RESUMO
Objetivo: avaliar a dor em crianças submetidas ao transplante de células-tronco hematopoéticas. Métodos: pesquisa longitudinal e analítica, com crianças internadas para transplante de células-tronco hematopoéticas, com escala Faces Pain Scale Revised, a cada quatro horas, do internamento à alta hospitalar, analisados com frequência absoluta, relativa e teste qui-quadrado. Resultados: nove crianças de quatro a nove anos de idade foram avaliadas, totalizando 1.095 avaliações, em 23,4% foram relatados algum escore de dor; destas, 38,9% foram em região hipofaríngea; 78,8%, dor moderada. O qui-quadrado mostrou significância entre escores de dor e semanas pós-transplante e existência da dor entre as crianças analisadas. Conclusão: embora a dor não tenha acometido grande proporção de crianças, as dores moderada e forte abrangeram cerca de 80,0% das queixas, ao longo do processo de transplante de células-tronco hematopoéticas. Desta forma, sugere-se que a avaliação da dor seja um dos sinais a serem inseridos nos protocolos das intervenções de enfermagem nesse contexto de cuidar. (AU)
Assuntos
Humanos , Criança , Enfermagem Pediátrica , Medição da Dor , Transplante de Células-Tronco HematopoéticasRESUMO
A dor na criança é uma experiência desafiadora para os profissionais de enfermagem, pois exige conhecimento das fases de desenvolvimento e crescimento infantil e métodos específicos adequados para seu desenvolvimento cognitivo. Trata-se de uma Pesquisa Convergente Assistencial, desenvolvida no serviço de transplante de células- tronco hematopoéticas de um hospital de ensino, no período de outubro de 2014 a julho de 2015. Objetivou desenvolver a avaliação da dor das crianças submetidas ao transplante de células-tronco hematopoéticas. Os participantes foram 11 crianças transplantadas e 36 profissionais de enfermagem, lotados na Unidade de internação. O estudo foi submetido e aprovado no Comitê de Ética do hospital de ensino, com o CAAE nº 34666314000000096 e parecer de nº 784.683. A coleta de dados foi desenvolvida em cinco etapas: 1ª sondagem do conhecimento dos profissionais de enfermagem; 2ª capacitação participante com os profissionais de enfermagem; 3ª aplicação das escalas de avaliação da dor unidimensional Faces Pain Scale Revised, e comportamental Faces, Legs, Activity, Cry and Consolability, com as crianças internadas; 4ª supervisão capacitante com os profissionais de enfermagem; e, 5ª grupo de discussão. A análise dos dados coletados foi realizada com base nos quatro processos da Pesquisa Convergente Assistencial: apreensão, síntese, teorização e transferência, na síntese temática por estatística descritiva simples. Resultados: Evidenciou-se durante a sondagem do conhecimento que os profissionais de enfermagem desconhecem os mecanismos da dor na criança; na capacitação participante, os profissionais identificam as principais causas de dor durante o transplante de células-tronco hematopoéticas e, os métodos não farmacológicos utilizados durante este processo; na avaliação da dor, destacou-se a subestimação da dor pelos profissionais nos escores autorrelatados pelas crianças e, a falta de registro das avaliações no formulário da avaliação da dor pelos profissionais de enfermagem; na supervisão capacitante ocorreu a troca de informações entre a pesquisadora e profissionais sobre as particularidades da criança e sua dor e esclarecimento das dúvidas na prática da avaliação da dor na criança; e nos grupos de discussão ressaltou a importância da avaliação da dor. Considerou-se como potencialidades: os profissionais de enfermagem reconheceram as principais causas de dor e métodos não farmacológicos utilizados para a dor na criança no transplante de células-tronco hematopoéticas; a utilização da pesquisa convergente assistencial fortaleceu a união da prática com a cientificidade; os profissionais de enfermagem compreenderam e aplicaram as escalas de avaliação de dor nas crianças durante o processo de transplante de células-tronco hematopoéticas. As principais fragilidades encontradas no decorrer da pesquisa foram a falta de registro da avaliação da dor pelos profissionais de enfermagem, além do julgamento e questionamento sobre a dor na criança, o uso de placebo, a submedicação referida e, a não inclusão do acompanhante familiar no processo de avaliação da dor da criança. Os profissionais de enfermagem apesar de reconhecerem a dor na criança, necessitam de constante educação em serviço para o melhor manejo e tratamento desta dor.
Pain in children is a challenging experience for nursing professionals, since it requires knowledge of the stages of development and child growth, and appropriate specific methods for their cognitive development. It is a Convergent Care Research, developed in the service of hematopoietic stem cell transplantation of a teaching hospital from October 2014 to July 2015. It objectified to carry out the assessment of pain in children undergoing the transplantation of hematopoietic stem cells. Participants were 11 transplanted children and 36 nursing professionals, working at the Hospital Unit. The study was submitted and approved by the Ethics Committee, under number 34666314000000096, and opinion n. 784.683. Data collection was developed in five steps, as follows: 1st nursing professionals' knowledge survey; 2nd participant training with nursing professionals; 3rd application of the unidimensional Faces Pain Scale Revised, and behavioral Faces, Legs, Activity, Cry and Consolability Pain Scale to the hospitalized children; 4th supervised training with nursing professionals; and 5th discussion group. Analysis of the collected data was carried out grounded in the four processes of the Convergent Care Research: apprehension, synthesis, theorization and transference, in the thematic analysis by simple descriptive statistics. Results: During knowledge survey, it was evidenced that nursing professionals did not acknowledge pain in children; in the participant training, professionals identify the main causes of pain during hematopoietic stem cell transplantation as well as the non-pharmacological methods used during this process; in the pain assessment, it is pointed out the underestimation of the pain by the professionals from the children's self-reported scores, and lack of assessment records by the nursing professionals in the assessment formulary of pain; in the supervised training, there was information exchange between the researcher and the professionals on children's singularities and their pain, as well as the clarification of doubts on the practice of children's pain assessment; in addition, the importance of pain assessment was pointed out in the discussion groups. It was considered as potentialities: nursing professionals recognize the main causes of pain and non-pharmacological methods used for children undergoing hematopoietic stem cell transplantation; the use of the convergent care research strengthened the union of practice and scientific approach; nursing professionals understood and applied the pain assessment scales to the children during the process of hematopoietic stem cell transplantation. The main fragilities found along the research were the lack of pain assessment records by nursing professionals, besides the judgement and questioning of the pain in children, the use of placebo, the reported under-medication, and non-inclusion of the family companies in the process of pain assessment in children. In spite of recognizing the pain in children, nursing professionals need ongoing in-service education for better management and treatment of this pain.