Surto de meningite neonatal por listeria monocytogenes / An outbreak of listeria monocytogenes meningitis in neonates

Listeria monocytogenes, um bacilo Gram-positivo, asporogênico, tem sido isolada de mamíferos, aves, peixes, crustáceos e insetos, sendo seu habitat primário, o solo e vegetal em decomposiçäo. Causa infecçäo no homem e animais domésticos. Em humanos ocorre em maior incidência em recém-nascidos e indivíduos acima de 60 anos, sendo a meningite uma manifestaçäo comum de listeriose. De cinco crianças recém-nascidas no mesmo Centro Obstérico de um hospital da Grande Säo Paulo, foi isolada Listeria monocytogenes do líquido cefalorraquidiano (LCR). Todas as cepas pertenceram ao mesmo sorotipo, L4b. Foi analisada a resistência destas cepas a antibacterianos. As mäes de 6 crianças nascidas no período de 14.05 horas, das quais uma foi óbito sem ter sido puncionado o LCR, tiveram colhidas fezes e urina. Destes materiais näo foi isolado o microrganismo

IGA1 proteases: ocorrência em agentes estiológicos de meningite / IgA1 proteases: ocurrence in meningitis etiological agents

Dentre os fatores de virulência em bactérias investigados na Seçäo de Bacteriologia do Instituto Adolfo Lutz, tem sido avaliada a ocorrência de proteases à imunoglobulina A (IgA1 proteases) em agentes etiológicos de meningite. Estas enzimas extracelulares säo produzidas por diferentes patógenos de mucosa, incluindo os três principais agentes das meningites bacterianas: Neisseria menigitidis, Haemophilus influenzae e Streptococus pneumoniae. IgA1 proteses foram detectadas por imunoeletroforese em 28 de 39 cepas estudadas, bactérias e leveduras. Com exceçäo de 7 bactérias obtidas de coleçäo de cultura, todos os microrganismos foram isolados de líquido cefalorraquidiano. Nos três agentes etiológicos mais frequentes de meningite foi observada a presença de IgA1 proteases, como também em quatro outras bactérias, das quais duas de coleçäo, e näo citadas na literatura como produtoras destas enzimas

Contribuiçäo da imunoeletroforese cruzada em líquido cefalorraquidiano e/ou soro no diagnóstico de infecçöes por Neisseria Meningitidis grupo B no Brasil / Contribution of counterimmunoelectrophoresis in cerebrospinal fluid and/or serum in the diagnosis of Neisseria meningitidis group B infections in Brazil

Imunoeletroforese cruzada (IEC) foi empregada para pesquisar a presença de antígeno de Neisseria Menigitidis grupo B em 185 amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) e/ou 125 amostras de soro. Dentre as amostras de LCR, 103 (55,7 por cento) foram positivas apenas através da cultura e 36 (19,5 por cento) apenas na reaçäo de IEC. Em 34 (18,4 por cento) destas amostras, ambos os métodos apresentaram resultados positivos. Nos casos em que a cultura foi negativa, a IEC em amostras de LCR e/ou soro contribuiu para o diagnóstico da doença meningocócica grupo B em 26,7 por cento dos casos, sendo que em 99,1 por cento deles já havia sido iniciada terapia antibacteriana. Considerando os resultados positivos obtidos apenas na IEC do soro, foi observada uma percentagem de 5,6 por cento. A contribuiçäo da IEC em LCR e/ou soro foi significativa

Avaliaçäo do teste de látex comparativamente à cultura e à imunoeletroforese cruzada no diagnóstico de meningites bacterianas / Evaluation of latex agglutination test in comparison to culture and counterimmunoelectrophoresis in the diagnosis of bacterial meningitis

