Your browser doesn't support javascript.
loading
Mostrar: 20 | 50 | 100
Resultados 1 - 20 de 43
Filtrar
1.
Cad. Ibero Am. Direito Sanit. (Impr.) ; 12(4): 33-50, out.-dez.2023.
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1523332

RESUMO

Objetivo: refletir sobre o acesso a serviços de saúde para infertilidade e reprodução humana assistida durante o período da pandemia de COVID-19, na perspectiva da justiça reprodutiva. Metodologia: utilizou-se dados do inquérito online da pesquisa Pandemia de COVID-19e práticas reprodutivas de mulheres no Brasil, que obteve 8.313 respostas de mulheres residentes em todas as regiões do país, de 18 anos ou mais. O questionário autoaplicável circulou entre julho e outubro de 2021, contendo questões fechadas e abertas. A análise descritiva das respostas objetivas de 242 mulheres que referiram buscar atendimento para infertilidade contou com o cálculo de frequências simples das variáveis. Já os textos escritos nos espaços abertos do questionário foram submetidos à análise temática. Resultados: o estudo verificou a existência de barreiras institucionais e não institucionais para os cuidados da infertilidade, ambas incrementadas pela pandemia. Conclusão: recomenda-se a efetivação de política pública que garanta acesso pleno a todas as pessoas, haja vista que o tratamento para infertilidade e reprodução assistida tende a se restringir a mulheres cisgênero, de camadas médias e altas, mais escolarizadas e majoritariamente brancas.


Objective: to critically examine access to health services for infertility and assisted human reproduction during the COVID-19 pandemic, emphasizing the perspective of reproductive justice. Methods: data for analysis were derived from the online survey titled COVID-19 Pandemic and Women's Reproductive Practices in Brazil, garnering 8,313 responses from women aged 18 years or older residing in all regions of the country. The self-administered questionnaire circulated from July to October 2021 and comprised both closed and open-ended questions. Descriptive analysis of the objective responses obtained from 242 women actively seeking infertility care involved the calculation of simple frequencies for relevant variables. Responses provided in the open-ended sections of the questionnaire underwent thematic analysis. Results: revealed the presence of both institutional and non-institutional barriers to infertility care, with a notable exacerbation during the pandemic. Conclusion: given that infertility and assisted reproduction treatment predominantly cater to cisgender women from middle and upper socio-economic strata, characterized by higher education levels and mostly white, there is a compelling need for the implementation of public policies that ensure equitable access for all individuals.


Objetivo: reflexionar sobre el acceso a los servicios de salud para la infertilidad y la reproducción humana asistida durante el período de la pandemia de COVID-19, desde la perspectiva de la justicia reproductiva. Metodología: se utilizaron datos de la encuesta en línea de la Pandemia de COVID-19y prácticas reproductivas de las mujeres en Brasil, que obtuvo 8.313 respuestas de mujeres residentes en todas las regiones del país, con edad igual o superior a 18 años. El cuestionario autoaplicado circuló entre julio y octubre de 2021, conteniendo preguntas cerradas y abiertas. El análisis descriptivo de las respuestas objetivas de 242 mujeres que relataron buscar atención por infertilidad implicó el cálculo de frecuencias simples de las variables. Los textos escritos en los espacios abiertos del cuestionario fueron sometidos a análisis temático. Resultados:el estudio verificó la existencia de barreras institucionales y no institucionales para la atención de la infertilidad, ambas aumentadas por la pandemia. Conclusión: se recomiendala implementación de una política pública que garantice el pleno acceso a todas las personas, dado que el tratamiento de la infertilidad y reproducción asistida tiende a estar restringido a mujeres cisgénero de clase media y alta, con mayor educación y en su mayoría blancas.


Assuntos
Direito Sanitário
2.
Cad. Ibero Am. Direito Sanit. (Impr.) ; 12(4): 103-119, out.-dez.2023.
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1523544

RESUMO

Objetivo: compreender como a pandemia de COVID-19 afetou a vida e a saúde das mulheres, com ênfase nos aspectos da saúde sexual e reprodutiva, e refletir sobre os direitos sexuais e reprodutivos e a justiça reprodutiva no contexto da crise sanitária. Metodologia: utilizou-se questionário online com 113 perguntas objetivas e uma questão aberta para comentários. De 8.313 mulheres que responderam ao questionário, 1.838 relataram suas vivências durante a pandemia na questão aberta. Esse material passou por técnicas de análise narrativa e temática e de construção de memória. Resultados: evidenciou-se a ampliação das dificuldades de acesso a serviços de saúde, em especial de saúde sexual e reprodutiva; o aprofundamento das iniquidades na divisão sexual do trabalho, com sobrecarga de trabalho doméstico e profissional; a insegurança econômica; o tensionamentos das relações afetivo-sexuais e maior exposição à violência; e importantes repercussões na saúde psicoemocional. Todos esses aspectos afetaram as experiências de saúde e adoecimento; a vida sexual; e os planos e experiências reprodutivas nos primeiros anos de pandemia. Conclusão: no Brasil, na sobreposição da emergência sanitária com a crise democrática de direitos, fatos sociais e fatos fisiológicos se misturam e se totalizam na experiência histórica e material do corpo sexual e reprodutivo das mulheres, seguindo as linhas de força das precariedades e injustiças de gênero, de raça e de classe. Os relatos das mulheres contribuem para a construção de uma memória coletiva ­não necessariamente unívoca e linear ­da pandemia. Memórias que podem não apenas ilustrar o momento presente, como contribuir para o entendimento e enfrentamento de crises semelhantes futuras.


Objective: this study seeks to comprehend the impact of the COVID-19 pandemic on women's lives and health, with a particular focus on sexual and reproductive health, andto reflect on sexual and reproductive rights and reproductive justice within the context of the health crisis.Methods:employing an online questionnaire featuring 113 objective questions and one open-ended question for free comments, the study gathered responses from 8,313 women. Out of these, 1,838 utilized the open question to articulate their experiences during the pandemic. The collected material underwent analysis using narrative and thematic approaches, along with memory construction techniques.Results:the findings indicate heightened challenges in accessing health services, particularly for sexual and reproductive health. The pandemic deepened inequities in the sexual division of labor, leading to increased domestic and professional workloads, economic insecurity, elevated tensions in affective-sexual relationships, greater exposure to violence, and notable repercussions on psycho-emotional health. These factors collectively influenced women's health/illness experiences, sexual lives, and reproductive plans during the initial years of the pandemic. Conclusion: the intersection of the health crisis with a democratic crisis in rights has intertwined social and physiological factors into the historical and material experiences of women's sexual and reproductive bodies. These experiences follow the trajectories of gender, race, and class-based precariousness and injustices. Women's accounts contribute to the construction of a collective memory of the pandemic that is not necessarily uniform or linear. Beyond illustrating the present moment, these memories aid in understanding and addressing similar crises in the future.


Objetivo: comprender cómo la pandemia de COVID-19 afectó la vida y la salud de las mujeres, con énfasis en aspectos de salud sexual y reproductiva y reflexionar sobre los derechos sexuales y reproductivos y la justicia reproductiva, en el contexto de la crisis sanitaria. Metodología:se utilizó un cuestionario online con 113 preguntas objetivas y una pregunta abierta para comentarios libres al final. De 8.313 mujeres que respondieron el cuestionario, 1.838 relataron sus experiencias durante la pandemia, en este espacio abierto. Este material fue analizado mediante técnicas análisis de narrativa y temática y de construcción de memoria. Resultados: hubo aumento de las dificultades para acceder a los servicios de salud, especialmente de salud sexual y reproductiva, profundización de las inequidades en la división sexual del trabajo, con sobrecarga de trabajo doméstico y profesional, inseguridad económica, tensiones en las relaciones afectivo-sexuales y mayor exposición. a la violencia, e importantes repercusiones en la salud psicoemocional. Todos estos aspectos afectaron las experiencias de salud/enfermedad, la vida sexual, los planes y experiencias reproductivas, en los primeros años de la pandemia. Conclusión: en Brasil, en el solapamiento de la crisis sanitaria con la crisis democrática y de derechos, hechos sociales y hechos fisiológicos se mezclan y totalizan en la experiencia histórica y material de los cuerpos sexuales y reproductivos de las mujeres, siguiendo las líneas de fuerza de la precariedad y las injusticias. de género, raza y clase. Las narrativas de las mujeres contribuyen a la construcción de una memoria colectiva ­no necesariamente unívoca y lineal ­ de la pandemia. Memorias que no sólo pueden ilustrar el momento presente, sino que también contribuyen a comprender y afrontar crisis futuras similares.


