RESUMO
O longo período de incubaçäo da hanseníase, seus sintomas e sinais insidiosos, assim como as deficiências operacionais no Programa de Controle, produzem dificuldades em seu diagnóstico. Essa situaçäo cria condições para considerar que existe uma prevalência oculta que leva incapacidade ao doente e influi na cadeia de transmissäo. Este trabalho objetivou aplicar indicadores para análises epidemiológica e operacional do Programa de Controle da Hanseníase no Distrito Sanitário Oeste, Uberlândia-MG, avaliando as incapacidades físicas dos pacientes como medida da qualidade do programa e estimativa de prevalência oculta. Foram analisados 138 prontuários de hansenianos diagnosticados no Centro de Saúde Escola da Universidade Federal de Uberlândia (CSE-UFU), de janeiro de 1995 a julho de 2000. No diagnóstico, 24 por cento dos pacientes apresentaram algum grau de incapacidade, inclusive grau I, evidenciando diagnóstico tardio. Na alta, 68 por cento dos pacientes que iniciaram o tratamento com grau zero permaneceram nesse grau e, entre aqueles que iniciaram com grau I, 61,5 por cento mantiveram a condiçäo, 23,1 por cento regrediram para zero e 15,4 por cento näo tiveram registro. Os indicadores operacionais refletiram um atendimento de boa qualidade no CSE-UFU. A prevelência oculta estimada foi de 27 casos para o ano 2000, elevando a taxa de prevelência conhecida de 10,22/10.000 habitantes para a taxa de prevalência real de 13,67/10.000, evidenciando uma endemia muito alta de hanseníase no Distrito Oeste. Discute-se a necessidade de adotar a avaliaçäo do grau de incapacidades como indicador de morbidade e controle da doença nos vários níveis de atençäo a fim de planejar ações para detectar os focos de endemia oculta nas comunidades