Um total de 326 amostras de líquido cefalorraquidiano de pacientes com evidência clínica de meningite foi estudado empregando-se um reagente de látex comercial para demonstrar a presença de antígenos bacterianos. As amostras de líquido cefalorraquidiano eram purulentas ou turvas e foram pesquisados antígenos de Neisseria meningitidis, grupos B e C, Haemophilus influenzae b e Streptococcus pneumoniae. Os resultados da detecçäo de antígenos bacterianos através do reagente de látex mostraram um melhor desempenho deste método em comparaçäo à cultura para Neisseria meningitidis grupos B e C e para Streptococcus pneumoniae. Excluindo Streptococcus pneumoniae, para o qual näo foi realizada a imunoeletroforese cruzada, o desempenho do látex mostrou-se superior à imunoeletroforese cruzada apenas para Neisseria meningitidis grupo B. A comparaçäo de resultados do teste de látex com os obtidos através de culturas revelou índice máximo de sensibilidade para Neisseria meningitidis grupo B e para Spreptococcus pneumoniae. Comparando os resultados com os obtidos de imunoeletroforese cruzada, os maiores níveis de sensibilidade foram observados para Neisseria meningitidis grupo B, e para Haemophilus influenzae b. Com relaçäo à especificidade, os valores foram satisfatórios para todos os agentes bacterianos pesquisados, em relaçäo aos outros dois métodos diagnósticos, exceçäo da imunoeletroforese cruzada para Streptococcus pneumoniae que näo foi analisada. O índice de concordância Kappa(K) demonstrou melhores índices K para Haemophilus influenzae b quando comparado com a cultura, e melhores índices K também para este agente bacteriano e para Neisseria meningitidis grupo C, quando os resultados da aglutinaçäo de látex foram comparados com o método de imunoeletroforese cruzada

Penicilin resistant Streptococcus pneumoniae from patients with meningitis

Avaliou-se a susceptibilidade a antibióticos em 146 cepas de Streptococcus pneumoniae isoladas de líquido cerebroespinhal. Sete cepas (3 com o fenótipo de resistência e 4 com o fenótipo de susceptibilidade moderada) apresentaram resultados semelhantes para a oxacilina segundo o método da difusäo em disco, e para a penicilina segundo o método da concentraçäo mínima inibitória. Duas cepas tiveram comportamentos discrepantes ao comparar-se os resultados de 2 métodos. Todas as outras cepas (137) apresentaram inibiçäo de crescimento para uma concentraçäo de oxacilina de 1 mg/ml, segundo o método da difusäo em disco

Influencia da concentracao do inoculo de cepas de Haemophilus Influenzae em testes de sensibilidade a antimicrobianos / Influence of inoculum concentration of Haemophilus Influenzae strains in the antimycrobial susceptibility

Haemophilus influenzae isolado de liquido cefalorraquidiano foi avaliado quanto ao perfil de sensibilidade a antimicrobianos no teste de difusao em agar e concentracao inibitoria minima (CIM). A sensibilidade de 98 cepas foi comparada em relacao a ampicilina no teste de difusao em agar com inoculo 10(elevado a potencia 8) UFC/mL (tubo 0.5 da escala de MacFarland) e diluido 10(elevado a potencia -2) o qual corresponde a uma concentracao final de aproximadamente 10 (elevado a potencia 6) UFC/mL. Nos testes de difusao em agar no qual o inoculo 10(elevado a potencia 8 UFC mL) foi usado, 56 cepas foram resistentes ampicilina, ao passo que quando o inoculo 10(elevado a potencia 6 UFC/mL) foi testado, 10 dessas cepas foram resistentes. No teste de concentracao inibitoria minima somente 10 cepas apresentaram CIM maior ou igual 2mcg/mL, resultados estes que foram compativeis com o halo de inibicao no teste de difusao em agar, em ambas as concentracoes. A correlacao do inoculo 10(elevado a potencia 8 UFC/mL) e 10(elevado a potencia 6 UFC/mL) no teste de difusao em agar usando ampicilina, cefalotina, cefoxitina, fosfomicina, penicilina e sulfatrim, mostrou que a diluicao do inoculo e fator significativo na determinacao da sensibilidade das cepas principalmente quando testadas com antimicrobianos betalactamicos. Esta observacao conduziu a padronizacao do inoculo 10(elevado a potencia 6 UFC/mL para H.influenzae, visando a obtencao de resultados reprodutivies e confiaveis

Bacterias do genero Haaemophilus isoladas de sangue e identificadas na Secao de Bacteriologia, Instituto Adolfo Lutz, no periodo de 1979 a 1991 / Bacteria of the genus Haemophilus isolated from blood in the Section of Bacteriology, Instituto Adolfo Lutz in the period of 1979 to 1991

