RESUMO
Objetivos: A frequência das otites médias agudas na criança (OMA) e os riscos de fracassos terapêuticos relacionados com a resistência das bactérias responsáveis aos ß-lactamatos, principalmente o S. pneumoniae, determinaram a pesquisa de tratamentos alternativos. A escolha de uma antibioticoterapia adequada repousa na atividade antimicrobiana, bem como nas características farmacocinéticas gerais e locais do antibiótico de escolha; neste estudo säo analisadas as propriedades da ceftriaxona. Farmacocinética: Deve-se ter em mente a cinética plasmática, muito especial, desta cefalosporina de 3ª geraçäo: meia-vida muito prolongada, fixaçäo às proteínas plasmáticas de forma dose-dependente, liberando o antibiótico de forma progressiva e subsequente distribuiçäo extravascular importante. Cinética da ceftriaxona no ouvido médio: Desde o modelo experimental no gerbo(*) até o estudo em Pediatria e no adulto, encontram-se na criança as mesmas características de difusäo no ouvido médio: concentraçöes elevadas (até 35mg/l) e persistentes (19mg/l até a 48ª hora). Interpretaçäo destes dados em termos de farmacodinâmica: Ela é fundamentada em dois parâmetros principais: o tempo acima da CIM(T>CIM), que é, em todos os casos, >24 horas e, portanto, de 100 porcento entre duas doses; os quocientes inibidores (QI) que säo estabelecidos, mesmo para as taxas tardias em 24h na criança, em QI=35 ou QI=8,75, conforme a CIM90 da ceftriaxona como sendo de 1mg/l para os pneumococos. Conclusäo: Entre os ß-lactamatos, a ceftriaxona ocupa um lugar privilegiado, poeque oferece um tempo de 100 porcento acima da CIM para os agentes bacterianos da OMA. Estes dados conferem a esta molécula aplicaçäo terapêutica no tratamento da OMA, uma indicaçäo atualmente aprovada