RESUMO
O desempenho da citologia de derrames cavitários tem importância na avaliaçao de eventuais metástases, discriminando lesoes benignas e malignas. Pelas características morfológicas de algumas lesoes, esta discriminaçao poderá ser comprometida, resultando em falsos diagnósticos, positivos ou negativos. O interesse em otimizar os diagnósticos citológicos é na rotina citológica. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar o diagnóstico da citologia de derrames, correlacionando o desempenho com o tipo histológico das neoplasias. Estudou-se retrospectivamente 3.551 casos de derrames malignos e 489 casos benignos, de pacientes atendidos no Hospital A.C. Camargo, de 1965 a 1999. Os tipos histológicos mais freqüentes de derrames malignos foram: 2.174 casos de adenocarcinomas: 386 de carcinomas espinocelulares: 361 de linfomas; 201 de carcinomas indiferenciados e 155 de sarcomas. A quantidade de falsos-negativos foi, de acordo com o tipo histológico: adenocarcinoma: 1.076 casos; carcinoma espinocelular: 279; linfoma: 118; sarcoma: 125 e Ca indiferenciado: 120. A sensibilidade da citologia para diagnóstico de câncer foi 50,50 por cento para adenocarcinoma; 47,92 por cento para linfoma; 40,30 por cento para carcinoma indiferenciado; 27,72 por cento para carcinoma espinocelular e 19,35 por cento para sarcoma. O Valor Preditivo Positivo (VP(+)) foi de 100 por cento para os cinco tipos histológicos mais freqüentes. Os casos histológicos nao-neoplásicos tiveram uma especificidade média de 96,70 por cento, e Valor Preditivo Negativo (VP(-)) de 100 por cento. Concluímos que a citologia apresenta uma alta capacidade resolutiva para neoplasias malignas que, quando diagnosticadas representam invariavelmente um resultado verdadeiro. Em contrapartida, a sensibilidade se mostrou baixa para os mais variados tipos histológicos.