Assuntos
Direito Sanitário
3.
Mundo saúde (Impr.) ; 47: e15082023, 2023.
Artigo em Inglês, Português | LILACS-Express | LILACS | ID: biblio-1517449

RESUMO

A pandemia de COVID-19 trouxe desafios acrescidos aos já existentes, em termos de acesso aos serviços, respostas adequadas, garantia de direitos, entre outros, para a área da saúde sexual e reprodutiva no Brasil e no mundo. A pesquisa "International Sexual Health and Reproductive Health Survey" (I-SHARE), um estudo global desenvolvido em mais de 40 países, surge da necessidade de investigar essa situação, sendo necessário criar e adaptar instrumentos capazes de captar esta nova realidade mundial. O objetivo do presente artigo é apresentar o processo de adaptação do questionário I-SHARE de português de Portugal para o português do Brasil. A versão brasileira do questionário I-SHARE incluiu 15 grandes blocos de questões relacionadas a COVID-19, violência e saúde sexual e reprodutiva. A adaptação obrigou a acomodar diferenças linguísticas, culturais e institucionais de diferente natureza. O pré-teste, realizado com 10 pessoas, revelou uma boa aceitação, não se tendo verificado dificuldades de compreensão e análise por parte dos/as participantes. Conclui-se que o questionário I-SHARE Brasil, além de ter servido uma pesquisa particular no contexto da pandemia de COVID-19, poderá ser adaptado a outras realidades e estudos futuros no âmbito da saúde sexual e reprodutiva no Brasil.


The COVID-19 pandemic brought increased challenges regarding access to services, adequate responses, guaranteeing rights, among others, for the area of sexual and reproductive health in Brazil and around the world. The "International Sexual Health and Reproductive Health Survey" (I-SHARE), a global study carried out in more than 40 countries, arises from the need to investigate this situation, making it necessary to create and adapt instruments capable of capturing this new global reality. The objective of this article is to present the process of adapting the I-SHARE questionnaire from Portuguese to Brazilian Portuguese. The Brazilian version of the I-SHARE questionnaire included 15 large blocks of questions related to COVID-19, violence and sexual and reproductive health. Adaptation forced to accommodate linguistic, cultural and institutional differences of different nature. The pre-test, carried out with 10 people, revealed good acceptance, with no difficulties in understanding or analyzing on the part of the participants. It is concluded that the I-SHARE Brazil questionnaire, in addition to having served as a particular research in the context of the COVID-19 pandemic, can be adapted to other realities and future studies in the field of sexual and reproductive health in Brazil.

4.
Saúde debate ; 45(spe1): 60-72, out. 2021. tab, graf
Artigo em Português | LILACS-Express | LILACS | ID: biblio-1352242

RESUMO

RESUMO Apesar do aumento histórico da participação feminina na produção científica brasileira, reconfigurações domésticas e laborais para o controle da Covid-19 podem estar reduzindo a produtividade das mulheres cientistas. A pesquisa GenCovid-Br objetivou traçar um panorama da participação feminina nos artigos sobre Covid-19 das ciências médicas e da saúde, disponibilizados no PubMed, com ao menos um autor de filiação brasileira. Das 1.013 publicações até 14 de agosto de 2020, 6,1% foram escritas exclusivamente por mulheres; 17,2%, exclusivamente por homens; grupos mistos respondem por 31,1% com liderança feminina, e 45,6% com liderança masculina. As mulheres participam mais de artigos com primeira autoria feminina (50,1% vs 35,6% nos liderados por homens). Nos artigos de áreas da Medicina Clínica, em que as mulheres são maioria, ocorre menos participação de autoras, o que também acontece em publicações resultantes de colaborações internacionais. Os presentes resultados indicam a possibilidade de ampliação de desigualdades de gênero prévias durante a pandemia de Covid-19. Novos estudos devem aprofundar a investigação sobre a magnitude e os determinantes desse fenômeno, incluindo análises temporais. As políticas institucionais devem considerar as iniquidades de gênero nas avaliações acadêmicas, prevenindo impactos futuros nas carreiras das mulheres, em particular, das jovens pesquisadoras envolvidas na reprodução social.


ABSTRACT Despite the increasing historical participation of women in Brazilian scientific production, domestic and labor reconfiguration for the control of the Covid-19 pandemic is likely to reduce women scientists' productivity. The GenCovid-Br Research aimed to outline a panorama of female production in Covid-19 papers in medical and health sciences, available in PubMed, with at least one author with Brazilian affiliation. From the 1,013 publications by August 14, 2020, 6.1% were written exclusively by women, 17.2% exclusively by men, 31.1% were mixed with female leadership, and 45.6% were mixed with male leadership. Women participated in more papers led by women (50.1% vs. 35.6% in those led by men). Papers in Clinical Medicine, where female researchers are predominant, have fewer female authors, occurring in publications resulting from international collaborations. Our results point to the possible expansion of previous gender inequalities during the Covid-19 pandemic. New studies should deepen the investigation of the magnitude and determinants of such phenomenon, including temporal analyses. Institutional policies must consider gender inequalities in academic assessments, preventing future impacts on women's careers, particularly young researchers involved in social reproduction.

5.
Cad. Saúde Pública (Online) ; 37(6): e00322320, 2021. graf
Artigo em Inglês | LILACS | ID: biblio-1278625

RESUMO

The COVID-19 pandemic may accentuate existing problems, hindering access to legal abortion, with a consequent increase in unsafe abortions. This scenario may be even worse in low- and middle-income countries, especially in Latin America, where abortion laws are already restrictive and access to services is already hampered. Our objective was to understand how different countries, with an emphasis on Latin Americans, have dealt with legal abortion services in the context of the COVID-19. Thus, we conducted a narrative review on abortion and COVID-19. The 75 articles included, plus other relevant references, indicate that the pandemic affects sexual and reproductive health services by amplifying existing problems and restricting access to reproductive rights, such as legal abortion. This impact may be even stronger in low- and middle-income countries, especially in Latin America, where access to legal abortion is normally restricted. The revision of sources in this article underlines the urgent need to maintain legal abortion services, both from women's perspective, in support of their reproductive rights, but also from that of the international commitment to achieving the Millennium Development Goals. Thereby, Latin American countries must place reproductive rights as a priority on their agendas and adapt legislation to accommodate alternative models of abortion care. Furthermore, our results underscore the need for clear information on the functioning of sexual and reproductive health services as essential for understanding the impact of the pandemic on legal abortion and to identify the groups most affected by the changes.


A pandemia da COVID-19 pode agravar problemas existentes, dificultando o acesso ao aborto legal e resultando em um aumento dos abortos inseguros. O cenário pode ser ainda pior nos países de renda média e baixa, principalmente na América Latina, onde as leis sobre aborto já são restritivas e o acesso aos serviços é dificultado. Tivemos como objetivo, compreender como os diferentes países, com ênfase nos latino-americanos, têm lidado com os serviços de aborto legal no contexto da COVID-19. Para tal, foi realizada uma revisão narrativa sobre aborto e COVID-19. Os 75 artigos incluídos, além de outras referências relevantes, indicam que a pandemia impacta os serviços de saúde sexual e reprodutiva, ao agravar os problemas existentes e restringir o acesso aos direitos reprodutivos, incluindo o direito ao aborto legal. O impacto pode ser ainda mais sério nos países de renda baixa e média, principalmente na América Latina, onde o acesso ao aborto legal costuma ser restrito. A revisão das fontes no artigo destaca a necessidade urgente de manter em funcionamento os serviços de aborto legal, tanto da perspectiva das mulheres, em apoio aos seus direitos reprodutivos, quanto do compromisso internacional para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Assim, os países da América Latina devem priorizar os direitos reprodutivos nas agendas nacionais e adaptar suas legislações para acomodar modelos alternativos de assistência ao aborto. Nossos resultados também destacam a necessidade de informações precisas sobre o funcionamento dos serviços de saúde sexual e reprodutiva, essenciais para compreender o impacto da pandemia sobre o aborto legal e para identificar os grupos mais afetados pelas mudanças.


La pandemia de COVID-19 puede acentuar problemas existentes, impidiendo el acceso al aborto legal, con el consiguiente incremento de abortos inseguros. Este escenario es quizás incluso peor en los países de bajos y medios ingresos, especialmente en Latinoamérica, donde las leyes del aborto son de por sí restrictivas y el acceso a los servicios ya se encuentra obstaculizado. Nuestro objetivo fue comprender cómo han lidiado diferentes países, poniendo énfasis en los latinoamericanos, con servicios legales de aborto en el contexto de la COVID-19. Por lo tanto, realizamos una revisión narrativa sobre el aborto y el COVID-19. Se incluyeron 75 artículos, así como otras referencias relevantes, indicando que la pandemia impacta en los servicios de salud sexual y reproductiva, lo que amplifica los problemas existentes y restringe el acceso a derechos reproductivos, tales como el aborto legal. Este impacto quizás fue incluso más fuerte en los países con ingresos bajos y medios, especialmente en Latinoamérica, donde el acceso al aborto legal se encuentra restringido normalmente. La revisión de fuentes en este artículo subraya la necesidad urgente de mantener los servicios de aborto legal, tanto desde la perspectiva de las mujeres, apoyando sus derechos reproductivos, así como también desde el compromiso internacional, con el fin de alcanzar las Objetivos de Desarrollo del Milenio. De este modo, los países latinoamericanos deben situar los derechos reproductivos como prioridad en sus agendas y adaptar su legislación para incorporar modelos alternativos de atención al aborto. Nuestros resultados también destacam la necesidad de información precisa para el funcionamiento de los servicios de salud sexuales y reproductivos, como algo esencial para entender el impacto de la pandemia en el aborto legal, así como para identicar a los grupos más afectados por los cambios.


