RESUMO
Abstract The aim of this research was to analyze pregnancy incidence and associated factors in a cohort of 753 women living with HIV/AIDS (WLWHA) in Rio de Janeiro, Brazil, from 1996 to 2016. Women aged 18-49 years who were not on menopause (surgical or natural) and did not have a tubal ligation were eligible for the study. Data were collected by medical professionals during initial and follow-up visits. Person-time pregnancy incidence rates were calculated throughout the follow-up period. Pregnancy incidence-associated factors were investigated by univariate and multiple analyzes, using an extension of the Cox survival model. Follow-up visits recorded 194 pregnancies, with an incidence rate of 4.01/100 person-years (95% CI: 3.47; 4.60). A higher pregnancy incidence was associated with CD4 nadir ≥ 350 cells/mm³, use of an antiretroviral regimen not containing Efavirenz, and prior teenage pregnancy. In turn, women with a viral load ≥ 50 copies/mL, age ≥ 35 years old, with two or more children and using a highly effective contraceptive method showed a lower incidence. Results showed a significant reduction in pregnancy incidence after 2006, a significant reduction in female sterilization from 1996 to 2016, and a high rate of cesarean sections. The association found between pregnancy incidence and the use of contraceptive methods and virological control markers suggests a good integration between HIV/AIDS and reproductive health services. The high rate of cesarean section delivery indicates the need to improve childbirth care.
Resumo O objetivo deste estudo foi analisar a incidência de gravidez e fatores associados em uma coorte de mulheres vivendo com HIV/aids (MVHA) no Rio de Janeiro, Brasil. Foi realizada uma coorte clínica com 753 MVHA entre 1996 e 2016. Mulheres com idade entre 18-49 anos que não estavam na menopausa natural ou cirúrgica e que não tinham laqueadura tubária foram elegíveis para o estudo. Os dados foram coletados durante as consultas iniciais e de acompanhamento por profissionais médicos. As taxas de incidência por pessoa-tempo foram calculadas durante todo o período de acompanhamento. Análises univariadas e múltiplas foram realizadas para investigar fatores associados à incidência de gravidez, utilizando uma extensão do modelo de sobrevida de Cox. Foram registradas 194 gestações durante as consultas de acompanhamento, com uma taxa de incidência de 4,01/100 pessoas-ano (IC95%: 3,47-4,60). Uma maior incidência de gravidez foi associada a nadir CD4 ≥ 350 células/mm³, terapia antirretroviral sem Efavirenz e gravidez anterior na adolescência, enquanto uma menor incidência foi observada em mulheres com carga viral ≥ 50 cópias/mL, idade ≥ 35 anos, com dois ou mais filhos e que usavam um método contraceptivo altamente eficaz. Houve uma redução significativa na incidência de gestações após 2006, uma redução significativa na esterilização feminina entre 1996 e 2016 e uma alta taxa de cesarianas. A associação entre a incidência de gestações e o uso de métodos contraceptivos e marcadores de controle virológico sugere uma boa integração entre HIV/aids e serviços de saúde reprodutiva. A alta taxa de cesarianas indica a necessidade de melhoria na assistência ao parto.
Resumen El objetivo de este estudio fue analizar la incidencia del embarazo y los factores asociados en una cohorte de mujeres que viven con VIH/SIDA (MVHA) en Río de Janeiro, Brasil. Se realizó una cohorte clínica con 753 MVHA entre 1996 y 2016. Las mujeres de 18-49 años que no estaban en la menopausia natural o quirúrgica y que no tenían ligadura de trompas fueron elegibles para el estudio. Los datos se recopilaron durante las consultas iniciales y de seguimiento por parte de profesionales médicos. Las tasas de incidencia por persona-tiempo se calcularon durante todo el período de seguimiento. Se realizaron análisis univariados y múltiples para investigar los factores asociados con la incidencia del embarazo utilizando una extensión del modelo de supervivencia de Cox. Se registraron 194 embarazos durante las consultas de seguimiento, con una tasa de incidencia de 4,01/100 personas-año (IC95%: 3,47-4,60). Una mayor incidencia de embarazo se asoció con nadir CD4 ≥ 350 células/mm3, terapia antirretroviral sin Efavirenz y embarazo previo en la adolescencia, mientras que una menor incidencia se observó en mujeres con carga viral ≥ 50 copias/mL, edad ≥ 35 años, con dos o más hijos y que usaban un método anticonceptivo muy eficaz. Hubo una reducción significativa en la incidencia de embarazos después de 2006, una reducción significativa en la esterilización femenina entre 1996 y 2016 y una alta tasa de cesáreas. La asociación entre la incidencia de embarazos y el uso de métodos anticonceptivos y marcadores de control virológico sugiere una buena integración entre el VIH/SIDA y los servicios de salud reproductiva. La alta tasa de cesáreas indica la necesidad de mejorar la asistencia al parto.
RESUMO
As mulheres com imunossupressão decorrente da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) apresentam maior risco para neoplasias intra-epiteliais e invasivas do trato genital. A modificação e aceleração do curso clínico habitualmente indolente da doença cervical também tem sido descrita nesta população de mulheres. O objetivo desse trabalho foi estimar a prevalência de lesões intra-epiteliais escamosas cervicais (SIL) na visita de inclusão das mulheres com HIV/AIDS na coorte do IPEC/FIOCRUZ e analisar os fatores associados às lesões intra-epiteliais escamosas cervicais de alto grau (HSIL). O diagnóstico de HSIL foi estabelecido através do exame colposcópico e histopatológico. O teste qui-quadrado foi aplicado para comparar as prevalências das lesões intra-epiteliais cervicais escamosas nos grupos de acordo com a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV), e com as faixas de contagem de linfócitos TCD4+. Para estimar a razão de prevalência (RP) de HSIL utilizamos o modelo de regressão de Poisson. Entre as 366 mulheres, a prevalência de neoplasias intra-epiteliais escamosas cervicais de alto grau foi 5,7%, de baixo grau foi 22,1% e de carcinoma escamoso 0,3%. Entre as 21 mulheres com diagnóstico histopatológico de HSIL, 15 apresentavam imagem colposcópica de LSIL. Entre estas 21 mulheres, 100% encontravam-se infectadas por genótipos oncogênicos do HPV. Maior prevalência de HSIL foi observada nas mulheres com idade igual ou inferior a 29 anos (RP=10,4; IC95%: 1,32 83,01), fumantes (RP=3,6; IC95%: 1,40 9,32), com diagnóstico concomitante de neoplasias intra-epiteliais de vulva e/ou vagina (RP=3,0; IC95%: 1,05- 8,86) e com um maior grau de imunodeficiência (RP=5,6; IC95%: 1,24 25,5). A presença de infecção pelo genótipo oncogênico do HPV em 100% das mulheres com diagnóstico de HSIL sugere o papel etiológico deste tipo de HPV na gênese das HSIL. Além da colpocitologia oncótica, a colposcopia deve ser considerada no rastreio e diagnóstico das SIL em mulheres com HIV/AIDS, principalmente nas mulheres mais jovens, com hábitos tabágicos, com maior grau de imunodeficiência e com diagnóstico concomitante de neoplasias intra-epiteliais de vulva e/ou vagina. Naquelas com imagem colposcópica sugestiva de LSIL a biópsia dirigida pela colposcopia deve ser realizada de forma sistemática.