Filantropia, privatização e reforma: cenários da assistência psiquiátrica no estado do Paraná / Philanthropy, privatization, and reform: psychiatric assistance scenarios in the state of Paraná

Resumo O artigo discute as diferentes configurações da assistência psiquiátrica no Paraná, dos primeiros anos à contemporaneidade, considerando suas especificidades e relações com as políticas nacionais. A assistência iniciou-se em 1903, com a inauguração do Hospício Nossa Senhora da Luz, uma instituição filantrópica. Somente em 1954 o primeiro hospital público, o Hospital Colônia Adauto Botelho, começou a funcionar. Na década de 1960, a partir de convênios entre o governo estadual e hospitais privados para a instalação de leitos no interior, o processo de assistência psiquiátrica foi acelerado, assumindo uma perspectiva de privatização. Tal estratégia ensejou a configuração atual dessa assistência no estado, na qual o hospital especializado viceja, a despeito da existência de outros equipamentos preconizados pelas leis da reforma psiquiátrica.

Abstract The article discusses different psychiatric assistance arrangements in Paraná from the earliest years through today, taking into account the state’s unique features and relations with national policies. This assistance was first provided in 1903, when the Hospício Nossa Senhora da Luz philanthropic asylum was founded. It was only in 1954 that Hospital Colônia Adauto Botelho, the state’s first public hospital, began operations. In the 1960s, the Paraná government signed agreements with private hospitals for more beds in the interior, accelerating the provision of psychiatric assistance and fostering a privatization approach. This strategy led to the current situation in Paraná, where specialized hospitals are the rule, despite the existence of other facilities foreseen under the psychiatric reform legislation.

Uma questão de gênero na história brasileira da loucura e da psiquiatria / A question of gender in brazilian history of madness and of psychiatry

Nas diversas áreas do conhecimento é comum a realização de revisões de literatura ou balanços biliográficos, com pretensão ampla ou a partindo de recortes definidos, sobre as diferentes problemáticas (do ponto de vista teórico, metodológico ou temático) adstritas a estas áreas, apontando inclusive os diálogos com outras áreas. Nesta perspectiva não constitui surpresa alguma o fato de que tal ocorra em relação à História da Loucura e da Psiquiatria. As motivações para tanto podem ser as mais diversas, mas acredito que em linhas gerais todas as revisões atendem a dois propósitos, como indica Huertas: fornecer uma visão geral dos diferentes caminhos pelos quais tem andado tal ou qual história no decorrer de algum recorte temporal, bem como apontar caminhos possíveis para a continuidade das pesquisas. É esta a direção seguida por este texto, ou seja, apontar alguns dos caminhos no terreno da História da Loucura e da Psiquiatria produzida no Brasil, sobre como a questão de gênero tem sido abordada pela literatura especializada, propiciando assim, quiça, que se abram novos caminhos. Em razão da contemporaneidade da utilização do conceito gênero, bem como do desenvolvimento recente de pesquisas que podem ser adstritas a um campo, também definido a partir de um recorte de gênero - geradas principalmente a partir da décadda de 1980 no Brasil - , parto da apresentação de algumas revisões que indicam tendências da produção sobre loucura e psiquiatria, para então situar o lugar dos estudos de gênero nesta produção.

Historia e loucura: saberes, práticas e narrativas / History and madness: knowledge, practices and narratives

A loucura tem sido um tema recorrente nas Ciências Humanas, desde a publicação do livro 'História da loucura na idade clássica', de Michel Foucalt, em 1961. O tema suscita abordagens interdisciplinares que rendem estudos densos e possibilita a formação de uma nova mentalidade em face da loucura, o que permite redimensionar as simples nomenclaturas de normal e patológico. Este livro traz 11 capítulos que tratam destas questões relativas à loucura, indo das instituições de interdição da loucura até as narrativas que tecem as representações da loucura.

Loucura e cidade: os perigos do espaço urbano e a institucionalização da loucura / Madness and city: the dangers of the urban space and the institutionalization of madness

Faz uma abordagem sobre a loucura institucionalizada na cidade, pela circulação de certos tipos populares pelas ruas do Rio de Janeiro, e que emburaçados com grotescos andrajos excitam as risadas dos viandantes, e provocam apenas um sorriso de compaixão de envolta com a torrente de injúrias e ridículos epíteros com que são amofinados. Mesmo que a maioria dos 'loucos' parecesse inofensiva aos olhos dos circulantes, segundo Dr. Sigaud, não se deveria confiar demais, pois se tratava de mentecaptos que poderiam 'enfurecer-se e cometer atos homicidas de repente'.

Palácio para guardar doidos: uma história das lutas pela construçäo do hospital de alienados e da psiquiatria no Rio Grande do Sul / A palace for keeping the insane: a history of the fights for building the hospital for the insane and psychiatry in Rio Grande do Sul

Estuda a constituiçäo do discurso (saber/poder) médico-psiquiátrico no processo de conquista do espaço institucional preferencial de controle do louco, o hospício. Neste sentido, lança um olhar sobre as práticas médicas e as relaçöes que se estabelecem entre o saber e algumas das diferenças instâncias sociais envolvidas no processo de institucionalizaçäo da loucura (Estato, políticos, filantropos, polícia, justiça, etc.).