Assuntos
Humanos , Feminino , Aborto Induzido , COVID-19 , Brasil , Aborto Legal , Países em Desenvolvimento , Pandemias , SARS-CoV-2 , América Latina/epidemiologia
6.
Epidemiol. serv. saúde ; 30(1): e201953, 2021. tab, graf
Artigo em Inglês, Português | LILACS | ID: biblio-1154145

RESUMO

Objetivo: Identificar determinantes socioeconômicos e de atenção à saúde na variação espacial da gravidez na adolescência, Brasil, 2014. Métodos: Estudo ecológico espacial com municípios como unidades de análise. Utilizou-se regressão linear espacial para verificar associações entre taxa de fecundidade em adolescentes de 15 a 19 anos e variáveis socioeconômicas e de saúde. Resultados: A fecundidade na adolescência associou-se negativamente a maior cobertura da Estratégia Saúde da Família (ß = -0,011 ­ IC95% -0,017;-0,005), número adequado de consultas de pré-natal (ß = -0,122 ­ IC95% -0,224;-0,132) e menor renda familiar média per capita (ß = -0,104 ­ IC95% -0,105;-0,103); e positivamente, ao índice de Gini (ß = 7,031 ­ IC95% 4,793;9,269), baixa renda (ß = 0,127 ­ IC95% 0,108;0,145), maior densidade domiciliar (ß = 6,292 ­ IC95% 5,062;7,522) e baixa escolaridade (ß = 0,260 ­ IC95% 0,224;0,295). Conclusão: Menores acesso a atenção básica e renda associam-se a maior taxa de fecundidade na adolescência. Piores indicadores socioeconômicos e de atenção à saúde associam-se a maior taxa de fecundidade na adolescência.


Objetivo: Identificar determinantes socioeconómicos y de atención a la salud en la variación espacial del embarazo adolescente en Brasil en 2014. Métodos Estudio espacial ecológico con municipios como unidades de análisis. La regresión lineal espacial se utilizó para verificar la asociación entre la tasa de fecundidad adolescente (15-19 años) y variables socioeconómicas y de salud. Resultados: La tasa de fecundidad adolescente se asoció negativamente con mayor cobertura de la Estrategia de Salud Familiar (ß = -0,011 ­ IC95% -0,017;-0,005), número adecuado de consultas prenatales (ß = -0.122 ­ IC95% -0,132;-0,224) e bajo ingreso familiar promedio per cápita (ß = -0,104 ­ IC95% -0,105;-0,103). Esta asociación fue positiva con el índice de Gini (ß = 7,031 ­ IC95% 4,793; 9,269), bajos ingresos (ß = 0,127 ­ IC95% 0,108; 0,145), mayor densidad familiar (ß = 6,292 ­ IC95% 5,062; 7,522) y baja escolaridad (ß = 0,260 ­ IC95% 0,224; 0,295). Conclusión: El menor acceso a la atención primaria y menores ingresos están asociados con una mayor fecundidad en la adolescencia. Los peores indicadores socioeconómicos y de atención a la salud se asocian con una mayor tasa de fecundidad en la adolescencia.


Objective: To identify socioeconomic and health care determinants of spatial variation in adolescent pregnancy in Brazil in 2014. Methods: This was a spatial ecological study having municipalities as units of analysis. Spatial linear regression was used to verify association between the fertility rate in 15-19 year-old women and socioeconomic and health variables. Results: The adolescent fertility rate was negatively associated with higher Family Health Strategy coverage (ß = -0.011 - 95%CI -0.017;-0.005), an adequate number of prenatal consultations (ß = -0.122 - 95%CI -0.132;-0.224) and low average family income per capita (ß = -0.104 - 95%CI -0.105;-0.103). Association was positive in relation to the Gini index (ß = 7.031 - 95%CI 4.793;9.269), low income (ß = 0.127 - 95%CI 0.108;0.145), higher household density (ß = 6.292 - 95%CI 5.062;7.522) and less schooling (ß = 0.260 - 95%CI 0.224;0.295). Conclusion: Reduced access to primary care and lower income are associated with higher adolescent fertility rates. Poorer socioeconomic and health care indicators are associated with higher adolescent fertility rates.


Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Adolescente , Adulto , Adulto Jovem , Gravidez na Adolescência/estatística & dados numéricos , Idade Materna , Determinantes Sociais da Saúde , Fatores Socioeconômicos , Brasil , Análise Espaço-Temporal , Acessibilidade aos Serviços de Saúde
7.
Cad. Saúde Pública (Online) ; 36(supl.1): e00035618, 2020.
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1055641

RESUMO

Resumo: O objetivo deste artigo é analisar as práticas e significados em torno da ultrassonografia obstétrica (USG) em mulheres com abortamento na maternidade pública em Salvador, Bahia, Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, etnográfica, que envolveu observação participante das interações entre mulheres, profissionais de saúde médicos e não médicos, na sala de USG de uma maternidade pública, durante três meses. A USG ocupa um lugar central no itinerário abortivo das mulheres e sua prática é incorporada à rotina institucional e definidora de condutas na atenção ao abortamento na maternidade em estudo. Nesse contexto, são produzidas categorias distintas de "mulheres com aborto", cujo acionamento depende da interpretação da imagem ecográfica. A forma de significar o estado de saúde e a condição moral de uma mulher com suspeita de aborto se relaciona com a presença ou não de um feto vivo no seu útero, além da idade gestacional em que a tentativa ou efetivação do aborto aconteceu. Concluímos que, quando as evidências ecográficas indicam que houve (provavelmente) um aborto em estágios iniciais de uma gravidez, os próprios profissionais colaboram com as mulheres em desativar o processo semiótico que levaria à atribuição de um sentido de natureza humana ao concepto. Quanto mais tarde se interrompeu uma gestação, mais provável é que o processo de significação sobre as imagens sustente a ideia de que ali havia uma Pessoa. A moral hegemônica sobre aborto e sua criminalização modulam as construções simbólicas e as práticas em torno do exame de USG em mulheres com abortamento.


Resumen: El objetivo de este artículo es analizar las prácticas y significados en torno a la ultrasonografía obstétrica (USG) con mujeres que abortaron en la maternidad pública en Salvador, Bahía, Brasil. Se trata de una investigación cualitativa, etnográfica, que implicó observación participante de las interacciones entre mujeres, profesionales de salud médicos y no médicos, en la sala de USG de una maternidad pública, durante tres meses. La USG ocupa un lugar central en el itinerario abortivo de las mujeres y su práctica está incorporada a la rutina institucional y definitoria de conductas en la atención del aborto en la maternidad en estudio. En ese contexto, se producen categorías distintas de "mujeres que abortan", cuyo inicio del proceso depende de la interpretación de la imagen ecográfica. La forma de dar significado al estado de salud y la condición moral de una mujer, sospechosa de abortar, se relaciona con la presencia o no de un feto vivo en su útero, además de la edad gestacional en la que la tentativa o realización del aborto se produjo. Concluimos que, cuando las evidencias ecográficas indican que hubo (probablemente) un aborto en estadios iniciales de un embarazo, los propios profesionales colaboran con las mujeres en desactivar el proceso semiótico que conduciría a la atribución de un sentido de naturaleza humana al concepto. Cuanto más tarde se interrumpió una gestación, lo más probable es que el proceso de significación sobre las imágenes sustente la idea de que allí había un ser humano. La moral hegemónica sobre el aborto y su criminalización modulan las construcciones simbólicas y las prácticas en torno al examen de USG en mujeres que abortaron.


Abstract: This article aims to analyze the practices and meanings involved in obstetric ultrasound (USG) in women undergoing abortion at public maternity hospital in Salvador, Bahia, Brazil. This is a qualitative ethnographic study that included three months of participant observation in the interactions between these women and medical and non-medical staff in the USG room of a public maternity hospital. USG has a central place in women's abortion itinerary, and its practice is incorporated into the institution's routine and the definition of approaches to abortion care at the maternity hospital studied here. In this context, distinct categories of "women with abortion" are produced and mobilized according to the interpretation of the USG images. The way the health condition and moral status of a woman with suspected abortion are defined depends on the presence or absence of a live fetus in her uterus, in addition to the gestational age at which the attempted or completed abortion occurred. We conclude that when the USG evidence indicates that there was (probably) an abortion in the initial stages of a pregnancy, the health professionals themselves help the women by disconnecting the semiotic process that would result in assigning a sense of human nature to the embryo. The later a pregnancy is terminated, the more likely the process of defining the images will sustain the idea that there was a person there. The hegemonic morals on abortion and its criminalization in Brazil modulate the symbolic constructions and practices involved in the USG test in women experiencing abortion.


Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Aborto Induzido , Maternidades , Brasil , Pessoal de Saúde , Hospitais Públicos
8.
Cad. Saúde Pública (Online) ; 36(supl.1): e00189618, 2020. tab, graf
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1055643

RESUMO

As desigualdades sociais no Brasil se refletem na busca por atenção pelas mulheres com abortamento, as quais enfrentam barreiras individuais, sociais e estruturais, expondo-as a situações de vulnerabilidades. São as negras as mais expostas a essas barreiras, desde a procura pelo serviço até o atendimento. O estudo objetivou analisar os fatores relacionados às barreiras individuais na busca do primeiro atendimento pós-aborto segundo raça/cor. A pesquisa foi realizada em Salvador (Bahia), Recife (Pernambuco) e São Luís (Maranhão), Brasil, com 2.640 usuárias internadas em hospitais públicos. Foi realizada regressão logística para análise das diferenças segundo raça/cor (branca, parda e preta), considerando-se "não houve barreiras individuais na busca pelo primeiro atendimento" como categoria de referência da variável dependente. Das entrevistadas, 35,7% eram pretas, 53,3% pardas e 11% brancas. Mulheres pretas tinham menor escolaridade, menos filhos e declararam mais o aborto como provocado (31,1%), após 12 semanas de gestação (15,4%). Relataram mais barreiras individuais na busca pelo primeiro atendimento (32% vs. 28% entre pardas e 20,3% entre brancas), tais como o medo de ser maltratada e não ter dinheiro para o transporte. Na regressão, confirmou-se a associação entre raça/cor preta e parda e barreiras individuais na busca de cuidados pós-aborto, mesmo após o ajuste por todas as variáveis selecionadas. Os resultados confirmam a situação de vulnerabilidade das pretas e pardas. A discriminação racial nos serviços de saúde e o estigma em relação ao aborto podem atuar simultaneamente, retardando a ida das mulheres ao serviço, o que pode configurar uma situação limite de maior agravamento do quadro pós-abortamento.


Las desigualdades sociales en Brasil se reflejan en la búsqueda de atención sanitaria por parte de las mujeres que abortan, que enfrentan barreras individuales, sociales y estructurales, exponiéndolas a situaciones de vulnerabilidad. Las negras son las más expuestas a estas barreras, desde la búsqueda del servicio hasta la atención. El estudio tuvo como objetivo analizar los factores relacionados con las barreras individuales en la búsqueda de la primera atención post-aborto según raza/color. La investigación se realizó en Salvador (Bahia), Recife (Pernambuco) y São Luis (Maranhão), Brasil, con 2.640 pacientes internadas en hospitales públicos. Se realizó una regresión logística para el análisis de las diferencias según raza/color (blanca, mulata/mestiza y negra), considerándose "no tuvo barreras individuales en la búsqueda de la primera atención" como categoría de referencia de la variable dependiente. De las entrevistadas 35,7% eran negras, 53,3% mulatas/mestizas y 11% blancas. Las mujeres negras tenían menor escolaridad, menos hijos y declararon más el aborto como provocado (31,1%), tras 12 semanas de gestación (15,4%). Informaron más barreras individuales en la búsqueda de la primera atención (32% vs. 28% entre multas/mestizas y un 20,3% entre las blancas), tales como el miedo de ser maltratada y no tener dinero para el transporte. En la regresión se confirmó la asociación entre raza/color negro y mulato/mestizo y barreras individuales en la búsqueda de cuidados post-aborto, incluso tras el ajuste por todas las variables seleccionadas. Los resultados confirman la situación de vulnerabilidad de las negras y mulatas/mestizas. La discriminación racial en los servicios de salud y el estigma en relación con el aborto pueden actuar simultáneamente, retardando la ida de las mujeres al servicio de salud, lo que puede constituir una situación límite de mayor gravedad en el cuadro post-aborto.


Social inequalities in Brazil are reflected in women's search for abortion care, when they face individual, social, and structural barriers and are exposed to situations of vulnerability. Black women are the most heavily exposed to these barriers, from the search for the service to the care itself. The study aimed to analyze factors related to individual barriers in the search for first post-abortion care according to race/color. The study was conducted in Salvador (Bahia State), Recife, (Pernambuco State) and São Luís (Maranhão State), Brazil, with 2,640 patients admitted to public hospitals. Logistic regression was performed to analyze differences according to race/color (white, brown, and black), with "no individual barriers in the search for first care" as the reference category in the dependent variable. Of the women interviewed, 35.7% were black, 53.3% brown, and 11% white. Black women had less schooling, fewer children, and reported more induced abortions (31.1%) and more second-trimester abortions (15.4%). Black women reported more individual barriers in the search for first care (32% vs. 28% in brown women and 20.3% in whites), such as fear of being mistreated and lack of money for transportation. Regression analysis confirmed the association between black and brown race/color and individual barriers in the search for post-abortion care, even after adjusting for all the selected variables. The results confirmed the situation of vulnerability for black women and brown women in Brazil. Racial discrimination in health services and abortion-related stigma can act simultaneously, delaying women's access to health services, a limitation that can further complicate their post-abortion condition.


Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Criança , Aborto Induzido , Acessibilidade aos Serviços de Saúde , Brasil , Inquéritos e Questionários , Estigma Social
9.
Cad. Saúde Pública (Online) ; 36(supl.1): e00190418, 2020. tab, graf
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1055646

RESUMO

O objetivo deste estudo é atualizar o conhecimento sobre o aborto inseguro no país. Foi realizada uma revisão sistemática com busca e seleção de estudos via MEDLINE e LILACS, sem restrição de idiomas, no período 2008 a 2018, com avaliação da qualidade dos artigos por meio dos instrumentos elaborados pelo Instituto Joanna Briggs. Foram avaliados 50 artigos. A prevalência de aborto induzido no Brasil foi estimada por método direto em 15% no ano de 2010 e 13% no ano de 2016. Prevalências mais elevadas foram observadas em populações socialmente mais vulneráveis. A razão de aborto induzido por 1.000 mulheres em idade fértil reduziu no período 1995-2013, sendo de 16 por 1.000 em 2013. Metade das mulheres referiu a utilização de medicamentos para a interrupção da gestação e o número de internações por complicações do aborto, principalmente complicações graves, reduziu no período 1992-2009. A morbimortalidade materna por aborto apresentou frequência reduzida, mas alcançou valores elevados em contextos específicos. Há um provável sub-registro de óbitos maternos por aborto. Transtornos mentais comuns na gestação e depressão pós-parto foram mais frequentes em mulheres que tentaram induzir um aborto sem sucesso. Os resultados encontrados indicam que o aborto é usado com frequência no Brasil, principalmente nas regiões menos desenvolvidas e por mulheres socialmente mais vulneráveis. O acesso a métodos mais seguros provavelmente contribuiu para a redução de internações por complicações e para a redução da morbimortalidade por aborto. Entretanto, metade das mulheres ainda recorre a outros métodos e o número de internações por complicações do aborto é ainda elevado.


El objetivo de este estudio es actualizar el conocimiento sobre el aborto inseguro en el país. Se realizó una revisión sistemática con búsqueda y selección de estudios vía MEDLINE y LILACS, sin restricción de idiomas, durante el período de 2008 a 2018, con una evaluación de la calidad de los artículos mediante instrumentos elaborados por el Instituto Joanna Briggs. Se evaluaron 50 artículos. La prevalencia de aborto inducido en Brasil se estimó por el método directo en un 15% durante el año 2010 y en un 13% durante el año 2016. Se observaron prevalencias más elevadas en poblaciones socialmente más vulnerables. La razón de aborto inducido por 1.000 mujeres en edad fértil se redujo durante el período de 1995-2013, siendo de 16 por 1.000 en 2013. La mitad de las mujeres informó sobre la utilización de medicamentos para la interrupción de la gestación y el número de internamientos por complicaciones del aborto, principalmente complicaciones graves, se redujo durante el período 1992-2009. La morbimortalidad materna por aborto presentó una frecuencia reducida, pero alcanzó valores elevados en contextos específicos. Existe un probable subregistro de óbitos maternos por aborto. Trastornos mentales comunes en la gestación y depresión posparto fueron más frecuentes en mujeres que intentaron inducir un aborto sin éxito. Los resultados encontrados indican que el aborto es usado con frecuencia en Brasil, principalmente en las regiones menos desarrolladas y por mujeres socialmente más vulnerables. El acceso a métodos más seguros probablemente contribuyó a la reducción de internamientos por complicaciones y a la reducción de la morbimortalidad por aborto. Sin embargo, la mitad de las mujeres todavía recurre a otros métodos y el número de internamientos por complicaciones del aborto es todavía elevado.


