RESUMO
Objetivo: Análise da detecção pré-natal de cardiopatias congênitas com a ecocardiografia fetal, dos fatores de risco associados e da evolução intra-uterina e neonatal. Métodos: Análise retrospectiva de 1.583 exames de ecocardiografia fetal realizados em 1.546 fetos. Os diagnósticos obtidos intra-uterino foram confirmados após o nascimento, seja por ecocardiograma ou por necropsia. As cardiopatias foram classificadas segundo o estudo da análise sequencial. Foram avaliadas, também, a presença de fatores de risco para cardiopatias congênitas e a evolução dessas malformações, sendo calculada a ocorrência de óbitos intra-útero e no período neonatal para cada tipo de cardiopatia. Resultados: A idade gestacional foi em média de 28 semanas. Foram detectados 101 casos de cardiopatias congênitas nos 1.546 fetos estudados (6,5 por cento). As malformações mais frequentes foram defeito do septo atrioventricular (21,7 por cento), hipoplasia do coração esquerdo (15,8 por cento),dupla via de saída do ventrículo direito (9,9 por cento) e anomalias da válvula tricúspide(5,9 por cento). Em 46,5 por cento dos casos, não havia evidência de fator de risco para cardiopatia congênita, 19 fetos foram a óbito intra-uterino (18,8 por cento) e 33 no período neonatal (32,6 por cento). Conclusão: nesta amostra referênciada de gestações a ecocardiografia fetal detectou malformações cardíacas em 6,5 por cento, consideravelmente maior que a estimada para crianças nascidas vivas. As malformações diagnósticadas foram graves, complexas e com elevada mortalidade pré-natal e neonatal.