RÉSUMÉ
Introdução: A trombectomia microcirúrgica (TM) é usada há muitos anos em casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e não há descrição detalhada da técnica sistematizada. Com a difusão de procedimentos de trombectomia endovascular é também esperado aumento de falha nesses procedimentos e a TM como procedimento de resgate tende a ser progressivamente mais demandada. Considerando a potencial demanda é crítico o desenvolvimento de planejamento cirúrgico sistematizado que permita a efetividade e celeridade do precedimento e, para isso, descrevemos a técnica microcirúrgica 2-1-2. Além disso, não existem estudos que demonstram o prognóstico funcional do indivíduo baseado no tipo de oclusão vascular encontrado durante a cirurgia, levando em consideração trombo convencional e placa de aterosclerose, e escala funcional para ser realizada com o indivíduo após o procedimento e avaliando de forma fiel a funcionalidade no dia a dia. Método: Foram avaliados oito indivíduos admitidos em pronto-atendimento com quadro de AVC isquêmico extenso e não foi possível realizar ou teve falha na trombectomia por via endovascular. Eles foram encaminhados a TM 2-1-2 após a imagem mostrar colaterais cerebrais ao vaso acometido na angiotomografia de crânio e Alberta stroke program early CT score (ASPECTS) maiores que 6 pontos. O procedimento consistiu em duas punções com agulha hipodérmica, 4 mm, na artéria alvo, arteriotomia transversa com microtesoura de 1mm, retirada do trombo utilizando manobras de ordenha e 2 micro pontos simples. Os indivíduos foram acompanhados por 60 dias com exames físicos e de imagem. Os materiais oclusivos foram coletados e enviados ao setor de anatomia patológica para análise histopatológica. E, para avaliação funcional real, um novo instrumento chamado FOLLOW Scale foi desenvolvido para avaliar diversos aspectos funcionais de indivíduos pós AVC, permitindo que tanto os próprios pacientes quanto seus familiares e cuidadores monitorem a evolução funcional. Foi feita aplicação da escala para sua validação de face e conteúdo através da opinião de 51 indivíduos pós AVC, familiares/cuidadores e profissionais de diferentes áreas. Resultados: Todos os indivíduos tratados com a técnica TM 2-1-2 tiveram a remoção completa do trombo por meio de técnica precisa com controle dos movimentos manuais e do tempo cirúrgico. A angiotomografia de crânio evidenciou restabelecimento integral da circulação cerebrovascular com melhora clínica em 60 dias de seguimento sem complicações ou reinternações hospitalares. O trombo convencional, é de fácil remoção e não obstrui o vaso após o procedimento. Em relação a aparência externa, quando possui aspecto branco o resultado tendeu a ser pior quando comparado com o vaso que possui aparência externa arroxeada. E, a FOLLOW Scale é útil para mensurar a funcionalidade do indivíduo pós três meses do AVC, apresentando fácil entendimento por leigos e não leigos sem diferença estatisticamente significativa. Conclusões: A técnica TM 2-1-2 pode ser realizada de forma rápida e eficaz de forma sistematizada, oferecendo terapêutica terciária ou de resgate para o tratamento do AVC agudo. Foi observado que o trombo convencional possui fácil remoção, podendo levar a melhor prognóstico funcional. A escala FOLLOW é instrumento proposto para acompanhamento funcional longitudinal desses indivíduos e conta com a vantagem de poder ser aplicada por profissionais sem formação específica e ter sido submetida a validação piloto no presente estudo. Treinamento microcirúrgico específico é crítico para realizar esse tratamento e estudos maiores são necessários para confirmar os achados do presente estudo.