This study sought to update knowledge on unsafe abortion in Brazil. We carried out a systematic review with study search and selection on MEDLINE and LILACS, with no language restriction, from 2008 to 2018. We evaluated article quality using the Joanna Briggs Institute instruments. We evaluated 50 articles. The prevalence of induced abortion in Brazil was estimated by a direct method to be 15% in 2010 and 13% in 2016. Higher prevalences were observed in more socially vulnerable populations. There was a decrease in the ratio of induced abortions by 1,000 women of reproductive age in the period 1995-2013, reaching 16 per 1,000 in 2013. Half of all women reported using medications for terminating pregnancies and the number of hospital admissions due to complications from abortion, especially severe complications, decreased from 1992 to 2009. Maternal morbimortality from abortion had a reduced frequency but reached high values in specific contexts. It is likely that maternal deaths from abortion are under-reported. Common mental disorders during pregnancy and postpartum depression were more frequent among women who unsuccessfully attempted to induce an abortion. Findings indicate that abortion is frequently used in Brazil, especially in less-developed regions and by more socially-vulnerable women. Access to safer methods probably contributed to the reduction in hospitalizations due to complications and to the reduction in morbimortality from abortion. However, half of all women still resort to other methods and the number of admissions due to complications from abortion is still high.


Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Aborto Induzido , Brasil/epidemiologia , Prevalência , Hospitalização
10.
Cad. Saúde Pública (Online) ; 36(supl.1): e00197918, 2020. graf
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1055647

RESUMO

A pesquisa sobre o aborto impõe grandes desafios, que são redobrados em contextos onde a prática é ilegal. As mulheres tendem a omitir a interrupção voluntária da gravidez ou declarar o aborto como espontâneo, o que resulta em subestimação da sua ocorrência. A pesquisa sobre o tema é imprescindível, por permitir estimativas de incidência do aborto e de suas complicações, e a identificação de demandas insatisfeitas e de grupos mais vulneráveis de modo a embasar ações e políticas de saúde. Neste artigo pretendeu-se descrever os principais desafios enfrentados, a partir de uma revisão de estudos originais sobre o tema e da reflexão das autoras com base na realização de pesquisas empíricas. Discute-se as dificuldades para obtenção da informação, as estratégias e técnicas utilizadas para aumentar a acurácia e a confiabilidade, seus limites e vantagens, e para estimativas de ocorrência do aborto e de suas complicações, com o uso de métodos diretos (entrevistas e extração de dados de prontuários) e indiretos (fontes de dados secundários de morbidade e mortalidade). Na investigação das complicações do aborto, aborda-se os estudos de mortalidade e morbidade enfatizando-se as especificidades dos abortos entre as causas obstétricas. São apontados os principais indicadores utilizados e aspectos metodológicos para sua construção. Recomendações são feitas para superar problemas metodológicos e realizar novos estudos. Em conclusão, a relevância da pesquisa sobre o aborto e a necessidade de abordagens para contemplar sua complexidade são reiteradas.


La investigación sobre el aborto impone grandes desafíos, que son redoblados en contextos donde la práctica es ilegal. Las mujeres tienden a omitir la interrupción voluntaria del embarazo o declarar el aborto como espontáneo, lo que resulta en un subestimación de su ocurrencia. La investigación sobre este tema es imprescindible, al permitir estimaciones de incidencia del aborto y de sus complicaciones, y la identificación de demandas insatisfechas y de grupos más vulnerables, de modo que puedan fundamentar acciones y políticas de salud. En este artículo se pretendió describir los principales desafíos enfrentados, a partir de una revisión de estudios originales sobre el tema y de la reflexión de las autoras, en base a la realización de investigaciones empíricas. Se discuten las dificultades para la obtención de la información, las estrategias y técnicas utilizadas para aumentar la precisión y la confiabilidad, sus límites y ventajas, y para las estimaciones de ocurrencia del aborto y sus complicaciones, con el uso de métodos directos (entrevistas y extracción de datos de registros médicos) e indirectos (fuentes de datos secundarios de morbilidad y mortalidad). En la investigación de las complicaciones del aborto, se abordan los estudios de mortalidad y morbilidad enfatizándose las especificidades de los abortos entre las causas obstétricas. Se apuntan los principales indicadores utilizados y aspectos metodológicos para su construcción. Las recomendaciones se realizan para superar problemas metodológicos y realizar nuevos estudios. En conclusión, se reiteran la relevancia de la investigación sobre el aborto y la necesidad de abordajes para contemplar su complejidad.


Abortion research faces great challenges, even more so in contexts in which it is illegal. Women tend to omit the voluntary termination of pregnancy or to declare having miscarried, which results in an underestimation of abortions. Research on this subject is indispensable because it enables us to estimate the incidence of abortion and its complications, and to identify unmet demands and more vulnerable groups so as to subsidize health actions and policies. In this article, we seek to describe the main challenges faced by researchers through a review of original studies on abortion and our reflections based on empirical studies we have conducted. We discuss the difficulties in obtaining information, strategies and techniques used to increase accuracy and reliability and their limits and advantages, and strategies for estimating the occurrence of abortion and its complications, using direct (interviews and data from medical charts) and indirect (secondary data on mortality and morbidity) methods. When investigating abortion complications, we address studies on mortality and morbidity, emphasizing the specificities of abortion among obstetric causes. We discuss the main indicators used by researchers and methodological aspects of their construction. We make recommendations for overcoming methodological problems and conducting new studies. In the conclusion, we reiterate the relevance of research on abortion and the need for approaches that contemplate its complexity.


Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Aborto Induzido , Países em Desenvolvimento , Brasil/epidemiologia , Aborto Criminoso , Reprodutibilidade dos Testes , Morbidade
11.
Cad. Saúde Pública (Online) ; 36(supl.1): e00197718, 2020. tab
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1055649

RESUMO

As complicações do aborto são um importante problema de saúde pública e pesquisas para avaliar a qualidade da atenção requerem ferramentas de aferição adequadas. Este estudo dá sequência ao processo de refinamento de um instrumento para esse fim - QualiAborto-Pt. Utilizando-se dados de um inquérito com 2.336 mulheres internadas por complicações do aborto em 19 hospitais de três capitais do Nordeste brasileiro (Salvador - Bahia, Recife - Pernambuco e São Luís - Maranhão), implementou-se uma sequência de análises fatoriais exploratórias e confirmatórias com base em um protótipo de 55 itens. As análises apontam para uma estrutura de 17 itens em cinco dimensões: acolhimento, orientação, insumos/ambiente físico, qualidade técnica e continuidade do cuidado. Todos os itens do modelo final evidenciam confiabilidade aceitável, ausência de redundância de conteúdo, especificidade fatorial, e guardam coerência teórica com as respectivas dimensões. A solução também mostra validade fatorial discriminante. Ainda que persistam algumas questões a aprofundar e acertar, esta versão merece ser recomendada para uso no Brasil.


Las complicaciones del aborto son un importante problema de salud pública y las investigaciones para evaluar la calidad de la atención requieren herramientas de medición adecuadas. Este estudio da continuación al proceso de perfeccionamiento de un instrumento para este fin - QualiAborto-Pt. Se utilizaron datos de una encuesta con 2.336 mujeres internadas por complicaciones con el aborto en 19 hospitales de tres capitales del nordeste brasileño (Salvador - Bahia, Recife - Pernambuco e São Luís - Maranhão), se implementó una secuencia de análisis factoriales exploratorios y confirmatorios, a partir de un prototipo de 55 ítems. Los análisis apuntan una estructura de 17 ítems en cinco dimensiones: acogida, orientación, insumos/ambiente físico, calidad técnica y continuidad del cuidado. Todos los ítems del modelo final evidencian confiabilidad aceptable, ausencia de redundancia de contenido, especificidad factorial, y guardan coherencia teórica con sus respectivas dimensiones. La solución también muestra validez factorial discriminante. A pesar de que persistan algunas cuestiones por profundizar y acertar, esta versión merece ser recomendada para su uso en Brasil.


Abortion complications are a major public health problem, and studies to assess the quality of abortion care require adequate measurement tools. This study is a continuation of such an instrument's refinement, the QualiAborto-Pt questionnaire. Using data from a survey of 2,336 women hospitalized for abortion complications in 19 hospitals in three state capitals in Northeast Brazil (Salvador - Bahia, Recife - Pernambuco, and São Luís - Maranhão), we implemented a series of exploratory and confirmatory factor analyses based on a 55-item prototype. The analyses indicate a structure with 17 items in five dimensions: reception, orientation, inputs/physical environment, technical quality, and continuity of care. All the items in the final model displayed acceptable reliability, absence of content redundancy, and factor specificity, as well as theoretical consistency with the respective dimensions. The solution also shows discriminant factor validity. Despite some persistent issues for further analysis and clarification, this version merits recommendation for use in Brazil.


Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Aborto Induzido , Psicometria , Brasil , Inquéritos e Questionários , Reprodutibilidade dos Testes , Análise Fatorial
12.
Saúde debate ; 44(spe4): 324-340, 2020.
Artigo em Português | LILACS-Express | LILACS | ID: biblio-1290134

RESUMO

RESUMO Esta revisão narrativa sintetizou evidências científicas sobre desigualdades de gênero e raça na pandemia de Covid-19, enfocando o trabalho produtivo/reprodutivo das mulheres, a violência de gênero e o acesso aos Serviços de Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR). Os resultados confirmam que as desigualdades sociais devem ser consideradas para o efetivo controle da pandemia e para a preservação de direitos. Para além dos efeitos diretos do SARS-CoV-2, discute-se que barreiras de acesso a serviços de SSR podem ocasionar o aumento de gravidezes não pretendidas, abortos inseguros e mortalidade materna. O distanciamento social tem obrigado muitas mulheres a permanecer confinadas com seus agressores e dificultado o acesso a serviços de denúncia, incorrendo no aumento da violência de gênero e em desfechos graves à saúde. Como principais responsáveis pelo cuidado, as mulheres estão mais expostas a adoecer nas esferas profissional e doméstica. A conciliação trabalho-família tornou-se mais difícil para elas durante a pandemia. A literatura naturaliza as diferenças de gênero, raça e classe, com ênfase em fatores de risco. Uma agenda de pesquisa com abordagem interseccional é necessária para embasar a formulação de políticas que incorporem os direitos humanos e atendam às necessidades dos grupos mais vulneráveis à Covid-19.


ABSTRACT This narrative review synthesized scientific evidence on gender and race inequalities in the Covid-19 pandemic, focusing on women's productive/reproductive work, gender-based violence, and the access to Sexual and Reproductive Health Services (SRHS). The results demonstrated that social inequalities must be considered for the effective control of the pandemic and for the preservation of rights. Besides the direct effects of SARS-CoV-2, the literature discusses that barriers to access SRHS can lead to an increase in unintended pregnancies, unsafe abortions, and maternal mortality. Also, social distancing has led several women to stay confined with their aggressors, which hinders the access to reporting services, incurring in the increase of gender-based violence and severe outcomes to health. As main responsible for the care, women are more prone to getting the virus in both professional and domestic spheres. The conciliation between work and family has become more difficult for them during the pandemic. Literature naturalizes gender, race, and social class differences, emphasizing risk factors. An intersectional research plan is needed to support the making of public policies that incorporate human rights and meet the needs of the most vulnerable to Covid-19.

13.
Rev. bras. crescimento desenvolv. hum ; 28(1): 77-81, Jan.-Mar. 2018.
Artigo em Inglês | LILACS | ID: biblio-958510

RESUMO

INTRODUCTION: The Zika virus was identified in 1947 in Rhesus monkeys in the Republic of Uganda and isolated in humans in 1952 in the same country. Up to 2007 there were few cases of human infection in African and Asian countries. The first outbreak of the Zika virus occurred in Brazil in 2015, becoming a serious public health problem due to the increase in the number of cases of microcephaly in infected pregnant women. OBJECTIVE: To describe the legal abortion at Zika virus infection during pregnancy regarding medical, emotional and social consequences. perspectives of abortion for the pregnant woman with Zika virus regarding the medical, emotional and social consequences. METHODS: This is a documentary study based on documents about abortion and its outcomes in Brazil. Technical norms, textbooks, indexed articles of Scopus and PubMed, documents extracted from international human rights treaties and conventions, and legal documents on the subject were used. It was decided to direct the text based on the experiences of each theme on abortion and its outcomes in Brazil, with a synthesis of the current scenario. RESULTS: Recognizing the exceptional nature of this situation, it is sought to confer an interpretation according to the Constitution and Article 128 of the Criminal Code, based on an analogical application, which seeks to protect the physical and mental health of women infected by the Zika virus. It is possible to qualify the practice of abortion in these circumstances as atypical conduct by the state of necessity, excluding the unlawfulness by comparing with articles 23, I and 24 of the Penal Code. CONCLUSION: Authorizing the termination of pregnancy after diagnosis of the virus Zika guarantees women the free exercise of their reproductive rights, which is not confused with state imposition of abortion or eugenic practice.


INTRODUÇÃO: O vírus Zika foi identificado em 1947 em macacos Rhesus na República de Uganda e isolado em seres humanos, em 1952, no mesmo país. Até 2007 registram-se poucos casos da infecção em humanos em países africanos e asiáticos. O primeiro surto epidêmico do vírus Zika ocorreu no Brasil, em 2015, tornando-se grave problema de saúde pública devido a elevação do número de casos de microcefalia em gestantes infectadas. OBJETIVO: Descrever as perspectivas jurídicas do aborto para a gestante com vírus Zika a partir das consequências médicas, emocionais e sociais. MÉTODO: Trata-se de estudo documental realizado a partir de documentos sobre o aborto e seus desfechos no Brasil. Utilizaram-se normativas técnicas, livros-texto, artigos em bases indexadas do Scopus e PubMed, documentos extraídos de tratados e convenções internacionais de Direitos Humanos e documentos jurídicos acerca da temática. Optou-se por direcionar o texto a partir das experiências de cada temática sobre o aborto e seus desfechos no Brasil, com síntese do cenário atual. RESULTADOS: Reconhecendo o caráter excepcional dessa situação, busca-se conferir uma interpretação conforme a Constituição e o artigo 128 do Código Penal, a partir de uma aplicação analógica, que busque tutelar a saúde física e psíquica das mulheres contaminadas pelo vírus Zika. É possível qualificar a prática do aborto nessas circunstâncias como conduta atípica pelo estado de necessidade, excluindo a ilicitude por equiparação aos artigos 23, I e 24, do Código Penal. CONCLUSÃO: Autorizar a interrupção da gravidez após o diagnóstico do vírus Zika garante às mulheres o livre exercício dos seus direitos reprodutivos, o que não se confunde com imposição estatal do aborto ou prática eugênica.


Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Gravidez , Saúde da Mulher , Aborto Induzido/legislação & jurisprudência , Aborto , Doenças Fetais , Zika virus , Microcefalia
14.
Cad. Saúde Pública (Online) ; 34(6): e00168116, 2018. tab, graf
Artigo em Inglês | LILACS | ID: biblio-952412

RESUMO

Abstract: Around 18 million unsafe abortions occur in low and middle-income countries and are associated with numerous adverse consequences to women's health. The time taken by women with complications to reach facilities where they can receive appropriate post-abortion care can influence the risk of death and the extent of further complications. All women aged 18+ admitted for abortion complications to public-sector hospitals in three capital cities in the Northeastern Brazil between August-December 2010 were interviewed; medical records were extracted (N = 2,804). Nearly all women (94%) went straight to a health facility, mainly to a hospital (76.6%); the rest had various care-seeking paths, with a quarter visiting 3+ hospitals. Women waited 10 hours on average before deciding to seek care. 29% reported difficulties in starting to seek care, including facing challenges in organizing childcare, a companion or transport (17%) and fear/stigma (11%); a few did not initially recognize they needed care (0.4%). The median time taken to arrive at the ultimate facility was 36 hours. Over a quarter of women reported experiencing difficulties being admitted to a hospital, including long waits (15%), only being attended after pregnant women (8.9%) and waiting for a bed (7.4%). Almost all women (90%) arrived in good condition, but those with longer delays were more likely to have (mild or severe) complications. In Brazil, where access to induced abortion is restricted, women face numerous difficulties receiving post-abortion care, which contribute to delay and influence the severity of post-abortion complications.


Resumo: Cerca de 18 milhões de abortos são realizados por ano em condições inseguras nos países de renda baixa e média, associados a numerosas consequências negativas para a saúde das mulheres. O tempo despendido pelas mulheres com complicações até chegar aos serviços onde possam receber os cuidados adequados no período pós-aborto podem influenciar o risco de morte e o grau das complicações posteriores. Foram entrevistadas todas as mulheres com 18 anos ou mais internadas devido a complicações do aborto em hospitais públicos em capitais estaduais do Nordeste brasileiro entre agosto e dezembro de 2010, e os prontuários foram analisados (N = 2.804). Quase todas as mulheres (94%) se dirigiram diretamente a um serviço de saúde, principalmente hospitais (76,6%), enquanto as outras seguiram diversos itinerários em busca de atendimento. Uma em cada quatro mulheres percorreu três ou mais hospitais. As mulheres esperavam uma média de dez horas antes de decidir buscar atendimento. 29% relatavam dificuldades no início da busca, inclusive desafios na organização dos cuidados dos filhos, com acompanhantes ou transporte (17%) e medo/estigma (11%). Uma pequena minoria (0,4%) não se deu conta inicialmente da necessidade de cuidados médicos. O tempo mediano para chegar até o serviço de saúde finalmente utilizado foi 36 horas. Mais de uma em cada quatro mulheres relatava dificuldades em conseguir internação hospitalar, inclusive tempo de espera prolongado (15%), atendimento apenas depois que todas as mulheres grávidas estivessem sido atendidas (8,9%) e espera por um leito (7,4%). Quase todas as mulheres (90%) chegavam em boas condições, mas aquelas sujeitas a esperas mais prolongadas mostraram maior probabilidade de complicações (tanto leves quanto graves). No Brasil, onde o acesso ao aborto induzido é restrito, as mulheres enfrentam muitas dificuldades para receber cuidados pós-aborto, o que contribui aos atrasos e impacta a gravidade das complicações pós-aborto.


