RESUMO
Foram analisados os diagnósticos de 3.332 laudos de necropsias visando estabelecer uma possível associaçäo entre a cirrose hepática e a litíase biliar. Cálculos biliares ocorreram em 19,5 por cento dos 123 cirróticos e em 4,9 por cento dos 3.209 näo cirróticos da casuística analisada; conclui-se que a litíase foi significativamente mais freqüente nos cirróticos. Na tentativa de explicar tal associaçäo, säo implicados vários fatores, dentre os quais a hemólise crônica, o esvaziamento vesicular lento e a acidificaçäo defeituosa da bile pela vesícula. A proporçäo de casos de litíase no sexo feminino em relaçäo ao masculino foi de 2,08:1 entre os cirróticos e 2,4:1 entre os näo-cirróticos; tal diferença näo se mostrou significativa. Os cálculos pigmentares foram os mais comuns entre os cirróticos, sendo sua prevalência significativamente alta em relaçäo aos näo cirróticos, o que pode ser explicado pela hemólise crônica e por defeitos na conjugaçäo da bilirrubina. A litíase foi mais freqüente na cirrose biliar secundária, seguida de pós-necrótica de etiologia viral