RESUMO
Devido à carência de fonoaudiólogos para atendimento ao paciente com fissura labiopalatina em várias regiões do Brasil, novos programas de atendimento devem ser desenvolvidos para esses indivíduos. A terapia intensiva de fala tem sido relatada na literatura como uma modalidade alternativa. Este trabalho relata a experiência com alguns casos de atendimento fonoaudiológico intensivo, e compara o desempenho na produção da fala de quatro pacientes operados de fissura palatina, antes e após a terapia fonoaudiológica intensiva. Foram atendidos, no período de férias escolares, três adultos e um adolescente que apresentavam distúrbios articulatórios compensatórios. O atendimento teve duração de três horas diárias para cada paciente, durante dez dias, divididos em terapia individual e em grupo. No início e fim do período de terapia, os pacientes foram avaliados por uma fonoaudióloga que não participou dos atendimentos. Também foi gravada em vídeo uma amostra de fala espontânea, contagem de 1 a 20 e repetição de uma lista de palavras e frases com fonemas oclusivos orais e fricativos. Todos os pacientes mostraram evolução satisfatória na terapia intensiva, com adequação dos fonemas trabalhados na fala dirigida, necessitando ainda de acompanhamento fonoterápico para sua automatização. A terapia intensiva mostrou ser uma alternativa eficaz e viável nesses casos, podendo também ser uma estratégia durante o início do tratamento fonoaudiológico convencional.
Due to the lack of speech therapists at various regions of Brazil to assist patients with cleft lip and palate, new intervention programs must be developed for these individuals. Intensive speech therapy has been cited in literature as an alternative modality. This article relates the experience of four cleft lip patients, comparing their speech performances before and after the intensive intervention. The subjects, three adults and one adolescent with compensatory articulatory disorders, were engaged in an intensive summer training program. For each patient, intervention was carried out daily for three hours, during 10 days, divided into individual and group therapy. At the beginning and at the end of that period, patients were assessed by a speech therapist who did not participate in the sessions. A sample of spontaneous speech, counting from 1 to 20 and repetition of a list of words and sentences with oral occlusive and fricative phonemes were recorded on video tape. All patients showed satisfactory development with the intensive therapy program, adapting the worked phonemes in directed speech, but still requiring follow-up therapy to automatize their production. Intensive speech therapy was shown to be an efficient and possible alternative in these cases, and could also be a strategy at the beginning of conventional speech intervention.