RÉSUMÉ
OBJETIVO: Avaliar a coexistência da talassemia alfa (a-Tal) e sua interferência no curso clínico dos pacientes com Doença Falciforme no Hemocentro Regional de Montes Claros-MG. Metodologia: Estudo transversal analítico, com amostra aleatorizada, na qual foram incluídos pacientes triados pelo Programa Estadual de Triagem Neonatal de Minas Gerais e encaminhadas ao Hemocentro Regional de Montes Claros, com perfil eletroforético compatível com anemia falciforme, nascidos no período entre 26/01/2000 e 13/05/2014. Os dados clínicos dos pacientes foram coletados nos prontuários médicos do Ambulatório do Hemocentro Regional de Montes Claros. A genotipagem de a-Tal foi realizada por PCR multiplex (alelos: -a3.7; -a4.2; --SEA; --FIL; --MED; -(a) 20.5 e --THAI) no Serviço de Pesquisa Serviço de Pesquisa da Fundação Hemominas. Os dados foram analisados em teste estatísticos qui-quadrado em Software SPSS versão 16.0. Resultados: Foram estudados 50 pacientes, sendo 25 (50%) do sexo masculino e 25 (50%) do sexo feminino. A idade dos pacientes variou de 9 meses a 15 anos de idade. A prevalência da a-Tal foi de 30%. Não houve associação estatística significativa entre a presença de a-Tal e infecção, internação, crises álgicas, sequestro esplênico, esplenectomia, transfusão sanguínea e Acidente Vascular Cerebral (AVC). No entanto, a frequência de crises álgicas, esplenectomia e AVC foi menor nos pacientes que apresentavam coexistência da a-Tal. Conclusões: A prevalência de a-Tal em indivíduos com anemia falciforme no nosso estudo foi 30%. Algumas manifestações graves da AF ocorreram de forma menos frequente nos pacientes com a interação da a-Tal/anemia falciforme. (AU)
Objective: To evaluate the coexistence of alpha thalassemia (a-Tal) and its interference in the clinical course of patients with sickle cell disease at Hemocentro Regional de Montes Claros-MG. Methodology: This is a cross-sectional, analytical study with a randomized sample carried out with patients screened by the State Neonatal Screening Program of Minas Gerais and referred to the Hemocentro Regional de Montes Claros with an electrophoretic profile compatible with sickle cell anemia, born between 01.26.2000 and 05.13.2014. The clinical data of the patients were collected in the medical records of the Outpatient Clinic of the Hemocentro Regional de Montes Claros. The a-Tal genotyping was performed by multiplex PCR (alleles: -a3.7; -a4.2; --SEA; --FIL; --MED; - (a) 20.5 and --THAI) in the Research Service Fundação Hemominas. The data were analyzed in chi-square statistical test in SPSS Software version 16.0. Results: Fifty patients were studied, 25 (50%) were male, and 25 (50%) were female. Patients´ ages ranged from 9 months to 15 years old. The prevalence of a-Tal was 30%. There was no significant statistical association between the presence of a-Tal and infection, hospitalization, painful crises, splenic sequestration, splenectomy, blood transfusion and cerebrovascular accident (CVA). However, the frequency of painful seizures, splenectomy and CVA was lower in patients with a-Tal coexistence. Conclusions: The prevalence of a-Tal in individuals with sickle cell anemia in our study was 30%. Some severe manifestations of SCA occurred less frequently in patients with a-Tal/sickle cell anemia interaction. (AU)
Sujet(s)
Humains , Mâle , Femelle , Nourrisson , Enfant d'âge préscolaire , Enfant , Adolescent , alpha-Thalassémie , Thalassémie , Accident vasculaire cérébral , Index érythrocytaires , Service D'hémothérapie , DrépanocytoseRÉSUMÉ
A anemia falciforme, doença hereditária causada por uma mutação no gene da globina beta, produz uma diversidade de expressões fenotípicas nos indivíduos acometidos. O quadro clínico é bastante heterogêneo e varia muito entre indivíduos. O nível de Hb F, o genótipo de talassemia alfa, o haplótipo do agrupamento de genes da globina beta, a idade, o gênero e fatores ambientais são modificadores importantes do quadro clínico da doença. Esta revisão concentra-se nos efeitos da talassemia alfa nas manifestações clínicas e laboratoriais da anemia falciforme. A coexistência da talassemia alfa modifica características laboratoriais da anemia falciforme, bem como a freqüência de manifestações clínicas e, até mesmo, a sobrevida dos indivíduos. Entretanto, sua simples presença ou ausência não permite prever, isoladamente, o quadro clínico dos pacientes. Daí surge a necessidade de estudar outros fatores moduladores que possam ser utilizados em conjunto para definir subfenótipos da doença e, assim, serem utilizados como ferramenta clínica no acompanhamento dos pacientes.
