RESUMO
A biomodificação radicular empregando ácido cítrico tem sido muito utilizada em procedimentos que visam à reinserção dos tecidos periodontais a raízes que estiveram expostas à doença periodontal. Ainda que trabalhos in vitro demonstrem efetividade da desmineralização radicular na neutralização de endotoxinas bacterianas, na ampliação das aberturas dos túbulos dentinários e na remoção da smear layer resultante da raspagem, os resultados de trabalhos clínicos frequentemente são discretos e nem sempre suportam uma correspondência com esses resultados laboratoriais favoráveis. Até o momento, não existe uma hipótese comprovada para explicar a aparente incongruência entre estudos in vitro e in vivo. A saliva é uma variável presente apenas nos trabalhos clínicos. Considerando seu potencial de penetração nos túbulos dentinários e de remineralização de superfícies de esmalte e dentina, este estudo teve o propósito de verificar e comparar a biocompatibilidade de fragmentos de raízes dentais humanas tratadas por raspagem manual seguida de desmineralização por ácido cítrico e de raízes que, após esse tratamento, foram contaminadas por saliva e implantados no tecido subcutâneo de ratos. Somente no período de avaliação de três dias, a análise microscópica qualitativa apresentou diferença estatisticamente significativa entre o grupo teste e controle, referente a presença de fibras inseridas e intensidade de infiltrado inflamatório. Baseado nos resultados obtidos nas análises microscópica, qualitativa e quantitativa, concluiu-se que a saliva interfere nos processos iniciais de cicatrização, mas ao longo do tempo os parâmetros de grau de fibrosamento do tecido reacional, presença de fibras inseridas e intensidade de infiltrado inflamatório se equiparam.