RESUMO
Objetivo. Diarréia aguda é enfermidade freqüente em países subdesenvolvidos. Este estudo teve a finalidade de avaliar os fatores clínicos e epidemiológicos associados ao óbito em 17 crianças, dentre 511 hospitalizadas com diarréia aguda na Fundaçao Hospital Italo Brasileiro Umberto I, entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995. Pacientes e Métodos. Os pacientes foram divididos em 2 grupos: óbito e sobrevida, de acordo com a evoluçao clínica ao término da internaçao. Os parâmetros avaliados foram: peso de nascimento, sexo, idade, procedência, tempo de duraçao da diarréia anterior à admissao, estado nutricional, estado de hidrataçao, agente enteropatogênico identificado nas fezes, tolerância alimentar e tempo de duraçao da internaçao. Resultados. Os fatores que mostraram associaçao significativa com óbito foram: idade, com risco relativo (RR)=4 para crianças com idade inferior a 6 meses; presença de Escherichia coli enteropatogênica clássica (EPEC) nas fezes (RR=3,3), desnutriçao protéico-calórica de III grau à internaçao (RR=4,5) e a ocorrência de intolerância alimentares no decorrer da internaçao (RR=2,7). Algum agente etiológico foi identificado nas fezes de 253 (54,9 por cento) crianças, dentre as 461 (90,2 por cento) pesquisas realizadas. Dentro do grupo óbito, a positividade da pesquisa etiológica foi de 75 por cento. O agente mais freqüentemente isolado no grupo óbito foi EPEC (56,3 por cento), seguido de Shigella (12,5 por cento). Os sorogrupos de EPEC (26,5 por cento) também foram os mais freqüentemente isolados no grupo sobrevida. Conclusoes. Idade inferior ou igual a seis meses, presença de EPEC nas fezes, desnutriçao protéico-calórica de III grau e intolerância alimentar sao fatores que estao interrelacionados na determinaçao de maior risco de morte nas crianças hospitalizadas com diarréia aguda. Septcemia e broncopneumonia apresentaram-se como importantes causas prováveis de óbito nas crianças hospitalizadas com diarréia aguda.