Do neurônio ao nó / From the neuron to the node / Du neurone ao noeud

O autor busca obstinadamente o que o momento cognitivista pode ensinar sobre o discurso analítico. A formulação “do neurônio ao nó” poderia resumir, graças à ajuda da assonância das palavras, a trajetória da teoria psicanalítica dos inícios de Freud ao último Lacan. Mas poderíamos dizer que os nós ocupam o lugar dessa quantidade material que é colocada como premissa por Freud quando ele tenta elaborar uma psicologia que seja científica. Para que seja científica, ela deve tratar de algo material. Coloca-se a questão do que faz a correlação – fundada ou não? – entre ciência e matéria.

The author persistently seeks what the cognitivist moment can teach about analytical discourse. The phrase: “from the neuron to the node” could summarize the analytical speech of the trajectory of the psychoanalytic theory from the beginning of Freud first until the last of Lacan, with the help of the words in assonance. But we could say that these nodes occupy the place of this material quantity which is placed as Freud's premises when he tries to develop a psychology that is scientific. To be scientific, it must address to something that is material. This raises the question of what makes the correlation-founded or not - between science and material.

L'auteur cherche obstinément ce que le moment cognitiviste peut enseigner sur le discours analytique. La formulation "du neurone au noeud" pourrait résumer, grâce à l'aide de l’assonance des mots, la trajectoire de la théorie psychanalytique Du début de Freud jusqu’au dernier Lacan. Mais on pourrait dire que nous occupons la place de cette quantité materielle qui est établie comme prémisse par Freud quand il essaie de développer une psychologie qui est scientifique. Pour être scientifique, elle doit répondre à quelque chose de matériel. La question de ce qui fait la corrélation - fondée ou non? - entre la science et la matière.

A arte do diagnóstico: o rouxinol de Lacan / The art of diagnosis: the rouxinol of Lacan

A propósito do diagnóstico, Muller utiliza o texto O rouxinol de Keats, de Jorge Luís Borges, como apólogo do apa¬relho do significante. Retoma a categoria de sujeito, como dimensão do singular, que não se enquadra numa classe, já que o ser falante nunca realiza de maneira clara e exaustiva nenhuma classe. A lógica de uma proposição universal, ou seja, de uma classe, apaga justamente o que é específico de cada caso. O "sujeito", como efeito que desloca sem parada o indivíduo da espécie, o particular do universal e o caso da regra, introduz a contingência e, com ela, um mundo que não é nem o cosmos, nem um universo, mas a clínica para nosso tempo. Um caso particular jamais é um caso exemplar de uma regra ou de uma classe. O que há são exceções à regra, e essa é uma fórmula universal, paradoxal. Nessa dimensão, a prática não é a aplicação da teoria. Miller define o diagnóstico como uma arte, a arte de julgar um caso sem regra e sem classe preestabelecida. O sujeito se constitui sempre como uma exceção à regra e seu sintoma c sua invenção, ou re-invencâo, da regra que lhe falta.