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Rev. bras. psicanál ; 47(2): 179-194, abr.-jun. 2013. ilus
Artigo em Português | LILACS-Express | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1138298

RESUMO

Fairbairn descreveu sua teoria madura como "obviamente adaptada para explicar tais manifestações severas como as encontradas em casos de personalidade múltipla" (1952/2002, p. 159). Nosso objetivo aqui é demonstrar a utilidade da teoria de Fairbairn para a compreensão e tratamento psi-canalítico deste transtorno. Começaremos com um breve resumo introdutório da teoria madura do autor, salientando alguns aspectos de seu pensamento anterior sobre este transtorno que guiaram o subsequente desenvolvimento dessa teoria. A seguir, apresentaremos uma versão estendida do modelo de Fairbairn. Em nossa discussão do material clínico de cinco casos de personalidade múltipla, ilustramos as maneiras pelas quais este modelo nos permite: 1) identificar diferentes personalidades múltiplas com estruturas de ego ou objetos internos específicos; 2) ilustrar agrupamentos (clusters) de múltiplos geralmente encontrados; 3) antecipar aspectos das relações que tipicamente existem entre personalidades múltiplas; e 4) antecipar as dinâmicas transferenciais relacionadas. Em seguida, discutimos nossa perspectiva fairbairniana em relação às importantes contribuições de Davis e Frawley (1992a, 1992b) e de Grotstein (1991, 1992, 1994a, 1994b). Postulamos que pode ocorrer uma dissociação traumática das estruturas endopsíquicas, e que tais estruturas endopsíquicas dissociadas podem ser reprimidas por longos períodos de tempo antes de a repressão ser retirada. Essas estruturas endopsíquicas e suas personalidades relacionadas, novamente conscientes, funcionam de uma maneira indicada pelo conceito de cisão vertical.


Fairbairn described his mature theory as one "obviously adapted to explain such extreme manifestations as are found in cases of multiple personality" (1952/2002, p. 159). Our purpose here is to demonstrate the usefulness of Fairbairn's theory to the psychoanalytic understanding and treatment of this disorder. We begin with a brief introductory summary of Fairbairn's mature theory and highlight some aspects of his early thinking on multiple personality that informed the subsequent development of this theory. We then present an extended version of Fairbairn's model. In our subsequent discussion of clinical material from five cases of multiple personality, we illustrate the ways in which this model allows us: 1) to identify different alter personalities with specific ego-structures or internal objects; 2) to illustrate commonly found clusters of alters; 3) to anticipate aspects of the relationships which are typically found to exist between alter personalities; and 4) to anticipate related transference dynamics. We then discuss our Fairbairnian perspective in relation to the important contributions of both Davis and Frawley (1992a, 1992b) and of Grotstein (1991, 1992, 1994a, 1994b). We posit that a traumatic dissociation of endopsychic structures may occur and that such dissociated endopsychic structures may be repressed for long periods of time prior to the repression being lifted. These endopsychic structures, and their related personalities, conscious once more, then function in a manner indicated by the concept of a vertical splitting.


Fairbairn describió su teoría madura como "obviamente adaptada para explicar tales manifestaciones severas como las encontradas en casos de personalidad múltiple" (1952/2002, p. 159). Nuestro objetivo aquí es demostrar la utilidad de la teoría de Fairbairn para la comprensión y el tratamiento analítico de este trastorno. Comenzaremos con un breve resumen introductorio de la teoría madura del autor, destacando algunos aspectos de su pensamiento anterior sobre el trastorno que guiaron el posterior desarrollo de esa teoría. Luego presentaremos una versión extendida del modelo de Fairbairn. En nuestra discusión del material clínico de cinco casos de personalidad múltiple, ilustramos las formas por las cuales este modelo nos permite: 1) identificar diferentes personalidades múltiples con estructuras de ego u objetos internos específicos; 2) ilustrar agrupamientos (clusters) de múltiplos generalmente encontrados; 3) anticipar aspectos de las relaciones que típicamente existen entre personalidades múltiples; y 4) anticipar las dinámicas transferenciales relacionadas. A continuación, discutimos nuestra perspectiva fairbairniana en relación a las importantes contribuciones de Davis y Frawley (1992a, 1992b) y de Grotstein (1991, 1992, 1994a, 1994b). Planteamos el postulado de que puede ocurrir una disociación traumática de las estructuras endopsíquicas y que tales estructuras endopsíquicas disociadas pueden ser reprimidas durante largos períodos de tiempo antes de la represión ser retirada. Esas estructuras endopsíquicas y sus personalidades relacionadas, nuevamente conscientes, funcionan de una manera indicada por el concepto de división vertical.

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