RESUMO
OBJETIVO: Descrever as características clínicas das crianças e adolescentes portadores de doenças oncológicas que foram admitidos na UTIP apresentando sepse grave ou choque séptico. E determinar os fatores preditores de óbito e uso de ventilação pulmonar mecânica (VPM). MÉTODOS: Foram analisadas prospectivamente 33 crianças com diagnóstico de sepse grave ou choque séptico, na UTIP do Hospital do Câncer, entre junho e dezembro de 2001. RESULTADOS: Durante o período houve 33 internações, cuja idade variou entre 1 e 23 anos; 16 (48 por cento) eram do sexo masculino e 17 (52 por cento) do sexo feminino. Vinte pacientes eram portadores de leucemia ou linfoma e 13 pacientes de tumores sólidos. Vinte e oito pacientes apresentaram quadro infeccioso documentado. Houve crescimento de patógenos em 73 por cento, sendo que as infecções por germes gram-negativos foram responsáveis por 67 por cento das amostras. Suporte respiratório foi necessário em 18 casos (54 por cento), a administração de drogas inotrópicas em 22 casos (67 por cento) e em quatro casos a diálise foi indicada. A taxa de mortalidade foi de 41 por cento para os pacientes que necessitaram de drogas inotrópicas, 69 por cento para os que utilizaram VPM e 100 por cento para aqueles submetidos à diálise. A taxa de mortalidade foi de 27 por cento. CONCLUSÕES: Nossos dados sugerem que o início precoce de tratamento intensivo para crianças com câncer apresentando sepse grave e choque séptico pode ser um fator capaz de influenciar a mortalidade desses pacientes. E a utilização da ventilação pulmonar mecânica não invasiva demonstrou ser um procedimento capaz de reduzir a necessidade de intubação orotraqueal e ventilação pulmonar mecânica invasiva.