RÉSUMÉ
Discutem-se os fenômenos de imitação neonatal e de imitação recíproca mãe e bebê para a promoção de sintonia em relação ao senso de self em desenvolvimento e à vivência de pertencimento do bebê. Formulam-se vínculos com o conceito psicanalítico de identificação primária, bem como com as teorias psicanalíticas de espelhamento, imitação e identificação introjetiva. Propõe-se que essa imitação evolutiva [developmental imitation] pressupõe o equilíbrio entre a posição do bebê real e a de suposto ocupante interno da mãe. Considera-se que esse equilíbrio forneça o alicerce para a identificação projetiva e a assimilação da experiência, conduzindo ao enriquecimento do senso de identidade. Em contraposição, pode ocorrer a identificação adesiva ou a identificação projetiva na imitação que envolve mimetização. Ilustram-se essas hipóteses com material proveniente de observações de bebê e do tratamento de duas crianças do espectro autístico.
The phenomena of neonatal imitation and of mutual imitation by mother and baby in the service of attunement are discussed in relation to the infant's developing sense of self and experience of belonging. Links are proposed to the psychoanalytic concept of primary identification, as well as to psychoanalytic theories of mirroring, imitation and introjective identification. It is suggested that developmental imitation presupposes a balance between the position of the actual baby and that of the mother's supposed internal occupant. This balance is seen as underlying introjective identification and the assimilation of experience, leading to an enriched sense of identity. In contrast, in the kind of imitation involving mimicry, adhesive or projective identification may be operative. These hypotheses are illustrated with material from infant observation and from the treatment of two children on the autistic spectrum.
Se discuten los fenómenos de imitación neonatal y de imitación recíproca madre y bebé para promover la sintonía en relación al sentido del self en el desarrollo y la vivencia de pertenencia del bebé. Se formulan vínculos con el concepto psicoanalítico de identificación primaria, así como con las teorías psicoanalíticas de reflejo, imitación e identificación introyectiva. Se propone que esta imitación evolutiva [developmental imitation] presupone el equilibrio entre la posición del bebé real y la de supuesto ocupante interno de la madre. Se considera que este equilibrio ofrece la base para la identificación proyectiva y la asimilación de la experiencia, llevando al enriquecimiento del sentido de identidad. En contrapartida, puede ocurrir la identificación adhesiva o la identificación proyectiva en la imitación que involucra la mimetización. Se ilustran estas hipótesis con material proveniente de observaciones de bebé y del tratamiento de dos niños del espectro autístico.
RÉSUMÉ
Neste trabalho, discutimos a construção da masculinidade com base na articulação entre os estudos de gênero e a leitura psicanalítica, abordagens teóricas que se afastam dos pressupostos essencialistas e enfatizam o caráter dinâmico e contingencial do masculino. Iniciamos com uma breve apresentação da posição de Judith Butler sobre gênero, e discutimos, a seguir, a abordagem psicanalítica da masculinidade representada pela pesquisa seminal de Robert Stoller e Greenson assim como pelos trabalhos de Diamond, cuja proposta teórica possibilita uma aproximação com estudos de gênero. Diamond aponta para a inevitabilidade das duplas identificações na identidade de gênero, opondo-se, portanto, à exigência da desidentificação primária defendida por Greenson, e abrindo, assim, a possibilidade de uma constituição subjetiva plural e fluida, posição semelhante aquela dos teóricos de gênero.
This article focuses on the construction of masculinity based on the articulation between gender studies and psychoanalysis, theoretical approaches which refute essentialist assumptions and emphasize the dynamic and contingent nature of masculinity. Starting with a brief presentation of Judith Butlers concept of gender, it discusses the psychoanalytic view of masculinity represented by Stollers and Greensons seminal research, as well as by Diamonds studies, whose theoretical perspective allows a connection with gender studies. Diamond acknowledges the inevitability of double identifications in the development of gender identity, and denies the need for primary deidentification suggested by Greenson, thus pointing out the possibility of a plural and fluid process of psychic construction, a theoretical approach similar to gender theories.
