RESUMO
Objetivo: Investigar a relação entre o diagnóstico e tratamento da asma grave e o fenômeno da depressão nos pacientes em tratamento ambulatorial e avaliar se existe associação entre depressão e eventos de vida e que situações mais freqüentes se correlacionam aos aspectos depressivos. Métodos: O estudo foi caracterizado por uma entrevista clínica transversal ex post facto. Foram entrevistados 30 pacientes com o diagnóstico confirmado de asma grave, com idade de 18 a 70 anos, em tratamento no Serviço de Alergia e Imunologia do HCFMUSP e aplicados os seguintes instrumentos: entrevista psicológica semidirigida, Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO), Escala Classificatória de Readaptação Social e PRIMEMD. Resultados: Segundo a EDAO, 63,4 (per cent) dos pacientes apresentaram depressão, 20 (per cent) apresentaram depressão crônica e 36,6 depressão reativa). De acordo com o PRIME, 66,7 (per cent) apresentaram algum tipo de depressão. Dos pacientes que apresentaram depressão, 41 (per cent) referiram pelo menos um evento de vida estressante (os eventos mais referidos foram doença pessoal importante e alteração importante na saúde de familiar), e obtiveram maior pontuação de adaptação ineficaz moderada e ineficaz severa. Conclusão: A depressão está correlacionada à asma grave, principalmente como conseqüência do prejuízo na qualidade de vida ocasionado pela doença. Os pacientes que conseguiram adaptarse à condição crônica da asma grave, apresentando respostas mais eficazes no decorrer da vida, obtiveram menor índice de depressão. Podemos concluir que a asma afeta a qualidade de vida, causa grande prejuízo na produtividade e interfere no cotidiano do paciente. Estes dados enfatizam a importância do psicólogo na equipe que assiste aos pacientes com esta doença.