Sickle cell anemia, a hereditary disease caused by a single mutation in the beta globin gene produces a diversity of phenotypic expression in affected individuals. The clinical features are heterogeneous and are remarkably variable in different patients. Hb F concentration, alpha-thalassemia genotype, beta-globin gene cluster haplotype, age, gender and environmental factors are important modifiers of the disease. This review focuses on the effect of alpha-thalassemia genotype on the clinical and laboratorial manifestations of sickle cell anemia. Coexistence of alpha-thalassemia modifies laboratory features of sickle cell anemia, as well as the frequency of clinical manifestations and even the survival of patients. However, the coinheritance of alpha-thalassemia does not predict, alone, the clinical profile of patients with sickle cell anemia. Hence the need to study other modulating factors that may be used together in order to define subphenotypes of the disease and to use them as clinical tools in patients? follow-up.
RÉSUMÉ
The aim of the present work was to examine possible genetic risk factors related to the occurrence of cerebrovascular disease (CVD) in Brazilian population, the frequency of βS-globin gene haplotypes and co-inheritance with α-thalassemia (-α3.7kb) and single nucleotide polymorphism of methylenetetrahydrofolate reductase (MTHFR-C677T), Factor V Leiden (FV-G1691A) and prothrombin (PT-G20210A) genes in children from Rio de Janeiro. Ninety four children with sickle cell anemia (SCA) were included, 24 patients with cerebrovascular involvement and 70 patients without CVD as control group. The mean age of children at the time of the cerebrovascular event was similar to the control group. The frequency of -α3.7kb thalassemia was similar in both groups (p=0.751). Children with Bantu/Atypical βS-globin gene haplotype presented 15 times more chance (OR=15.4 CI 95 percent 2.9-81.6) of CVD than the other βS-globin gene haplotypes. The C677T polymorphism of MTHFR gene was similar in both groups (p=0.085). No mutation in the FV Leiden or PT genes was found. A large study seems necessary to establish the role of these genetic polymorphisms in Brazilian miscegenated population.
Avaliar o papel da talassemia alfa (-α3.7kb), dos haplótipos da globina βS, e mutações nos genes da metileno-tetrahidrofolato redutase (MTHFR-C677T), fator V de Leiden (FV-G1691A) e protrombina (PT-G20210A) como fatores de risco para a doença cerebrovascular em pacientes com anemia falciforme. Foi realizado um estudo de caso controle com 94 crianças portadoras de anemia falciforme, 24 com doença cerebrovascular (DCV) e 70 sem DCV como grupo controle. A frequência de talassemia -α3.7kb foi semelhante em ambos os grupos (p=0,751). Crianças portadoras do haplótipo Bantu/Atípico da globina βS apresentam 15 vezes mais chances de desenvolverem DCV (OR=15,4 IC 95 por cento 2,9-81,6) do que os outros haplótipos. A frequência do polimorfismo MTHFR-C677T foi semelhante em ambos os grupos (p=0,085) e não foi observada mutação nos genes fator V e protrombina. Estudos com maior número de casos são necessários para esclarecer o papel desses polimorfismos genéticos na nossa população.