En este trabajo discutimos la construcción de la masculinidad a partir de la articulación entre los estudios de género y la lectura psicoanalítica, abordajes teóricas que se alejan de los presupuestos esencialistas y enfatizan el carácter dinámico y contingencial de lo masculino. Iniciamos con una breve presentación de la posición de Judith Butler sobre género, y discutimos, a continuación, el abordaje psicoanalítico de la masculinidad representada por la investigación seminal de Robert Stoller y Greenson, así como por los trabajos de Diamond, cuya propuesta teórica posibilita una aproximación con estudios de género. Diamond apunta para lo inevitable de las dobles identificaciones en la identidad de género oponiéndose, por lo tanto, a la exigencia de la desidentificación primaria defendida por Greenson, y abriendo, así, la posibilidad de una constitución subjetiva plural y fluida, posición semejante a aquella de los teóricos de género.
Sujet(s)
Masculinité , Identité de genre , PsychanalyseRÉSUMÉ
Iniciando por uma sistematização em três áreas (sintomática, metapsicológica e sociológica) do conceito de patologias atuais, o texto questiona: as denominadas patologias atuais seriam prerrogativas da contemporaneidade? Mostrando que esses mesmos quadros nosológicos estiveram presentes em outras épocas da história da humanidade, o autor propõe que a atualidade pode ser atribuída à psicanálise que, ao longo de sua existência, passou por acréscimos teóricos e técnicos que permitiram o acesso às áreas de não representação da mente humana. Procura mostrar ainda que, embora se esteja habituado a pensar esses desenvolvimentos da psicanálise ligados predominantemente a autores pós freudianos tais como Melanie Klein, Bion e Winnicott, para citar os mais conhecidos, considera que podemos encontrar também na obra de Freud delineamentos dessas zonas psíquicas "aquém" da representação. Assim, neste trabalho, antes de abordar algumas transformações da psicanálise que a colocam em uma sintonia maior com a atualidade, o autor procurará evidenciar alguns pressupostos teóricos e técnicos da obra freudiana, que, em sua opinião, contribuíram para o estágio atual da psicanálise.
Comenzando por una sistematización en tres áreas (sintomática, metapsicológica y sociológica) del concepto de patologías actuales, el texto cuestiona: ¿las denominadas patologías actuales serían prerrogativas de la contemporaneidad? Mostrando que esos mismos cuadros nosológicos estuvieron presentes en otras épocas de la historia de la humanidad, el autor propone que la actualidad podría atribuirse al psicoanálisis que, a lo largo de su existencia, ha pasado por incrementos teóricos y técnicos que han permitido el acceso a áreas de no representación de la mente humana. Y aunque estemos acostumbrados a pensar acerca de esos desarrollos del psicoanálisis vinculados predominantemente a autores post freudianos tales como Melanie Klein, Bion y Winnicott, para atenernos a los más conocidos, el autor considera que podemos encontrar también en la obra de Freud delineamientos de esas zonas psíquicas por "debajo" de la representación. Así, en este trabajo, antes de enfocar algunas transformaciones del psicoanálisis que lo sitúan en mayor sintonía con la actualidad, el autor tratará de mostrar algunos supuestos teóricos y técnicos de la obra freudiana, que, en su opinión, han contribuido para el actual estadio del psicoanálisis.
The text questions whether the so-called "current diseases" are a prerogative of contemporaneity, beginning by systemizing the concept of current diseases in three areas (symptomatic, metapsychological and sociological). Showing that the same nosologic sets of symptoms have been present at other times in the history of humankind, the author proposes that contemporaneity could be attributed to psychoanalysis, which, throughout its existence, has undergone theoretical and technical additions that allowed access to areas of non-representation in the human mind. The author also shows that, although we are used to thinking of such developments in psychoanalysis as mostly being connected to post-Freudian authors, such as Melanie Klein, Bion and Winnicott, to mention only the most distinct, the author believes that we may also find, in Freuds work, sketches of those psychic zones which are short of representation. Therefore, in this paper, before approaching some transformations of psychoanalysis which make it more attuned with current times, the author will try to demonstrate some theoretical and technical assumptions from Freuds work which, in his opinion, contributed to the current stage of psychoanalysis.