativa do Processo de Individuação. No caso de Kafka, isto não aconteceu no Self Individual, mas realizou-se vigorosamente através da imagem arquetípica da ressurreição no Self Cultural. ■
Within the conceptual framework of Jungian Symbolic Psychology, the author studies the relationship between Art and Psychopathology and considers sadomasochism to be the defensive core of all psychological relationships. He postulates its formation mainly through the fixation of the Ego-Other polarity in the primary negative parental identifications, including the meaning of the relationship between father and mother and the reactions of the ego towards them. This fixation involves the interaction between the structuring function of love (affection and aggression) and that of power (obedience and control). The author illustrates these concepts in the life and work of Franz Kafka, describing his ego's identification in consciousness predominantly with the gentle, affectionate and sensitive introversion of his positive mother complex and of his ego in the shadow with the masochistic cowardly passivity of his negative mother complex. He also describes the identification of the other in consciousness predominantly with the vital exuberance, the productivity and the dedication to work and to the family of his positive father complex, and of the other in the shadow dominantly with sadistic egocentric and aggressive extroversion of his negative father complex. The result of this severe fixation was a sadomasochist relationship of the ego-other polarity in his personality expressed clearly in the famous letter to his father and in most of his work, including his wish to destroy it. Byington concludes by mentioning some aspects of the relationship between art and psychopathology and postulates that the Central Archetype encompasses the fixated complexes of the shadow's defensive system, and tries to go beyond them in the creative self-realization of the individuation process. In the case of Kafka, this could not occur in the individual Self, but was realized through the archetypal image of resurrection in the cultural Self. ■
El autor, dentro del referencial teórico de la Psicología Simbólica Junguiana, estudia la relación del Arte con la Psicopatología y sitúa el sadomasoquismo como la defensa central de las relaciones humanas. Postula su formación a través de la fijación de las identificaciones parentales, que incluye el vínculo entre madre y padre y las reacciones del Ego a ellos. Esta fijación implica la interacción de la función estructurante del amor (afecto y agresividad) con la función estructurante del poder (obediencia y mando). El autor ilustra estos conceptos en la vida y obra de Franz Kafka, describiendo la identificación de su Ego en la Conciencia dominante con el afecto delicado, sensible e introvertido de su complejo materno positivo, y de su Ego en la Sombra con la pasividad cobarde y masoquista su complejo materno negativo. Describe también la identificación del Otro en la Conciencia dominante con la exuberancia vital, la productividad y la dedicación al trabajo y a la familia de su complejo paterno positivo y de su Otro en la Sombra con la agresividad egocéntrica, sádica, prepotente y extrovertida de su complejo paterno negativo. La resultante de esta grave fijación fue una relación sadomasoquista de la polaridad Ego-Otro en su personalidad, claramente expresada en su famosa Carta al Padre y en la mayor parte de su obra, incluso en su orden para que fuera destruida junto con sus diarios. Byington concluye mencionando algunos aspectos de la relación entre Arte y Psicopatología y postula que el Arquetipo Central abarca los complejos fijados del sistema defensivo de la Sombra, pero busca sobrepasarlos en la autorrealización creativa del Proceso de Individuación. En el caso de Kafka, esto no sucedió en el Self Individual, pero se realizó vigorosamente a través de la imagen arquetípica de la resurrección en el Self Cultural. ■
RÉSUMÉ
Iniciando por uma sistematização em três áreas (sintomática, metapsicológica e sociológica) do conceito de patologias atuais, o texto questiona: as denominadas patologias atuais seriam prerrogativas da contemporaneidade? Mostrando que esses mesmos quadros nosológicos estiveram presentes em outras épocas da história da humanidade, o autor propõe que a atualidade pode ser atribuída à psicanálise que, ao longo de sua existência, passou por acréscimos teóricos e técnicos que permitiram o acesso às áreas de não representação da mente humana. Procura mostrar ainda que, embora se esteja habituado a pensar esses desenvolvimentos da psicanálise ligados predominantemente a autores pós freudianos tais como Melanie Klein, Bion e Winnicott, para citar os mais conhecidos, considera que podemos encontrar também na obra de Freud delineamentos dessas zonas psíquicas "aquém" da representação. Assim, neste trabalho, antes de abordar algumas transformações da psicanálise que a colocam em uma sintonia maior com a atualidade, o autor procurará evidenciar alguns pressupostos teóricos e técnicos da obra freudiana, que, em sua opinião, contribuíram para o estágio atual da psicanálise.
Comenzando por una sistematización en tres áreas (sintomática, metapsicológica y sociológica) del concepto de patologías actuales, el texto cuestiona: ¿las denominadas patologías actuales serían prerrogativas de la contemporaneidad? Mostrando que esos mismos cuadros nosológicos estuvieron presentes en otras épocas de la historia de la humanidad, el autor propone que la actualidad podría atribuirse al psicoanálisis que, a lo largo de su existencia, ha pasado por incrementos teóricos y técnicos que han permitido el acceso a áreas de no representación de la mente humana. Y aunque estemos acostumbrados a pensar acerca de esos desarrollos del psicoanálisis vinculados predominantemente a autores post freudianos tales como Melanie Klein, Bion y Winnicott, para atenernos a los más conocidos, el autor considera que podemos encontrar también en la obra de Freud delineamientos de esas zonas psíquicas por "debajo" de la representación. Así, en este trabajo, antes de enfocar algunas transformaciones del psicoanálisis que lo sitúan en mayor sintonía con la actualidad, el autor tratará de mostrar algunos supuestos teóricos y técnicos de la obra freudiana, que, en su opinión, han contribuido para el actual estadio del psicoanálisis.
The text questions whether the so-called "current diseases" are a prerogative of contemporaneity, beginning by systemizing the concept of current diseases in three areas (symptomatic, metapsychological and sociological). Showing that the same nosologic sets of symptoms have been present at other times in the history of humankind, the author proposes that contemporaneity could be attributed to psychoanalysis, which, throughout its existence, has undergone theoretical and technical additions that allowed access to areas of non-representation in the human mind. The author also shows that, although we are used to thinking of such developments in psychoanalysis as mostly being connected to post-Freudian authors, such as Melanie Klein, Bion and Winnicott, to mention only the most distinct, the author believes that we may also find, in Freuds work, sketches of those psychic zones which are short of representation. Therefore, in this paper, before approaching some transformations of psychoanalysis which make it more attuned with current times, the author will try to demonstrate some theoretical and technical assumptions from Freuds work which, in his opinion, contributed to the current stage of psychoanalysis.