RESUMO
O alto índice de rejeiçäo de doadores à triagem clínica, observado em nosso Serviço e na maioria dos hemocentros nacionais, nos motivaram a desenvolver o presente estudo, objetivando: a) conhecer melhor o perfil clínico epidemiológico e sorológico de nossos doadores; b) identificar as principais causas de exclusäo e c) avaliar a eficácia da triagem clínica na seleçäo destes doadores. No período de maio à novembro de 1992 compareceram para doaçäo no Hemocentro Regional de Uberaba 3112 indivíduos. Submetidos à triagem clínica, segundo critérios da Portaria 721 (MS), 2045 foram considerados aptos e 1067 (34,26 por cento) inaptos, sendo que 923 destes últimos se submeteram também à avaliaçäo laboratorial. As principais causas de inaptidäo foram: hipertensäo; gripe/resfriado; uso de medicamentos; desistência após exame clínico; tratamento dentário ou cirurgia; hipotensäo; grupo de risco para AIDS; promiscuidade, menstruaçäo e outros. A prevalência de positividade para sífilis, doença de Chagas, hepatite B, AIDS e transaminase (TGO) foi respectivamente 2,0; 1,07; 0,04; 0,24 e 1,85 por cento (Total (5,2 por cento), para os clinicamente aptos e 2,05; 1,84; 0,97; 0,32 e 1,73 por cento (total 6, 4 por cento), para os nao aptos, sem qualquer correlaçao entre os dados clínico-epidemiológicos e os sorológicos. A reavaliaçäo clínico-epidemiológica mais acurada em 30 indivíduos soro-positivos, mostrou entretanto um índice de correlaçäo de 90 por cento. Os autores sugerem profundas mudanças em todas as etapas de seleçäo de doadores, procurando obter dos mesmos maior compromisso com o ato de suas doaçöes, objetivando reduzir a taxa de exclusäo desnecessária e aumentar a segurança do produto hemoterápico obtido.