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1.
s.l; s.n; 2019. 1-156 p. ilus.
Monografia em Português | LILACS, MTYCI | ID: biblio-1122249

RESUMO

O uso terapêutico das plantas remonta ao período neanderthal. Achados arqueológicos de flores dos gêneros Achillea, Centaurea, Senecio, Muscari e Ephedra altissima, de 60.000 anos atrás, nas cavernas de Shanidar, no Iraque2, reforçam a hipótese do uso medicinal destas plantas - que hoje têm suas ações farmacológicas comprovadas por estudos científicos. A imensa maioria das plantas que utilizamos hoje já foi experimentada por centenas de gerações de animais e hominídeos. Esse processo etnobotânico, científico e histórico respalda o uso terapêutico de diversas plantas no contexto sanitário atual. Um exemplo é a erva-baleeira (Cordia verbenacea), conhecida por sua ação antiinflamatória e utilizada por povos antigos do litoral catarinense muito tempo antes de ser estudada e transformada emmedicamento fitoterápico. A validação científico acadêmica não se configura como o único modo de avaliar plantas a serem adotadas no cuidado em saúde. As plantasmedicinais transgridemvários paradigmas biomédicos. Embora seja importante conhecer as ações dos metabólitos isoladamente, a fitoterapia envolve muitas vezes o uso da planta inteira (um organismo vivo complexo) que contém centenas ou milhares de diferentes compostos que interagem entre si. Assim como na alopatia, é frequente saber do efeito terapêutico de uma planta, mas não se ter clareza de seu mecanismo de ação. A pesquisa em busca de um princípio ativo isolado, como no caso da artemisinina (derivada da espécie Artemisia annua), utilizada no tratamento da malária, representa certamente uma conquista científica. Num contexto de resistência ao antimalárico cloroquina, o desenvolvimento deste novo tratamento (artemisinina) surgiu como um bálsamo para pesquisadores e pacientes. No entanto, em muitos casos, o efeito de um único componente não é o ideal. Assimocorreu tambémcoma Artemisia annua/ artemisinina: inicialmente utilizada pelas populações do leste asiático para tratar malária (a planta inteira­ação sinérgica), foi "descoberta" pelos norte-americanos durante a Guerra do Vietnã. Dessa forma, tornou-se medicamento e, a partir de sua utilização como princípio ativo isolado, começarama surgir espécies de Plasmodium sp. resistentes à artemisinina.4 Considerando as inúmeras variáveis relacionadas à produção, armazenamento, processamento e utilização das ervas medicinais, o desenvolvimento de novos tratamentos complantas deveria focar primeiro na sinergia entre os constituintes vegetais.3 As plantasmedicinaismais utilizadas pela população são em geral seguras e bem toleradas. No entanto, algumas espécies podem produzir efeitos colaterais graves e, por isso, devem ser tratadas com respeito. O confrei (Symphytum officinale), por exemplo, quando utilizado incorretamente e em pessoas suscetíveis, pode provocar dano hepático grave ou fatal. A vivência e a interação com as plantas têm a capacidade de mudar a visão de mundo e ampliar a conexão do ser humano com a natureza. O resgate dessa relação é fundamental para superar a crise planetária atual e criar um ambiente futuro possível e saudável.


Assuntos
Plantas Medicinais , Ações Farmacológicas , Fitoterapia , Brasil , Medicina Tradicional
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