RESUMO
Foram realizadas culturas de secreçöes genitais de 345 mulheres (entre 15 e 55 anos) e de 36 meninas (entre 1 e 10 anos), na sua maioria, para esclarecimento de suspeita de infecçäo genital. Os espécimes de 59 mulheres e de 14 meninas foram submetidos simultaneamente a exame microscópico (esfregaço corado pelo Gram). Foram isolados agentes envolvidos em infecçöes genitais em 32,5% das secreçöes de mulheres e em 61,1% das culturas de meninas. Candida (15,9%) e Gardnerella vaginalis (14,5%) foram os mais freqüentemente identificados nas secreçöes de mulheres. Vários outros microrganismos foram também isolados, como Haemophilus, enterobactérias, bacilos Gram-negativos näo-fermentadores, Staphylococcus e Streptococcus. Os espécimes obtidos de meninas deram crescimento a vários bacilos Gram-negativos e Gram-positivos. Os agentes mais freqüentes foram Escherichia coli e Haemophilus (30,5% e 22,2%, respectivamente). Culturas mistas foram mais freqüentes entre as meninas (36,1%) do que entre as mulheres (1,7%). Candida foi comumente isolada em associaçäo com Lactobacillus, enquanto nas culturas com G. vaginalis o crescimento de Lactobacillus foi incomum. Pelo exame direto do esfregaço corado pelo Gram, foi possível diagnosticar infecçöes por Candida, G. vaginalis e N. gonorrhoeae em 83,3% dos casos. Além disso, foi possível observar que as secreçöes com poucos leucócitos eram pobres em patógenos, enquanto as secreçöes com muitos leucócitos apresentavam germes patogênicos em cerca de metade dos espécimes. Nos casos de onde se isolou apenas flora bacteriana normal, a ocorrência de numerosos leucócitos chamou-nos à atençäo para a necessidade de se pesquisar outras causas de resposta inflamatória. Alguns indicadores de vaginose por G. vaginalis (ausência de Lactobacillus e crescimento de numerosas colônias de G. vaginalis) foram encontrados em quase todos os espécimes nos quais este agente foi isolado. Todas as secreçöes contendo G. vaginalis, diagnosticadas simultaneamente pelo Gram e na cultura, apresentaram numerosos leucócitos, levando à suspeita da existência de outros fatores responsáveis pela resposta inflamatória observada nestes casos