RESUMO
ABSTRACT BACKGROUND: Biliary atresia represents the most common surgically treatable cause of cholestasis in newborns. If not corrected, secondary biliary cirrhosis invariably results. OBJECTIVE: To evaluate, through multivariate analysis, the prognostic factors associated with the presence of biliary flow and survival with the native liver following Kasai portoenterostomy. METHODS: The study analyzed data from 117 biliary atresia patients who underwent portoenterostomy and had suitable histological material for evaluation. A logistic regression model was used to assess the presence of biliary flow. Survival was investigated through Kaplan-Meier curves and Cox-adjusted models. RESULTS: One third of patients achieved biliary flow and the median age at surgery was 81 days. Age at surgery, albumin, postoperative complications, biliary atresia structural malformation (BASM), liver architecture, larger duct diameter at porta hepatis, and cirrhosis (Ishak score) were the initial variables for the multivariate analysis. Age at surgery >90 days was the only variable associated with the absence of biliary drainage. Survival analysis revealed that the absence of biliary flow (P<0.0001), age at surgery >90 days (P=0.035), and the presence of BASM (P<0.0001), alone, could predict death or need for liver transplantation. Multivariate analysis demonstrated that the absence of biliary flow (P<0.0001 hazard ratio [HR] 6.25, 95% confidence interval [CI] 3.19-12.22) and the presence of BASM (P=0.014 HR 2.16, 95% CI 1.17-3.99) were associated with lowest survival with the native liver. CONCLUSION: Age at surgery >90 days was associated with absence of biliary flow. The presence of biliary drainage and the absence of structural malformations are cornerstone features for higher survival rates with the native liver.
RESUMO CONTEXTO: A atresia biliar representa a principal causa de colestase tratada cirurgicamente durante o período neonatal. Se a criança não for operada, ela evolui invariavelmente para cirrose biliar secundária. OBJETIVO: Avaliar, através de análise multivariada, os fatores prognósticos associados à presença de fluxo biliar e à sobrevida com fígado nativo após a realização da portoenterostomia de Kasai. MÉTODOS: O estudo analisou 117 pacientes com atresia biliar submetidos à portoenterostomia e com material histológico adequado para avaliação. O modelo de regressão logística foi utilizado para avaliar a presença de fluxo biliar. Sobrevida foi estudada através das curvas Kaplan-Meier e ajuste do modelo de Cox. RESULTADOS: Um terço dos pacientes obteve fluxo biliar e a mediana de idade à cirurgia foi de 81 dias. Idade à cirurgia, albumina, complicação pós-operatória, BASM (do inglês, biliary atresia structural malformation), arquitetura hepática, diâmetro do maior canalículo no porta hepatis e cirrose, segundo o escore de Ishak, foram as variáveis iniciais da análise multivariada. Idade à cirurgia maior que 90 dias de vida foi a única variável associada à ausência de drenagem biliar. A análise de sobrevida mostrou que as variáveis: ausência de fluxo biliar (P<0,0001), idade à cirurgia maior que 90 dias (P=0,035) e presença de BASM (P<0,0001), isoladamente, predizem morte ou necessidade de transplante hepático. Na análise multivariada, ausência de fluxo biliar (P<0,0001 HR:6,25 [IC95% 3,19; 12,22]) e presença de BASM (P=0,014 HR:2,16 [IC95% 1,17; 3,99]) mostraram-se associadas, com significância estatística, a menor sobrevida com fígado nativo. CONCLUSÃO: Idade à cirurgia maior que 90 dias foi identificada como fator de risco independente para ausência de fluxo biliar. Além disso, a presença de drenagem biliar e a ausência de malformações estruturais da atresia biliar são variáveis fundamentais para a maior sobrevida com fígado nativo.