RESUMO
O presente artigo consiste numa análise psicossocial da identidade do Menor institucionalizado na FEBEM/SP, em dois momentos históricos distintos - 1979 e 1983/4. Na identidade do Menor acham-se incrustadas práticas institucionais, que säo predominantemente repressivas. Seu referencial tem sido o da rejeiçäo social, abandono, violência, institucionalizzaçäo, despreparo cognitivo e afetivo para enfrentar a vida fora da Instituiçäo. A política de humanizaçäo, entendida apenas como anti-repressäo, é necessária, mas näo suficiente. É necessária, enquanto ponto de partida das transformaçöes que se devem operar no seio desta entidade repressivo-assistencialista. O ponto de chegada projetado deveria convergir para um pedagogia democrática, que aponte, em última instância, para a desinstitucionalizaçäo do Menor. Fazemos no presente artigo uma reflexäo preliminar e inacabada sobre o alcance e os limites de uma pedagogia democrática numa Instituiçäo repressivo-assistencialista, como é a FEBEM/SP, no atual momento histórico. Os entraves políticos, econômicos, sociais, ideológicos obstaculizam a mudança institucional. No entanto, neste artigo, pretendemos desvendar aqueles obstáculos que ocorrem nos interstícios da Fundaçäo. Salientamos aqui, o nível molecular em que o poder é exercício no âmbito institucional, presente na vida cotidiana do Menor, na qual sua identidade é tecida. Objetivamos, com esta análise, chamar a atençäo para a potência de certos mecanismos aparentemente desprovidos de poder, os quais podem se tornar num relevante fator de inviabilizaçäo da proposta educacional. Com este procedimento, esperamos estar combatendo conclusöes superficiais e ideologizadas, que atribuem ao Menor a incapacidade de responder a um atendimento mais "humano", sem que o mesmo tenha sido plenamente efetivado