RESUMO
A resistência vascular pulmonar elevada, que ocorre na fase final das miocardiopatias, tem sido um dos maiores obstáculos para a realizaçäo do transplante cardíaco ortotópico pelo risco de falência precoce do ventrículo direito do órgäo transplantado. A aplicaçäo clínica do transplantado cardíaco heterotópico, com início na era pré-ciclosporina, ampliou a possibilidade dos transplantes cardíacos nesse grupo de pacientes. Dentre outras indicaçöes desse procedimentos, podemos citar sua utilizaçäo nasisfunçöes ventriculares potencialmente reversíveis e em casos de desproporçäo de tamanho entre o doador e o receptor. Nossa experiência clínica com o transplante cardíaco heterotópico teve início em Outubro de 1992, e consiste de três pacientes com miocardiopatia em fase final e com resistência vascular pulmonar fixa elevada. O primeiro paciente teve indicaçao de transplante heterotópico reforçada pelo encontro de um doador de tamanho inferior. Utilizamos uma inovaçäo tácnica original em um dos paciets, permitindo a anastomose entre as artérias pulmonares sem emprego de tubo protético. Houve um óbito precoce e um óbito tardio após um retransplante heterotópico. Um deles está em perfeitas condiçöes clínicas, praticando esportes regularmente. O transplante cardíaco heterotópico pode ser considerado alternativa terapêutica em portadores de cardiopatia em fase terminal com resistência vascular pulmonar elevada, especialmente naqueles com boa funçäo ventricular direita.