De culturas de sangue foram isoladas e identificadas 267 amostras bacterianas do genero Haemophilus, na Secao de Bacteriologia do Instituto Adolfo Lutz - Sao Paulo no periodo de 1979 a 1991. H.Influenzae correspondeu a 91,0 por cento (243 cepas) da totalidade dos casos com a predominancia do biotipo I (65,9 por cento) seguido dos biotipos II(29,6 por cento), III(2,1 por cento), IV(0,8 por cento) e V(1,6 por cento). Na quase totalidade das cepas o sorotipo b prevaleceu (93,0 por cento) e apenas uma amostra bacteriana foi foi caracterizada como sorotipo f. H.Influenzae biogrupo aegyptus ocorreu em 7,5 por cento dos casos, tendo as 20 cepas isoladas apresentado as caracteristicas fenotipicas e genotipicas do agente etiologico da Febre Purpurica Brasileira. O H.parainfluenzae foi identificado em 4 amostras, 2 delas pertencendo ao biotipo I, outras aos biotipos II e V. Considerando o numero de amostras de sangue de cada paciente, pode-se observar que em 29,5 por cento dos casos o agente etiologico nao se desenvolveu na totalidade das mesmas, indicando a necessidade de amostras multiplas de sangue para o diagnostico de doencas invasivas

Incidência do gênero haemophilus nas conjuntivites purulentas em crianças na regiäo de Campinas, SP / Incidence of the genus Haemophilus in purulent conjunctivits in children in the region of Campinas, SP

O estudo de 354 conjuntivites purulentas, em crianças com menos de 10 anos de idade, na regiäo de Campinas, teve como objetivo principal verificar a presença do Haemophilus influenzae biogrupo aegyptius incriminado como o agente etiológico da Febre Purpúrica Brasileira nessa populaçäo. Dentre as 264 bactérias identificadas, este microorganismo foi observado em 16,29 por cento , o Haemophilus influenzae em 34,09 por cento , Staphylococcus aureus em 10,61 por cento e Staphylococcus sp. em 14,39 por cento dos casos. A maior positividade desses casos ocorreu entre a faixa etária de 0(zero) a 2(dois) anos(60,27 por cento ). A distribuiçäo sazonal indicou a prevalência do Haemophilus influenzae no período de clima frio e do Haemophilus influenzae biogrupo aegyptius no período de clima quente

Haemophilus influenzae isolados de líquido cefalorraquidiano - frequência dos biotipos e sorotipos / Haemophilus influenzae isolated from cerebrospinal fluid - frequency of biotypes and serotypes

Haemophilus influenzae causam várias doenças invasivas, das quais a meningite é a mais frequênte, e se constituem em uma grande ameaça à saúde em todo o mundo. Nos exames laboratoriais do líquido cefalorraquidiano (LCR) realizados na Seçäo de Bacteriologia do Instituto Adolfo Lutz, Centro de Referência Nacional para meningites, Säo Paulo, SP, esta bactéria tem figurado como um dos agentes etiológicos predominantes das meningites. Foram estudadas 1000 cepas de H. influenzae isoladas de LCR no período de 1977 a 1990. A caracterizaçäo de espécie H. influenzae e a definiçäo dos biotipos foram obtidas através do estudo de propriedades bioquímicas, e também foram determinados os sorotipos através de realizaçöes de aglutinaçäo com antíssoros específicos. Dentre os biotipos, o mais frequênte foi o I (70,9%), seguido do II (27,5%). Com relaçäo aos sorotipos o b foi o mais prevalente (99,3%), mas sorotipos a (0,6%) e c (0,1%) também foram encontrados.

Valor da bacterioscopia, cultura e imunoeletroforese cruzada no diagnóstico das meningites bacterianas / Bacterioscopy, culture and counterimmunoelectrophoresis values in the diagnosis of bacterial meningitis

Em período pós-epidêmico de meningite bacteriana foi planejado comparar a possibilidade do exame bacterioscópico, cultura e pesquisa de antígenos polissacarídeos através da imunoeletroforese cruzada (IEC) no diagnóstico dos três agentes etiológicos que aparecem com maior frequência nestas infecçoes, Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Nas 326 amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) em que foram identificadas estas bactérias, e exame bacterioscópico foi positivo em 273 (83,74%), a IEC em 273 (83,74%) e a cultura em 207 (63,50%). Para o total de amostras estudadas tivemos igual número de casos diagnosticados pela bacterioscopia e IEC (p<0,05); entretanto, quando comparamos a positividade dos métodos laboratoriais associados entre si, a positividade da bacterioscopia para os três agentes citados (95,33%) supera a da IEC (91,05%) e a da cultura (77,04%) (p<0,05). A IEC é um importante método diagnóstico, principalmente quando aplicado em LCR que por qualquer razäo é impróprio à bacterioscopia e cultivo de bactérias. Nenhum dos métodos citados deverá ser utilizado em detrimento do outro; a associaçäo dos métodos além de melhorar as possibilidades diagnósticas evitando erros de interpretaçäo, estabelece controle de quantidade no diagnóstico laboratorial

Sorotipos de Serratia marcescens em infecçoes humanas / Serotypes of Serratia marcescens from human infections

