A dermatite atópica na criança: uma visão psicossomática / Atopic dermatitis in infants: a psychosomatic approach

A pele é a nossa fronteira com o mundo, fazendo trocas e contato com o meio ambiente. Sendo assim, não seria ela capaz de sinalizar, através de suas alterações, o nosso anseio pelo outro, a necessidade de "trocas afetivas"? Os autores apresentam a observação da evolução clínica e emocional de uma criança de 2 anos de idade, portadora de dermatite atópica, participante do Grupo de Apoio à Dermatite Atópica, com sua formação pioneira interdisciplinar, durante 9 meses de acompanhamento da criança no grupo. Como resultados, foram evidenciadas mudanças no comportamento da criança frente ao livre brincar, uma interação social mais concreta, com diminuição da irritabilidade e agressividade e, principalmente, maior e melhor vinculação entre a dupla mãe-criança, assim como marcada melhora do quadro dermatológico. Conclui-se que a abrangência, proporcionada pelo atendimento interdisciplinar, possibilita uma intervenção precoce na relação mãe-criança, podendo ser considerada como uma estratégia de prevenção em saúde mental materno-infantil, evitando possíveis patologias futuras.

Avaliação dos sintomas emocionais e comportamentais em crianças portadoras de dermatite atópica / Evaluation of emotional and behavioral symptoms in children and adolescents with atopic dermatitis

INTRODUÇÃO: A dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica da pele que apresenta um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, em conseqüência de episódios recorrentes durante a vida. Considerando estudos recentes que descrevem a associação entre aspectos psicológicos e DA, acredita-se que a investigação da existência de um possível perfil comportamental destas crianças possa auxiliar o desenvolvimento de intervenções psicoterápicas específicas, assim como aumentar o conhecimento sobre a doença. MÉTODOS: Este trabalho tem como objetivo realizar uma avaliação do perfil sociocomportamental de crianças portadoras de DA, comparando-as com crianças sem a doença. Neste estudo, do tipo caso-controle, foram incluídos dois grupos com idades entre 4 e 18 anos: o grupo-estudo, com pacientes portadores de DA que consultam no ambulatório do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), e o grupo-controle, composto por crianças e adolescentes sem doença dermatológica, matriculados em escola da rede pública de Porto Alegre. O tamanho estimado da amostra foi de 25 indivíduos em cada grupo. A coleta dos dados realizou-se através do Child Behavior Checklist (CBCL), validado no Brasil com o nome de Inventário de Comportamento da Infância e Adolescência. RESULTADOS: Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nas duas dimensões globais (internalização e externalização), sendo que as crianças portadoras de DA mostraram mais sintomas relacionados com ansiedade, depressão, alterações de pensamento e comportamento agressivo quando comparadas com crianças sem a doença. CONCLUSÃO: Os resultados demonstram a necessidade de abordagens interdisciplinares no tratamento da criança com DA, valorizando não só as lesões dermatológicas, como também os aspectos emocionais dos indivíduos.

Consequências da evolução no conhecimento da síndrome pósðconcussional e da síndrome do estresse pósðtraumático / Consequences of the evolution of the knowledge about postconcussive syndrome and posttraumatic stress syndrome

Objetivo: Evidenciar a evolução processada no conhecimento sobre as síndromes pósðconcussionais (SPC) e do estresse pósðtraumático (SEPT) nos últimos anos e procurar identificar suas conseqüências em vários planos da atividade médica. Metodologia: Para atingir seus objetivos, os autores pesquisaram, em vários sites da web, os registros existentes entre 1990 e 2002 (12 anos), incluindo as bibliotecas da Medline, sobre o assunto. Resultados: São destacados os significativos avanços no conhecimento dessas síndromes, especialmente a partir de 1995, que apontam por imprescindíveis revisões nos conceitos do que seja psíquico e orgânico, e também no entendimento psicopatológico dessas síndromes, sua evolução nos últimos anos e as conseqüências que se abrem em face desses novos conhecimentos. Conclusão: O estudo atingiu seus objetivos por evidenciar como os novos conhecimentos trazem importantes conteúdos à prática médica no que tange ao diagnóstico, diagnóstico diferencial e tratamento, assim como para outras conseqüências psicossociais, implicadas nas perícias previdenciárias, nos planos de saúde e nas perícias judiciais

Retalho hipotenariano-adiposo na recidiva da síndrome do túnel do carpo / Hypothenarian adipose flap in the recurrence of carpal tunnel syndrome

A síndrome do túnel do carpo (STC) é a patologia compressiva nervosa mais freqüente. O tratamento cirúrgico é empregado quando as medidas conservadoras fracassam. A recidiva da STC é uma situaçäo infreqüente e seu tratamento é invariavelmente à custa de uma dissecçäo meticulosa e difícil do ponto de vista técnico. Foram realizados 15 retalhos; 80 por cento dos pacientes eram do sexo feminino e com idade média de 50,6 anos. O retalho hipotenariano-adiposo (RHA) é vascularizado por ramos da artéria cubital, ao nível do canal de Guyon. A totalidade dos pacientes apresentava agravamento clínica e eletromiograficamente (EMG) compatível com compressäo persistente ao nível do túnel do carpo. O tempo médio entre a primeira e a segunda intervençao foi de 173 dias. Através do RHA obtivemos melhhora clínica e EMG em 86 por cento dos pacientes, com um seguimento pós-operatório médio de 31 meses. A soluçäo empregada parece-nos simples e adequada, tecnicamente, pela resoluçäo satisfatória dos casos e, principalmente, porque näo há maior prejuízo funcional ao paciente.

