RESUMO
A hipertensäo arterial é complicaçäo das glomerulonefrites crônicas e considerada como fator de risco independente para progressäo da doença renal. Foi avaliado a prevalência da hipertensäo arterial em portadores de glomerulonefrite primária com funçäo renal relativamente preservada e a sua influência na progressäo da doença em nosso meio. Foram avaliados, retrospectivamente, 55 pacientes adultos e a prevalência de hipertensäo arterial foi 23,6 por cento. As características clínicas e a evoluçäo dos pacientes foram analisadas de acordo com a presença ou näo de hipertensäo arterial no início da doença. A idade média, o sexo, a raça, a média do peso corporal, assim como a creatinina e a albumina sérica, a proteinúria de 24 horas e o tempo de seguimento foram semelhantes entre os pacientes normotensos e hipertensos na ocasiäo da biópsia renal. A lesäo histológica renal que mais frequentemente se associou a hipertensäo arterial foi a glomerulonefrite membrano-proliferativa (44,4 por cento). Após 40,2 ñ 17,3 meses os pacientes hipertensos no início da doença apresentaram creatinina sérica significativamente maior que os pacientes inicialmente normotensos (1,5 ñ 1,7 versus 3,8 ñ 5,6 mg/dl, P<0,05); 38,5 por cento dos hipertensos apresentaram diminuiçäo da funçäo renal, enquanto somente 28 por cento dos normotensos o fizeram; também a percentagem de pacientes que evoluíram para insuficiência renal terminal neste período foi maior, embora estes últimos näo tenham alcançado significância estatística. Estes dados sugerem que na populaçäo estudada de pacientes com glomerulonefrite primária a hipertensäo arterial influi negativamente na evoluçäo da doença renal.