RESUMO
O estudo do comportamento de crianças em creches tornou-se de fundamental importância na vida contemporânea, em virtude da substancial adesäo a esse modo de criaçäo e da compreensäo da importância do contexto socio-afetivo cotidiano para o desenvolvimento do indvíduo. Visa estudar os tipos de interaçöes sociais de crianças de 4 anos, em uma creche pública estadual, com o objetivo de estabelecer relaçöes entre os vários comportamentos das crianças e identificar possíveis padröes de ajustamento social e afetivo à creche. Foram feitas gravaçöes em vídeo, pelo método sujeito focal, de 22 crianças em recreaçäo livre, em 6 sessöes de 10 minutos para cada sujeito, distribuídas ao longo de 2 meses. Os dados da totalizaçäo das frequências de cada categoria observada foram analisados estatisticamente através de testes de correlaçäo de Pearson e de testes t de comparaçäo de médias. Estas análises revelaram a existência de padröes interacionais definidos, especialmente em funçäo do nível de interaçöes positivas. Crianças que se envolveram em poucas interaçöes positivas tenderam a apresentar uma distribuiçäo típica dos demais comportamentos, oposta à verificada no caso das crianças que interagiram muito. Níveis baixos de interaçöes positivas apareceram correlacionados com: 1- níveis altos de observar os demais, o que enfraquece uma suposiçäo de desinteresse social como explicaçäo para a falta de interaçöes positivas; 2- níveis altos de apatia, sugestivos de dificuldade de ajustamento à situaçäo; 3- níveis baixos de alguns padröes agressivos. No presente estudo, estes efeitos näo foram modulados por tempo de creche, talvez pela ausência de tempos menores do que 2 anos, e nem por sexo, possivelmente pela complexidade de interaçäo desta variável com as demais