RESUMO
O texto é resultado de uma reflexão sobre o desamparo humano. Para tanto, a autora retoma o caminho trilhado em sua dissertação de mestrado, que nos traz como resultado a criação de uma imagem que reflete a vida humana como uma dança composta por forças que atraem para o pólo do devir e de forças que atraem para o pólo do instituído. A vivência de desamparo surge sempre que o sujeito resiste a esta dança, temendo pela continuidade de sua existência. Diante desta necessidade humana de continuidade, a autora fala de duas formas que buscam garantir sua presença. A da continuidade-hábito, que buscaria o congelamento de posições, e a da continuidade-porto, que ofereceria a manutenção de um mínimo de próprio, suficiente para o continuar da existência. Uma reflexão feita sobre a experiência com o Tai-chi-chuan nos conta sobre o centro gravitacional do corpo humano, localizado três dedos abaixo do umbigo, ponto de conexão do homem com o universo. Uma vez conectado este ponto, a vivência de desamparo desaparece e o que fica é o sentimento de pertencimento, é a certeza de um continuum entre todos os seres que são experimentados, então, como dobras do Ser. É ainda esta vivência que permite ao ser humano habitar seu corpo e a ele se referir como eu corpo e não como meu corpo, fala que indicaria o rompimento do sujeito com o mundo