RESUMO
Estudos sobre reservatórios e vetores silvestres da doença de Chagas realizados em várias localidades da Ilha de Santa Catarina revelaram que 23,5% (8/34) dos gambás e 5,2% (1/19) dos roedores estavam infectados pelo Trypanosoma cruzi. Por sua vez, 25,0% (3/12) dos morcegos exibiam, no sangue periférico, formas flageladas indistinguíveis do T.cruzi. Em relaçäo aos vetores silvestres verificou-se a existência de duas espécies de triatomíneos nos ecótopos naturais: Panstrongylus megistus e Rhodnius domesticus, com índices de infecçäo pelo T. cruzi excepcionalmente elevados, de 84,5% (115/136) e 66,6% (6/9) respectivamente. Nestes ecótopos, os triatomíneos encontravam-se exclusivamente em ninhos de gambás e roedores situados em ocos de árvores e touceiras de gravatás e todos os exemplares de P. megistus capturados eram formas jovens (ninfas). Por outro lado, pela primeira vez em Santa Catarina demonstrou-se a colonizaçäo de ecótopos artificiais (galinheiros e casa abandonada), por esta espécie de triatomíneo, no distrito de Lagoa da Conceiçäo. Sobre a doença de Chagas humana, säo mencionados dois novos casos seguramente adquiridos no Estado de Santa Catarina, um dos quais, provavelmente na Ilha de Santa Catarina. A transmissäo deve ter ocorrido por meio de adultos de P. megistus que nas épocas quentes do ano costumam invadir as habitaçöes humanas, apesar de, até o momento, näo ter sido registrada sua adaptaçäo ao domicílio. Os autores sugerem a inclusäo da doença de Chagas no diagnóstico diferencial das cardiopatias em indivíduos que sempre residiram na Ilha de Santa Catarina e recomendam a realizaçäo de inquéritos sorológicos humanos e de animais domésticos e a pesquisa de triatomíneos em domicílios na Lagoa da Conceiçäo