Resumen: Cerca de 18 millones de abortos inseguros se producen en países de renta media o baja y están asociados con numerosas consecuencias adversas para la salud de la mujer. El tiempo que tardan las mujeres con complicaciones en llegar a los servicios médicos, donde puedan recibir cuidados apropiados tras un aborto, puede tener influencia en el riesgo de muerte y existencia de futuras complicaciones de salud. Todas las mujeres con 18+ años, admitidas por complicaciones durante un aborto en hospitales del sector público de tres capitales del Nordeste brasileño, entre agosto y diciembre de 2010, fueron entrevistadas; y sus historiales médicos resumidos (N = 2.804). Casi todas las mujeres (94%) fueron directamente a una institución sanitaria, en su mayoría un hospital (76,6%); el resto buscaron diferentes vías de cuidados, con una cuarta parte visitando 3+ hospitales. Las mujeres esperaron 10 horas de media antes de decidir buscar cuidados. Un 29% informó de dificultades al empezar a buscar cuidados, incluyendo el hacer frente a los desafíos para organizar el cuidado infantil, un acompañante o transporte (17%) y miedo/estigma (11%); otras en un principio no reconocieron la necesidad de cuidados (0,4%). La media de tiempo que les llevaba llegar al servicio de salud definitivo era 36 horas. Más de un cuarto de las mujeres informaron vivir dificultades estando admitidas en un hospital, incluyendo largas esperas (15%), sólo siendo atendidas tras las mujeres embarazadas (8,9%) y esperando una cama (7,4%). Casi todas las mujeres (90%) llegaron en buenas condiciones, pero aquellas con retrasos más largos eran las que estaban más expuestas a tener complicaciones (leves o graves). En Brasil, donde el acceso al aborto inducido está limitado, las mujeres se enfrentan a numerosas dificultades para recibir cuidado tras un aborto, lo que contribuye a retrasos e influye en la gravedad de las complicaciones post aborto.


Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Adulto , Adulto Jovem , Complicações na Gravidez/terapia , Serviços de Saúde da Mulher/estatística & dados numéricos , Saúde da Mulher/estatística & dados numéricos , Aborto Induzido/efeitos adversos , Acessibilidade aos Serviços de Saúde/estatística & dados numéricos , Fatores de Tempo , Brasil , Estudos Transversais , Fatores de Risco , Estigma Social , Hospitalização/estatística & dados numéricos
15.
Hist. ciênc. saúde-Manguinhos ; 23(1): 37-56, enero-mar. 2016. tab
Artigo em Português | LILACS | ID: lil-777302

RESUMO

Resumo Discute o aborto pelas perspectivas de mulheres internadas em uma maternidade pública de Salvador (BA). Enfatiza a observação participante do cotidiano do hospital e descreve trabalho de campo com técnicas de pesquisa qualitativa e quantitativa. Por perspectiva etnográfica, aborda a experiência hospitalar de mulheres diante da interrupção, voluntária ou não, da gravidez e apresenta o ponto de vista dos profissionais de saúde, argumentando que a forma pela qual a instituição estrutura a atenção ao aborto e os processos de simbolização a ela imbricados afetam profundamente as experiências das mulheres. Aponta que a discriminação contra as mulheres que abortam está integrada a estrutura, organização e cultura institucionais, e não apenas a ações individuais dos profissionais.


Abstract The article discusses abortion and miscarriage from the perspective of women admitted to a public maternity hospital in Salvador (BA), Brazil. Based on qualitative and quantitative research, it draws on participant observation of everyday hospital life. Taking an ethnographic approach, it addresses the hospital experiences of women who had miscarriages or induced abortions, also presenting the views of health professionals. It argues that the way the institution structures care for abortion and miscarriage involves symbolic processes that profoundly affect women’s experiences. The discrimination against women who have had abortions/miscarriages is an integral part of the structure, organization and culture of these institutions, and does not derive solely from the individual actions of healthcare personnel.


Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Adolescente , Adulto , Adulto Jovem , Aborto Criminoso , Aborto Espontâneo , Atitude do Pessoal de Saúde , Relações Profissional-Paciente , Discriminação Social , Aborto Criminoso/psicologia , Aborto Espontâneo/psicologia , Aborto Espontâneo/terapia , Antropologia Cultural , Brasil , Maternidades/organização & administração , Hospitais Públicos/organização & administração , Entrevistas como Assunto , Cultura Organizacional , Recursos Humanos em Hospital/psicologia , Preconceito , Inquéritos e Questionários
16.
Cad. Saúde Pública (Online) ; 32(2): e00004815, 2016.
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-952258

RESUMO

Resumo Baseado numa investigação qualitativa desenvolvida em 2012, o artigo analisa experiências de abortos provocados de pessoas de estratos sociais médios realizados em clínicas privadas. Foram narradas 34 histórias de gravidezes interrompidas em clínicas por 19 mulheres e cinco homens, residentes em duas capitais do Nordeste brasileiro. Uma análise temática revela que existem diferentes tipos de clínicas e de atendimento prestados pelos médicos. O artigo mostra que a realização de um aborto em uma clínica privada não é garantia de um atendimento humanizado e seguro. As narrativas fornecem descrições de diversas situações e práticas, desde aquelas com algumas falhas, como a falta de informações sobre os medicamentos, até outras com abusos graves, como procedimentos realizados sem anestesia. Assim, conclui-se que a ilegalidade da prática do aborto, no Brasil, permite que as clínicas funcionem sem qualquer tipo de regulação do Estado, não impedindo que as mulheres realizem abortos, mas as expondo a situações de total vulnerabilidade e de violação dos direitos humanos.


Abstract Based on a qualitative study conducted in 2012, the article analyzes middle-class individuals' experiences with induced abortions performed in private clinics. Thirty-four stories of induced abortions were narrated by 19 women and five men living in two state capitals in Northeast Brazil. Thematic analysis revealed differences in types of clinics and care provided by the physicians. The article shows that abortion in private clinics fails to guarantee safe or humane care. The narratives furnish descriptions of diverse situations and practices, ranging from flaws such as lack of information on medicines to others involving severe abuses like procedures performed without anesthesia. The article concludes that criminalization of abortion in Brazil allows clinics to operate with no state regulation; it does not prevent women from having abortions, but exposes them to total vulnerability and violation of human rights.


Resumen En base a una investigación cualitativa, desarrollada en 2012, el artículo analiza experiencias abortivas practicadas en personas de estratos sociales medios, realizadas en clínicas privadas. 19 mujeres y cinco hombres residentes en dos capitales del nordeste brasileño narraron 34 historias de embarazo interrumpido en clínicas de estas zonas. El análisis temático revela que existen diferentes tipos de clínicas y de atención, donde ejercen su labor los médicos. El artículo muestra que la práctica de un aborto en una clínica no es garantía de una atención humanizada y segura. Las historias describen diversas situaciones y prácticas, desde aquellas con algunos fallos tales como la falta de información sobre los medicamentos, hasta otras con abusos graves como procedimientos abortivos realizados sin anestesia. Por ello, se concluye que la ilegalidad de la práctica del aborto en Brasil permite que las clínicas funcionen sin ningún tipo de regulación del Estado, lo que no impide que las mujeres realicen abortos, exponiéndolas a situaciones de total vulnerabilidad y violación de sus derechos humanos.


Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Gravidez , Adulto , Adulto Jovem , Prática Privada/normas , Serviços de Saúde da Mulher/normas , Aborto Induzido/normas , Acessibilidade aos Serviços de Saúde , Fatores Socioeconômicos , Brasil , Atitude do Pessoal de Saúde , Inquéritos e Questionários , Aborto Induzido/métodos , Pesquisa Qualitativa , Pessoa de Meia-Idade
17.
Rev. bras. saúde matern. infant ; 14(3): 229-239, Jul-Sep/2014. tab, graf
Artigo em Português | LILACS, BVSAM | ID: lil-725699

RESUMO

Avaliar a estrutura de maternidades que prestam atenção a mulheres em situação de abortamento no Sistema Único de Saúde, em Salvador, Recife e São Luís. Métodos: foram selecionadas três maternidades em cada capital. Os dados foram obtidos por entrevista com gerente do serviço ou equipe de direção e observação direta. Utilizou-se instrumento com 120 questões pontuadas abrangendo seis componentes - planta física, recursos materiais, recursos humanos, materiais de consumo, educação em saúde e ferramentas de gestão que incorporam quatro dimensões de avaliação - insumo/ambiente físico; qualidade técnica e gerencial do cuidado; acolhimento/orientação e continuidade da atenção. Os resultados foram categorizados pelo percentual obtido em relação ao máximo esperado: suficiente (B a 80 por cento); intermediário (de 50 por cento a 79 por cento); insuficiente (< 50 por cento). Resultados: os componentes melhor pontuados foram planta física, recursos materiais e material de consumo. Educação em saúde e ferramentas de gestão tiveram pior pontuação. Nenhuma unidade atingiu nível considerado suficiente. Sete foram classificadas no nível intermediário e duas insuficiente. Conclusões: as unidades estudadas não apresentam estrutura adequada para o modelo de atenção ao abortamento preconizado. Há necessidade de intervenções para qualificar a estrutura dos serviços para a atenção ao aborto e promover a huma-nização do cuidado...