Vascularizaçäo da articulaçäo interfalangiana proximal / Proximal interphalangeal join vascularization

Os autores apresentam os resultados da dissecçao cadavérica de 100 dígitos. Analisam a vascularizaçao da articulaçao interfalangiana proximal (IFP), através de estudo microscópico, em que foram utilizados látex colorido e poliéster CPLS 1108 adicionado ao carbonato de chumbo; este foi injetado equitativamente 50 veces na artéria colateral radial e ulnal de cada dígito, após a ligadura da artéria colateral oposta ao nível da articulaçao interfalangiana distal (IFD). Na maior parte dos casos, três ramos vascularizam a IFP, com dois sistemas: um proximal e um distal em relaçao à IFP. Os resultados foram: grupo I (2º e 5º quirodáctilos) - a ligadura dos ramos distais ou proximais à artéria acarretou a ausência de coloraçao, respectivamente, dos elementos distais ou proximais à IFP; grupo II (3º e 4º quirodáctilos) - a ligadura dos ramos distais ou proximais à artéria ocasionou coloraçao quantitativamente superior à do grupo I. Este estudo da vascularizaçao da IFP demonstrou diferenças importantes segundo o dígito em estudo e a precariedade do sistema radial do 2º quirodáctilo e ulnal do 5º, proporcionando nova forma de pensar na escolha da via de abordagem cirúrgica dessa articulaçao.

Estudo prospectivo randomizado da força Pós-operatória após diferentes técnicas de liberaçäo do túnel do carpo / Postoperative strenght after surgical release of the carpal tunnel: randomized prospective study

A síndrome do túnel do carpo é patologia freqüente e, na maioria das vezes, necessita tratamento cirúrgico. Estudo prospectivo randomizado de 300 intervençoes utilizou quatro técnicas diferentes: secçao clássica, plastia simples, zetaplastia e secçao endoscópica. Foram analisados aspectos quanto ao sexo, idade, profissao, dor e a força pré e pós-operatória. A zetaplastia apresentou melhores resultados, comparativamente, que a secçao clássica e plastia simples. A secçao endoscópica mostrou-se, aparentemente, superior quanto à força pós-operatória no primeiro mês, igualando-se à plastia em Z a partir do terceiro mês.

Regeneraçäo da dura-máter: histórico da duraplastia / Dura mater regeneration: historical of dural substitute

Os autores estudam os fenômenos biológicos ocorridos durante a regeneraçao da dura-máter e realizam uma revisao histórica dos diversos tipos de implantes utilizados para substituiçao desta membrana ao longo do tempo. Discutem-se as vantagens e desvantagens do uso de cada um dos substitutos, enfatizando as propriedades dos materiais mais utilizados, tais como a fáscia, a dura-máter liofilizada e o silicone.

Duraplastia com celulose biossintética: extudo experimental / Dural substitute with biosynthetic cellulose: experimental study

Na busca de um novo susbstituto dural, os autores pesquisaram em 32 caes que foram divididos em 3 grupos: Grupo I (21 caes) - submetidos a craniotomia parieto-occipital e substituiçao de dois fragmentos de dura-máter por celulose biossintética e fáscia de músculo temporal. Observaçao por 30, 90 e 180 dias; Grupo II (5 caes) - submetidos a craniotomia maior e retirada de um único fragmento de dura-máter. Provocou-se lesao córtico-vascular cujo sangramento foi controlado com a aplicaçao da película celulósica sobre o local. A seguir, foi feita duraplastia com celulose. Observaçao por 270 dias; Grupo III (6 caes) - submetidos a craniectomia parietal bilateral, cobrindo a dura-máter do lado esquerdo com celulose, recoberta em seguida por músculo temporal. Observaçao por 40, 60, 80 e 120 dias. Ausência de sintomas anormais no pós-operatório. A macroscopia observaram-se boa aceitaçao dos implantes e fibrose extradural moderada. A microscopia revelou ausência de aderência à superfície cortical, mesmo no córtex lesado. A celulose havia sido envelopada por neomembrana interna e externa. Houve aumento da espessura da celulose até 30 dias e posterior reduçao desta até 270 dias. As características físicas e o comportamento biológico do material o recomendam como substituto dural.

Estudo experimental da celulose biossintética para duraplastia e proteçäo cerebral / Experimental study of byosinthetic cellulose to duraplasty and brain protection

Com a finalidade de investigar um substituto heterólogo de dura-máter que tivesse características semelhantes à membrana dural, mas que fosse inerte, atóxico e de fácil obtençao, procedeu-se estudo com celulose biossintética, obtida a partir da bactéria "Acetobacter". Utilizando caes mestiços, dividiu-se o trabalho em: Grupo I: constituído por 21 animais, tendo sido estudados os efeitos da celulose sobre o córtex intacto; Grupo II - constituído por 5 animais, onde se investigou o comportamento da celulose exposta a córtex lesado; Grupo III: composto de 6 animais, quando se verificou o efeito da celulose sobre a fibrose epidural. Nenhum dos animais apreseantou sintomas clínicos neurológicos ou sinais de rejeiçao do implante. Ao exame macroscópico, observou-se boa incorporaçao dos implantes com fibrose epidural nos subgrupos "A"e "C" do Grupo I. Microscopicamente houve revestimento da celulose em envelope, formando-se membrana conjuntiva externa espessa e interna delgada. Os fenômenos celulares reativos decresceram de intensidade com o passar do tempo. O córtex permaneceu intacto em todos os animais, mesmo após lesao provocada. Conclui-se que a celulose possui características físicas e biológicas favoráveis, com pouca reatividade orgânica ao ser implantada, propriedades estas que a acomodam como substituto da dura-máter.