RESUMO
Introdução: A tuberculose (TB), em suas formas latente e ativa, é uma doença com alta relevância na saúde pública, responsável por 10 milhões de casos/ano e pela morte de 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo. Crianças e adolescentes abaixo de 15 anos representam 11% do total de notificações de novos casos, mas este percentual provavelmente é subestimado. Atividades educativas em TB aumentam a adesão ao tratamento e reduzem o estigma e o isolamento do paciente. A realização de atividades educativas para crianças, afetadas ou não pela TB, promove o conhecimento sobre a doença, ajuda na identificação de casos e reduz o risco de terapias incorretas. Objetivos: Desenvolvemos recurso educacional aberto e acessível sobre TB, voltado para crianças entre 6 e 11 anos de idade, sob a forma de um vídeo em animação. Foram integrados referenciais teóricos e metodológicos dos campos da educação e do design. Método: Trouxemos a abordagem do design thinking e uma metodologia baseada no Design Centrado no Usuário, em que são realizados ciclos incrementais de análise e desenvolvimento das soluções. Partimos de um produto base que fora elaborado por nós no âmbito de uma dissertação de mestrado do grupo de pesquisa do qual fazemos parte. Na produção do novo recurso educacional, nos baseamos em diretrizes da Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia (TCAM), de Richard E. Mayer. Realizamos uma Avaliação Heurística, entrevistas em profundidade, a análise do conteúdo das entrevistas e produzimos um conjunto de personas para apoiar o processo de criaçãoResultados: Elaboramos, para a primeira fase do projeto, instrumentos de avaliação a partir da integração dos referenciais elencados e identificamos problemas de usabilidade e de conformidade com os princípios da TCAM. Na fase de análise, entrevistamos remotamente seis profissionais de saúde do Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias (CMSDC). Obtivemos informações sobre a dinâmica de atendimento aos pacientes, os momentos em que eles têm (ou podem ter) acesso a recursos educacionais durante sua permanência nas dependências do CMSDC, e sobre o acesso bastante difundido a celulares, que são usados nos momentos de espera. Registramos dúvidas recorrentes dos pacientes e cuidadores, bem como informações sobre o vocabulário de conhecimento mais amplo entre este público. A partir da investigação do contexto de uso e dos requisitos da solução para o produto proposto, elaboramos personas e cenários de uso que foram usadas para a produção do recurso educacional. Partimos de um conjunto de imagens estáticas produzidas por nós em 2019 e entregamos um vídeo em animação que tem amplo potencial de distribuição e adaptação. Conclusões: O produto desenvolvido a partir da análise das necessidades, dos objetivos e do contexto de uso dos públicos-alvo tende a proporcionar uma experiência de uso mais satisfatória e eficiente. Tal recurso poderá impactar positivamente os conhecimentos de crianças e jovens em relação à TB, de modo a reduzir o estigma, favorecer a autoestima, promover o tratamento correto da doença e estimular a difusão de informações sobre a doença em nível comunitário. (AU)