Introduction: Microsurgical thrombectomy (MT) has been used for many years in cases of stroke. There is no detailed description of the systematic technique. With the spread of endovascular thrombectomy procedures, an increase in failure in these procedures is also expected and MT as a rescue procedure tends to be progressively more demanded. Considering the potential demand, it is critical to develop a systematized surgical planning that allows the effectiveness and speed of the procedure, and, to this end, we describe the 2-1-2 microsurgical technique. Furthermore, there are no studies that demonstrate the individual's functional prognosis based on the type of vascular occlusion found during surgery, taking into account conventional thrombus and atherosclerosis plaque, and a functional scale to be carried out with the individual after the procedure and faithfully evaluating functionality on a daily basis. Method: Eight individuals admitted to emergency care with extensive ischemic stroke and not possible to perform or the failure of endovascular thrombectomy were evaluated. They were referred to TM 2-1-2 after the image showed cerebral collaterals to the affected vessel on cranial CT angiography and Alberta stroke program early CT score (ASPECTS) greater than 6 points. The procedure consisted of two punctures with a 4 mm hypodermic needle in the target artery, transverse 1mm arteriotomy with micro scissors, removal of the thrombus using milking maneuvers and 2 simple points. The individuals were followed for 60 days with physical and imaging exams. The occlusive materials were collected and sent to the pathological anatomy department for histopathological analysis. A new instrument called the FOLLOW Scale was developed to evaluate various functional aspects of post-stroke individuals, allowing both the patients themselves and their families and caregivers to monitor functional evolution. The scale was applied for face and content validation through the opinion of 51 post-stroke individuals, family members/caregivers and professionals from different areas. Results: All individuals treated with the TM 2-1-2 technique had complete thrombus removal using a precise technique with control of manual movements and surgical time. Skull tomography angiography showed full re-establishment of cerebrovascular circulation with clinical improvement in 60 days of follow-up without complications or hospital readmissions. The conventional thrombus is easy to remove and does not obstruct the vessel after the procedure. Regarding the external appearance, when it has a white appearance, the result tended to be worse when compared to the vessel that has a purplish external appearance. The FOLLOW Scale has face and content validity for measuring an individual's functionality three months after the stroke and is easy to understand by laypeople and non-laypeople with no statistically significant difference. Conclusions: The TM 2-1-2 technique can be performed quickly and effectively in a systematic way, offering tertiary or rescue therapy for the treatment of acute stroke. It was observed that conventional thrombus is easy to remove, which can lead to a better functional prognosis. The FOLLOW scale is an instrument proposed for longitudinal functional monitoring of these individuals and has the advantage of being able to be applied by professionals without specific training and had the initial validation in the present study. Specific microsurgical training is critical to perform this treatment and larger studies are needed to confirm the findings of the present study.
Sujet(s)
Humains , Thrombectomie , Embolectomie , Accident vasculaire cérébral , État fonctionnel , Microchirurgie , NeurochirurgieRÉSUMÉ
Introduction Although rare, arteriovenous fistula (AVF) is the most common vascular malformation of the spine, and it is mainly located in the thoracic region. The fistula is identified by arteriography, which enables the treatment by embolization or guides the microsurgical therapy. Clinical Presentation We describe the case of a 61-year-old woman with neurogenic claudication evolving to paraparesis. A dorsal intradural AVF was identified by magnetic resonance imaging (MRI) and arteriography, and it was submitted to an embolization, but the procedure was unsuccessful. The patient was then referred for neurosurgery, and the AVF was obliterated using a microsurgical technique guided by multimodal intraoperative monitoring. We identified the AVF in the intraoperative moment and we then cut and coagulated the extradural portion of the nerve root. Discussion Arteriovenous fistulas occur in the dura mater of the nerve roots with the arterialization of the venous plexus. The treatment prevents the progression of the deficits. While performing diagnostic arteriography, attempts of embolization are possible. Conclusion Although the initial attempt of embolization at the moment of the diagnostic arteriography is achievable, it has failure rates of 50%, unlike the surgical treatment, which is definitive in all cases, as reported in this article.
Introdução Apesar de raras, as fístulas arteriovenosas (FAV) são as malformações vasculares mais comuns na coluna, localizadas essencialmente na região torácica. A fístula é identificada por arteriografia, a qual permite o tratamento da embolização ou guia a terapia microcirúrgica. Apresentação Clínica Descrevemos o caso de uma mulher de 61 anos com claudicação neurogênica evoluindo para paraparesia. Uma FAV intradural dorsal foi identificada por meio de ressonância magnética (RM) e arteriografia, e foi submetida a uma embolização, mas o procedimento não obteve sucesso. A paciente foi então encaminhada para tratamento neurocirúrgico, e a FAV foi eliminada por técnica microcirúrgica guiada por monitoração multimodal intraoperatória. Identificamos a FAV durante o período intraoperatório, e em seguida cortamos e coagulamos a porção extradural da raiz do nervo. Discussão As AVFs ocorrem na dura-máter das raízes neurais com a arterialização do plexo venoso. O tratamento evita o progresso de déficits. Durante a arteriografia diagnóstica, tentativas de embolização são possíveis. Conclusão Apesar de a tentativa inicial de embolização durante a arteriografia ser possível, ela tem probabilidades de 50% de sucesso, enquanto o tratamento cirúrgico é definitivo em todos os casos, como relatado neste artigo.