RESUMO
Conhecido como 'era da sciencia', o final do século XIX representa o momento triunfal de uma certa modernidade que não podia esperar. Civilização, progresso, velocidade e rapidez convertiam-se em lemas de homens que não acreditavam em barreiras e freios. A guinada do século foi percebida, portanto, como hora propícia para mapear o presente e prever o futuro, que prometia novidades e invenções. Apesar do fantasma da guerra e do conflito, os avanços da técnica traziam confiança e a utopia maior do domínio sobre a natureza e seus homens. Mas se o progresso era motivo de devoção, suas ambigüidades estavam também presentes e assustavam. A mesma luz elétrica que simbolizava os novos tempos e tirava as cidades da escuridão, gerava acidentes e choques por vezes fatais. De vez em quando os veículos que cruzavam a terra e os ares falhavam, revelando falácias de umas tantas invenções. Além disso, o cometa Biela insistia em passar, para delírio de alguns e temor de outros, que o consideravam portador de maus presságios. O momento, assim, estava mais para o sonho do que para a desilusão, e é dessa maneira que o Brasil entra no novo século: confiante nas verdades absolutas, nas certezas fáceis e nos prognósticos que anunciavam o controle e a evolução de toda a humanidade rumo a um só destino. Entre projetos higienistas, estradas de ferro e modelos de novas urbes, vive-se a euforia das invenções _ mas também a insegurança dos novos tempos, com perspectiva de um quadro econômico duvidoso, desaconselhando previsões absolutamente otimistas. Entre as duas faces, fiquemos com ambas.