Isquemia do segmento anterior do olho após desinserção de dois músculos retos, em caso de fístula carótido-cavernosa tratada / Anterior segment ischemia after desinsertion of two rectus muscles in a case of carotid cavernous fistula

Objetivo: ressaltar a importância do estudo da circulação carotídea, em candidatos à cirurgia de estrabismo, que apresentam fatores de risco para a ocorrência de alterações isquêmicas oculares. Local: Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo. Paciente e métodos: um paciente do sexo masculino, com 52 anos, branco, apresentando fistula carótido-cavernosa direta, esquerda, traumática, tratada por tamponamento com 2 balões destacáveis, foi submetido à cirurgia de transposição aumentada dos retos verticais para o reto lateral - cirurgia de Foster. Resultados: vinte e quatro horas após a cirurgia observaram-se alterações típicas de isquemia do segmento anterior do olho (ISA), com redução da acuidade visual, edema corneano, e dispersão pigmentária no segmento anterior. Após tratamento com corticosteróide sistêmico e tópico mais ciloplegia, resultou como seqüela um quadro de atrofia do estroma e do epitélio pigmentário da íris, bem definido nos setores súpero-temporal e ínfero-temporal. O resultado funcional da cirurgia foi bom. Conclusão: fazendo uma correlação etiopatogênica da ISA com a síndrome ocular isquêmica, os autores alertam para a necessidade do estudo da circulação carotídea e, se possível, do território da artéria oftálmica, pelos modernos métodos não invasivos, em todo candidato à cirurgia sobre os músculos retos oculares, quando houver fatores de risco para a ocorrência de problemas circulatórios, inclusive idade avançada.

Recuperação tardia de fístulas antiglaucomatosas pelo agulhamento episcleral associado à injeção subconjuntival de mitomicina / Late episcleral needling with adjunctive mitomicin-c for failed filtering blebs

Determinar a eficácia e a segurança do agulhamento episcleral, associado à injeção subconjuntival de mitomicina, na recuperação de fístulas no pós-operatório tardio de trabeculectomias. Local: Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes - Universidade Federal do Espírito Santo. Métodos: Em trabalho prospectivo, foram tratados 61 olhos de 46 pacientes, com fístulas falidas, através do agulhamento episcleral associado à injeção subconjuntival de 5 a 10µg de mitomicina C, na borda posterior do retalho escleral. Foram tratados olhos com Po > 16mmHg, com medicação. Foi considerado sucesso a obtenção de níveis de Po < 15mmHg com ou sem medicação. Resultados: Sucesso foi obtido em 51 olhos (83,61 porcento), 39 (63,93 porcento) sem medicação e 12 (19,68 porcento) com medicação, sendo seis (9,84 porcento) com uma droga antiglaucomatosa e seis com duas drogas. Insucesso ocorreu em dez olhos (16,39 porcento). A Po média inicial, de 25,23 ± 7,72mmHg (variação de 16 a 45mmHg), antes do tratamento, caiu para 12,83 ± 6,52mmHg (variação de 6 a 40mmHg) no último controle. O número médio de drogas antiglaucomatosas tópicas antes do agulhamento, que era de 1,33 ± 1,03 (variação de zero a quatro), foi reduzido para 0,35 ± 0,69 (variação de zero a dois) após o mesmo. A acetazolamida, que era utilizada por nove pacientes, foi suspensa por todos. Quarenta e nove olhos foram submetidos a um agulhamento e 12 olhos a dois. No grupo de sucesso, o tempo de seguimento após o último agulhamento variou de seis a 24 meses, média de 11,30 ± 3,72 meses. Seis olhos tiveram hipotonia ocular duradoura após o agulhamento, sendo que quatro deles necessitaram de intervenção para sua correção. Conclusão: O agulhamento episcleral tardio, associado à injeção subconjuntival de mitomicina, mostrou-se eficaz e relativamente seguro na redução da Po em olhos com fístulas falidas, sendo muito mais simples e de custos muito menores que qualquer outro método cirúrgico.