Sujet(s)
Adolescent , Enfant , Enfant d'âge préscolaire , Femelle , Humains , Mâle , Drépanocytose/génétique , Angiopathies intracrâniennes/génétique , Proaccélérine/génétique , /génétique , Polymorphisme de nucléotide simple/génétique , Prothrombine/génétique , Drépanocytose/complications , Études cas-témoins , Prédisposition génétique à une maladie , Génotype , Facteurs de risqueRÉSUMÉ
Introdução: Talassemia alfa é uma síndrome associada à redução da síntese de cadeias de globina do tipo alfa. A gravidade das manifestações clínicas está relacionada com a quantidade de globinas produzida e a estabilidade das cadeias beta presentes em excesso. A talassemia alfa mínima resulta da deleção de apenas um dos quatro genes a (-α/αα). Clinicamente apresenta anemia leve com microcitose ou ausência de anemia, sendo o diagnóstico realizado por meio de visualização da hemoglobina (Hb) H por eletroforese alcalina em acetato de celulose ou por identificação de inclusões celulares de Hb H coradas pelo azul de crezil brilhante. Objetivo: Avaliar portadores de talassemia alfa e seus respectivos progenitores, correlacionando perfil hematológico e presença de Hb H, utilizando procedimentos laboratoriais clássicos em três diferentes amostragens. Discussão e conclusão: Os dados obtidos mostram que a presença de Hb H, indicativo de talassemia alfa, pode não ser confirmada em uma análise posterior. Entre os fatores que podem influenciar no não aparecimento de Hb H em pessoa comprovadamente com talassemia alfa está a deficiência de ferro. A talassemia alfa está associada a defeitos envolvendo os genes codificadores da cadeia alfa, mas também pode estar relacionada com desbalanciamento temporário na expressão dos genes globina, diminuição de alfa ou aumento de beta, o que poderia explicar o aparecimento de tetrâmeros de cadeia beta (Hb H), sugerindo diagnóstico de talassemia alfa mínima.
Introduction: Alpha thalassemia is a syndrome with associated with the reduction of alpha globin chain synthesis. The severity of clinical manifestations is related to the amount of globins produced and the stability of beta chains that are present in excess. Alpha thalassemia minor is caused by the deletion of one of the four genes a (-α/αα). Clinically, it presents mild anemia with microcytosis or absence of anemia. The diagnosis is made by the visualization of Hb H through alkaline electrophoresis on cellulose acetate or by the identification of inclusion bodies stained with brilliant cresyl blue. Objective: Evaluate alpha thalassemia carriers and their respective progenitors, correlating their hematology profile and the presence of Hb H by means of standard laboratory procedures in three different samplings. Discussion and conclusion: The results show that the presence of Hb H, which is indicative of alpha thalassemia, may not be confirmed in a subsequent analysis. Iron deficiency in Hb H carriers is among the factors that may influence on the absence of Hb H in alpha thalassemia proven patients. Alpha thalassemia is associated with genetic defects involving alpha chain encoding genes, but may be also associated with a temporary imbalance of globin gene expression, alpha chain reduction or beta increase, which could explain the presence of beta chain tetramer (Hb H) leading to the diagnosis of alpha thalassemia minor.
Sujet(s)
Humains , Mâle , Femelle , Hémoglobine H , alpha-Thalassémie/diagnostic , alpha-Thalassémie/génétiqueRÉSUMÉ
Nas talassemias alfa, a HbH pode ser detectada, nos eritrócitos do sangue periférico como inclusões celulares quando coradas com azul crezil brillante. Este teste simples é útil para o diagnóstico de talassemia alfa, no entanto, a identificação dos corpos de inclusão de HbH é um processo laborioso e os resultados são altamente dependentes do observador. No intuito de melhorar a identificação das inclusões, foi testado um método alternativo para espalhar as amostras nas lâminas. Amostras de sangue foram espalhadas nas lâminas usando-se o método clássico e o método alternativo. O método alternativo permitiu uma melhor identificação das inclusões de HbH do que o método clássico. Nossos resultados mostraram que o método alternativo é uma opção útil para a pesquisa dos corpúsculos de inclusão de HbH naquelas amostras onde o método clássico não o permite.