RESUMO
Este artigo apresenta reflexões teórico-metodológicas sobre processo de investigação de pós-doutorado que objetivava basicamente construir - na ação - estratégia de "psico-sócio-formação" de pessoas envolvidas com a questão do morador de rua; criar e aplicar um recurso metodológico operacional denominado "conto de encontro transformador". Do ponto de vista teórico, sob perspectivas inter e transdisciplinares de produção do conhecimento, essa "pesquisa-ação-formação" baseou-se no encontro dialógico entre os conhecimentos sobre "encontro transformador", "resiliência" e "ágape" e construtos teóricos da área da Educação, com ênfase no processo de autoformação. O projeto contou com vinte participantes: moradores de rua; trabalhadores de instituições de apoio a moradores de rua; técnicos das Secretarias de Assistência Social da Prefeitura de São Paulo e/ou da Secretaria da Saúde; e provenientes da Universidade de São Paulo e de outras Universidades do Brasil, França e Canadá.
Assuntos
Apoio Social , Comunicação Interdisciplinar , Resiliência Psicológica , Pessoas Mal Alojadas , Sociologia , Brasil , Canadá , FrançaRESUMO
O artigo focaliza o processo de constituição de um corpo de conhecimento recente sobre a transdisciplinaridade. Baseia-se em fontes documentais de congressos e colóquios internacionais sobre o tema e apresenta tal processo como parte do amplo movimento de crítica, na atualidade, ao paradigma dominante que preside a ciência moderna, considerado fragmentador e redutor da realidade, porque centrado em disciplinas cujo pressuposto é ignorar o que existe entre e além de suas fronteiras. Discute as possibilidades do surgimento desse novo referencial relacionadas ao poder heurístico do termo transdisciplinaridade, considerado capaz de congregar cientistas de diferentes áreas e humanistas em geral em torno de um conjunto de idéias passível de representar a consecução de um grande ideal: integrar o conhecimento e humanizar a ciência. Essa proposta é considerada inovadora, por não colocar a transdisciplinaridade como uma hiperdisciplina, mas considera-la, ao lado da pluri, da inter e também da disciplina, como uma das quatro flexas de um mesmo arco: o do conhecimento. Também por propor o diálogo entre as ciências, assim como com a filosofia, a arte, a literatura, a experiência humana, etc. Destaca, igualmente, a capacidade heurística desse referencial, organizado sobre três pilares - a complexidade , os diferentes níveis de realidade e a lógica do terceiro incluído , por possibilitar avanços em estudos que o tem empregado objetivando a construção de uma metodologia transdisciplinar. Aponta, finalmente, para a contribuição que a adoção desse referencial poderá trazer para pesquisas no campo da saúde pública e coletiva.