To assess the structure of maternity hospitals that provide care for woman undergoing abortions in the Brazilian National Health Service in the cities of Salvador, Recife and São Luís. Methods: three maternity hospitals were selected in each State capital. The data were obtained by way of interviews with the service manager or team of directors and direct observation. The interviews involved 120 questions divided into six sections - physical infrastructure, material resources, human resources, consumable materials, health education and management tools, covering four areas of evaluation - materials/physical environment; technical quality and care management; reception/guidance and continuity of care. The results were presented as a percentage of the maximum possible score: adequate (B80 percent); average (50 percent - 79 percent); inadequate (< 50 percent). Results: the highest scoring sections were physical infrastructure, material resources and consumable materials. Health education and management tools received the worst scores. No unit was deemed to have attained an adequate level of care. Seven were classified as average and two as inadequate. Conclusions: the units studied did not have an adequate structure for the intended abortion care model. There is a need for intervention to improve the structure of abortion care services and to promote the humanization of care...


Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Aborto , Atenção à Saúde , Avaliação em Saúde , Brasil , Maternidades , Sistema Único de Saúde
18.
Interface comun. saúde educ ; 17(45): 405-418, abr.-jun. 2013.
Artigo em Português | LILACS | ID: lil-678217

RESUMO

O trabalho buscou compreender a experiência de mulheres internadas por abortamento provocado em três hospitais públicos de Salvador, Bahia, a partir do percurso e das interações que estabelecem com profissionais e outras usuárias. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 19 mulheres sobre a experiência nos distintos momentos da internação e a avaliação da atenção recebida. Abortos e partos anteriores, próprios ou de conhecidas suas, conformam expectativas sobre a atenção recebida. A experiência das mulheres foi marcada por sentimentos negativos, pela dor física e emocional, mas, também, pelo alívio com o fim da gravidez e do risco de morte. Sofrimento adicional foi condicionado pela percepção de um "não-cuidado" e atitudes de discriminação pelo aborto, contrariando as atuais normas técnicas. Paradoxalmente, a maioria avaliou positivamente a atenção, embora com críticas. Esforços devem ser feitos para humanizar a assistência ao abortamento, considerando as experiências das mulheres.


This study sought to understand the experiences of women hospitalized due to induced abortion, at three public hospitals in Salvador, Bahia, from the path followed and interactions established with professionals and other users. Semi-structured interviews were conducted with 19 women, regarding their experiences at different times of hospitalization and their evaluations of attention received. These women's previous abortions and deliveries, or those of acquaintances, influenced their expectations regarding attention received. Their experiences were marked by negative feelings and physical and emotional pain, but also by relief regarding the ending of pregnancy and the risk of death. Additional distress was caused by perceptions of being "uncared for" and attitudes of discrimination because of having aborted, thus going against current technical rules. Paradoxically, most of the women evaluated the attention positively, although with criticisms. Efforts need to be made towards humanizing care in abortion cases, taking into account these women's experiences.


El objetivo del trabajo fue comprender la experiencia de mujeres internadas por aborto inducido en tres hospitales públicos de Salvador, Bahia, considerando el recorrido y las interacciones establecidas con profesionales y otras mujeres. Se realizaron entrevistas semi-estructuradas con 19 mujeres, indagando sobre su experiencia durante la internación hospitalaria y sobre la atención recibida. Abortos y partos anteriores, suyos o de conocidas, conforman expectativas sobre la atención recibida. La experiencia relatada por las mujeres estuvo marcada por sentimientos negativos, por el dolor físico y emocional, pero también por el alivio del fin del embarazo y del riesgo de muerte. El sufrimiento adicional fue condicionado por la percepción de un "no cuidado" y de actitudes de discriminación sobre el aborto, contradiciendo las normas técnicas actuales. Paradójicamente, la mayoría evaluó positivamente la atención, aunque hizo críticas. Considerando las experiencias de las mujeres, es necesario realizar esfuerzos para humanizar la asistencia al aborto.


Assuntos
Humanos , Feminino , Aborto Induzido , Hospitalização , Humanização da Assistência
19.
Rev. saúde pública ; 47(supl.2): 10-18, jun. 2013. tab, graf
Artigo em Português | LILACS | ID: lil-688076

RESUMO

OBJETIVO: Apresentar as estratégias de comunicação e recrutamento no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) e discutir os resultados alcançados na constituição da coorte. MÉTODOS: As estratégias foram voltadas à divulgação, à institucionalização e ao recrutamento propriamente dito. As ações de comunicação pretenderam promover o fortalecimento de imagem institucional positiva para o estudo, a gestão de conhecimentos e o diálogo eficaz com seu público-alvo. Foi criado web site oficial visando dialogar com diferentes públicos, funcionar como difusor científico e contribuir para a consolidação da imagem do estudo perante a sociedade. RESULTADOS: Foram recrutados 16.435 mulheres e homens, servidores ativos e aposentados de seis instituições públicas de ensino e pesquisa para constituir a coorte de 15.105 participantes. As metas de recrutamento foram plenamente alcançadas nos seis centros, com leve predomínio de mulheres e daqueles mais jovens, e um pouco menos de servidores com menor escolarização. CONCLUSÕES: As estratégias utilizadas se mostraram adequadas e essenciais para o sucesso da captação e participação dos servidores. .


OBJECTIVE: To present the recruitment and communication strategies of the ELSA-Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - Brazilian Longitudinal Study for Adult Health). METHODS: The strategies were directed at dissemination, institutionalization and recruitment. The communication actions intended to promote the strengthening of a positive institutional image for the study, knowledge management and an effective dialogue with its target audience. An official website was created in order to communicate with different audiences, to disseminate scientific knowledge, and to contribute to consolidate the image of the study within society. RESULTS: We recruited 16,435 men and women, active employees and retirees of six public institutions of education and research, to constitute the cohort of 15,105 participants. The recruitment goals were fully achieved in the six centers, with a slight predominance of women and of younger adults, and slightly fewer employees with lower level of schooling. CONCLUSIONS: The strategies used were adequate and essential to the successful inclusion and participation of the employees. .


Assuntos
Adulto , Idoso , Feminino , Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Comunicação , Seleção de Pacientes , Sujeitos da Pesquisa , Brasil/epidemiologia , Estudos de Coortes , Estudos Longitudinais , Fatores Socioeconômicos
20.
Rev. saúde pública ; 47(supl.2): 105-112, jun. 2013. tab
Artigo em Português | LILACS | ID: lil-688079

RESUMO

O Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) é um estudo de coorte composto de 15.105 adultos acompanhados para avaliar o desenvolvimento de doenças crônicas, especialmente diabetes e doença cardiovascular. Seu porte, natureza multicêntrica e diversidade de medidas exigiram mecanismos ágeis e efetivos de garantia e controle de qualidade. Entre as atividades de garantia de qualidade (aquelas desenvolvidas antes de iniciar a coleta de dados), destacam-se: seleção criteriosa dos instrumentos de pesquisa, treinamento e certificação centralizados, pré-testes e estudos pilotos, e elaboração de manuais de operações para os procedimentos. As atividades de controle de qualidade (realizadas durante a coleta e processamento dos dados) foram efetuadas mais intensivamente no início, quando as rotinas ainda não estavam estabelecidas. Entre elas, ressaltam-se: observação periódica dos aferidores, estudos de teste reteste, monitoramento dos dados, rede de supervisores e visitas cruzadas. Dados que estimam a confiabilidade das informações obtidas atestam que as metas de qualidade foram alcançadas.


The ELSA-Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - Brazilian Longitudinal Study for Adult Health) is a cohort study composed of 15,105 adults followed up in order to assess the development of chronic diseases, especially diabetes and cardiovascular disease. Its size, multicenter nature and the diversity of measurements required effective and efficient mechanisms of quality assurance and control. The main quality assurance activities (those developed before data collection) were: careful selection of research instruments, centralized training and certification, pretesting and pilot studies, and preparation of operation manuals for the procedures. Quality control activities (developed during data collection and processing) were performed more intensively at the beginning, when routines had not been established yet. The main quality control activities were: periodic observation of technicians, test-retest studies, data monitoring, network of supervisors, and cross visits. Data that estimate the reliability of the obtained information attest that the quality goals have been achieved.


Assuntos
Adulto , Humanos , Serviços de Saúde para Idosos/normas , Garantia da Qualidade dos Cuidados de Saúde , Controle de Qualidade , Brasil , Doenças Cardiovasculares/prevenção & controle , Doença Crônica , Diabetes Mellitus/prevenção & controle , Monitoramento Epidemiológico , Estudos Longitudinais/normas , Estudos Multicêntricos como Assunto/normas , Projetos Piloto
SELEÇÃO DE REFERÊNCIAS
DETALHE DA PESQUISA