290 cepas de Serratia marcescens, a grande maioria isolada de líquido cefalorraquidiano(LCR) e de sangue, foram classificadas em 46 sorotipos de acordo com a classificaçäo sorológica proposta por Le Minor e Pigache. Foram identificados 25 sorotipos entre as 145 cepas isoladas de LCR e os sorotipos 06,14:H12 e 06,14:H4 foram os mais frequêntes, correspondendo a mais de 70% das cepas. Das 102 cepas isoladas de sangue, 65% dos sorotipos pertenciam aos sorotipos 06,14:H12, 06,14:H4 e 01:H7, sendo que este último foi responsabilizado por um surto de infecçäo hospitalar atingindo crianças, na sua maioria menores de 1 ano. Foi verificado que mais de 73%, 70% e 80% de cepas isoladas respectivamente de LCR, sangue e fezes, eram provenientes de crianças de 0 a 5 anos. Os sorotipos 06,14:H12 e 06,14:H4 também foram os predominantes entre os 12 sorotipos identificados nas amostras isoladas de fezes, sugerindo uma possível fonte de infecç äo, principalmente em berçários

Sorotipos e piocinotipos de pseudomonas aeruginosa / Serotypes and pyocinetypes of Pseudomonas aeruginosa

195 cepas de Pseudomonas aeruginosa, a maioria isoladas de sangue e de líquido cefalorraquidiano foram sorotipadas de acordo com o método de aglutinaçäo em lâmina. Os sorotipos 0:6 0:11 foram os tipos prevalentes com 25,64% e 20,54%, respectivamente. O sorotipo 0:10 causou um surto de meningite envolvendo principalmente crianças com menos de um ano de idade, em 1974, na vigência da epidemia de meningite meningocócica na cidade de Säo Paulo. Dentre os sorotipos foram encontrados 12 diferentes piocinotipos com predominância dos tipos 1,3 e 10 que correspondem a cerca de 90% das cepas tipadas. É importante o uso combinado dos métodos de sorotipagem e piocinotipia para diferenciaçäo de cepas pertencentes a um mesmo sorotipo

Meningites bacterianas. I: interferência de antibacterianos presentes no líquido cefalorraquidiano no diagnóstico etiológico / Bacterial meningites. I: interference of antimicrobial drugs in cerebrospinal fluid for etiological diagnosis

Foram analisadas 641 amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) de pacientes com suspeita clínica de meningite bacteriana. Em 247 (38,53%) amostras foi detectada a presença de antibacterianos. Em 388 (60,53%) amostras foi possível a identificação do agente etiológico da infecção, através da reação de imunoeletroforese cruzada (IEC). A presença de antibacterianos no LCR diminui significativamente a possibilidade de diagnóstico etiológico (p<0,05). A concentração de quimioterápicos, avaliada pelo tamanho do halo de inibição, foi significativamente menor para as amostras em que foi possível chegar à identificação do agente etiológico da infecção (p<0,05). Concluiu-se que a presença de antibacterianos no LCR pode prejudicar sobremaneira o diagnóstico etiológico das meningites bacterianas (AU).

Enterobactérias dos gêneros Klebsiella, Enterobacter e Serratia isoladas de líquido cefalorraquidiano / Enterobacteria of genera Klebsiella, Enterobacter and Serratia isolated from cerebrospinal fluid

Enterobactérias isoladas de líquido cefalorraquidiano de 306 pacientes com suspeita de meningite, sendo 131 cepas de Klebsiella, 122 de Serratia, e 53 de Enterobacter, foram estudadas. Relacionando as bactérias isoladas com a faixa etária dos pacientes, foi verificada a predominância de Klebsiella e Serratia na faixa etária de zero a um ano, e de Enterobacter nas faixas etárias acima de um ano. Foram realizadas provas de sensibilidade a 14 antimicrobianos. Quando relacionado o comportamento das cepas isoladas frente a grupos de antimicrobianos, foi observado que as cepas de Klebsiella e Serratia apresentavam resistência a maior número dos antimicrobianos testados, notadamente frente aos aminoglicosídeos. A resistência a grupos de antibióticos e quimioterápicos foi menor nas cepas de Enterobacter. Devido ao perfil variável das cepas do grupo KES estudadas, frente aos antimicrobianos, os autores recomendam que seja sistematizada a caracterização bioquímica destas cepas e realizada a prova de sensibilidade a antimicrobianos para estes agentes, visando, além de informações de ordem terapêutica, colaborar eficazmente na detecção de possíveis infecções nosocomiais (AU).