RESUMO
Publicado em 1987 nos Estados Unidos, este livro é um marco nos estudos de gênero e na antropologia. Combinando análises sofisticadas e crítica social, a autora examina os processos culturais que conformam as concepções das mulheres sobre seus corpos. A autora sustenta que os discursos acerca do corpo feminino - hormônios, útero, menstruação - são ao mesmo tempo replicações e reapropriações por parte das mulheres de objetos construídos pelo saber médico, este último veículo de metáforas sociais e não de simples descrições médicas. Para ela, a crescente industrialização surgida no século XIX impôs uma ideologia da produção como matriz da sociedade ocidental moderna. Os textos médicos passaram a tratar os corpos das mulheres como uma estrutura hierárquica, direcionada a produzir crianças: menstruação é falha na produção e menopausa é máquina deixando de funcionar. Belo exemplo de construcionismo social mesclado à fenomenologia, ele é um esforço singular na compreensão do corpo como híbrido do que ora chamamos de natural e cultural. Esta obra interessa variados leitores e olhares: cientistas sociais e historiadores, médicos e pesquisadores das ciências biológicas, feministas e ativistas do campo dos direitos sexuais e reprodutivos.