RESUMO
O impacto da depressão materna para o desenvolvimento infantil tem sido amplamente estudado e vem sendo compreendido a partir de um referencial teórico interacionista, em que a qualidade da interação mãe-bebê é o foco de atenção nestes estudos. Os comportamentos interativos das mães com depressão costumam ser caracterizados como intrusivo ou retraído. Para os autores, ambos os estilos podem repercutir de maneira negativa no desenvolvimento do bebê, pois a estimulação e a modulação do estado de alerta que a mãe oferece são inadequadas para a regulação emocional do bebê. Pouco ainda se sabe sobre as repercussões dos estilos de comportamento interativo materno para o desenvolvimento do comportamento exploratório do bebê durante o primeiro ano de vida. Nesse sentido, o presente artigo procura refletir teoricamente acerca do desenvolvimento emocional do bebê e, em particular, sobre o comportamento exploratório do bebê no contexto da depressão materna. Inicialmente, busca-se descrever alguns estudos sobre a interação mãe-bebê e o desenvolvimento sócio-emocional no primeiro ano de vida, em seguida, estudos empíricos sobre o desenvolvimento do bebê no contexto da depressão materna, e finalmente, os estudos empíricos sobre os comportamentos interativos mãe-bebê no contexto da depressão materna. Para tanto, parte-se de algumas perspectivas teóricas, as quais entendem o desenvolvimento do comportamento exploratório do bebê a partir do sentido de competência e controle voluntário, assim como da exploração manual, tátil e visual, do direcionamento da atenção, das demonstrações de preferência e curiosidade, e capacidade de locomoção, bem como dos comportamentos de exploração do ambiente e cooperação.A importância de se considerar o comportamento da mãe para melhor compreender o desenvolvimento do comportamento exploratório do bebê advém da idéia de que a mãe precisa apresentar comportamentos de permissividade e encorajamento em relação aos comportamentos do bebê, promovendo o sentido de competência e controle voluntário do bebê, a fim de que este possa se separar e tornar-se seguro para explorar o ambiente. Da mesma forma, a expressão contínua do sentimento materno de confiança e expectativa durante os comportamentos de exploração do bebê é fundamental para o desenvolvimento e manutenção dos comportamentos de exploração bebê, o que independe do quadro depressivo materno.