RESUMO
Este artigo tem como objetivo discutir o trabalho das equipes de saúde mental nos Centros de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPSi), de forma a considerar a subjetividade como fator para inclusão. Como metodologia de trabalho utilizou-se os fundamentos da psicanálise aplicada. Retomou-se as contribuições de Franco Basaglia para compreender sua influência na Reforma Psiquiátrica no Brasil e elucidar a prática atual dos CAPSi. Discute-se os impasses atuais no âmbito da subjetividade na Reforma Psiquiátrica e propõe-se localizar superfícies transversais que articulam a presença de uma abordagem psicanalítica da subjetividade na atenção psicossocial. Conclui-se sobre a importância da discussão de uma política de subjetivação de abordagem psicanalítica nos serviços públicos de saúde mental considerando que o tratamento nestes não seja polarizado entre o reducionismo biológico e a atenção psicossocial
Este artículo tiene como objetivo discutir el trabajo de los equipos de salud mental en los Centros de Atención Psicosocial Infantil y juvenil (CAPSi), de manera a considerar la subjetividad como factor para la inclusión. Como metodología de esta pesquisa, se utilizó los fundamentos del psicoanálisis aplicada. Se retomó las contribuciones de Franco Basaglia para comprender su influencia en la Reforma Psiquiátrica en Brasil y elucidar la práctica actual de los CAPSi. Se discute los bloqueos actuales en el ámbito de la subjetividad en la Reforma Psiquiátrica y se propone localizar superficies transversales que articulan la presencia de un abordaje psicoanalítico de la subjetividad en la atención psicosocial. Se concluye sobre la importancia de la discusión de una política de subjetivación de abordaje psicoanalítico en los servicios públicos de salud mental considerando que el tratamiento en estos no sea polarizado entre o reduccionismo biológico y la atención psicossocial
The aim of this article is to discuss the work of the mental health teams in the Child and Adolescent Psychosocial Care Centers (CAPSi), in order to consider subjectivity as a factor of inclusion. The methodology used was based on applied psychoanalysis. Franco Basaglia's contributions were revisited in order to understand his influence on the Psychiatric Reform in Brazil and to elucidate the current practice of CAPSi. The current impasses in the field of subjectivity in the Psychiatric Reform are discussed and it is proposed to locate transversal surfaces that articulate the presence of a psychoanalytic approach to subjectivity in psychosocial care. The conclusion is that it is important to discuss a psychoanalytic approach to subjectivation in public mental health services, so that treatment in these services is not polarized between biological reductionism and psychosocial care
Cet article a pour objectif de discuter du travail des équipes de santé mentale au sein des Centres de Soins Psychosociaux Infanto-juvéniles (CAPSi), en accordant une attention particulière à la subjectivité en tant que facteur d'inclusion. Nous avons utilisé les principes de la psychanalyse appliquée comme méthodologie de travail. Nous avons également examiné les contributions de Franco Basaglia pour comprendre son influence sur la Réforme Psychiatrique Brésilienne et éclairer la pratique courante des CAPSi. Nous discutons des impasses actuelles dans le domaine de la subjectivité dans la Réforme Psychiatrique et nous proposons de localiser des surfaces transversales qui articulent la présence d'une approche psychanalytique de la subjectivité dans les soins psychosociaux. En conclusion, nous soulignons l'importance de discuter d'une politique de subjectivation avec une approche psychanalytique au sein des services de santé mentale publics, en considérant que le traitement dans ces services ne doit pasêtre polarisé entre le réductionnisme biologique et le soin psychosocial
Assuntos
Criança , Adolescente , Psicanálise , Assistência à Saúde Mental , Sistemas de Apoio Psicossocial , Reforma Psiquiátrica , Serviços de Saúde Mental , Inclusão SocialRESUMO
O objetivo deste artigo é discutir os significados da leitura e escrita para adolescentes de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil do município de São Paulo, por meio do acompanhamento de um trabalho com oficinas expressivas e seus desdobramentos. Trata-se de uma pesquisa-intervenção com uso de diário de campo. A leitura e a linguagem escrita foram entendidas como objetos culturais, promotores da interação social e capazes de auxiliar na superação de crises, conforme pesquisas da antropóloga Michèle Petit. Nos grupos, eram realizados jogos, leitura de textos de diferentes gêneros discursivos e atividades de escrita, além de visitas a equipamentos culturais. A análise dos dados inspirou-se na obra de Mikhail Bakhtin. O estudo permitiu compreender aspectos singulares do ato de ler para cada participante e possibilitou ainda produções escritas mais significativas e com função social. Um desdobramento do estudo foi a realização de um novo ciclo de oficinas, que expôs as produções dos usuários no espaço de convivência do serviço.
The aim of this article is to discuss the meanings of reading and writing for adolescents at a Psychosocial Care Center for Children and Adolescents in the city of São Paulo, accompanying expressive workshops and their developments. This is an intervention research, using a field diary. Reading and written language were understood as cultural objects that promote social interaction and allow overcoming crises, according to the studies of anthropologist Michèle Petit. In the groups, there were games, reading of texts of different discursive genres and writing activities, as well as visits to cultural institutions. Data analysis was inspired by the work of Mikhail Bakhtin. The study made it possible to understand singular aspects of the relationship with reading and enabled more significant written productions by the participants. An offshoot of the study was the making of a new cycle of workshops, which exposed their productions in the service's common area.
El objetivo de este artículo es discutir los significados de la lectura y la escritura para los adolescentes en un Centro de Atención Psicosocial a la Infancia y la Juventud de la ciudad de São Paulo, por medio del acompañamiento de un trabajo con talleres expresivos y sus consecuencias. Es una investigación-intervención, utilizando un diario de campo. La lectura y el lenguaje escrito fueron entendidos como objetos culturales que promueven la interacción social y permiten superar crisis, según estudios de la antropóloga Michele Petit. En los grupos se realizaron juegos, lectura de textos de diferentes géneros discursivos y actividades de escritura, además de visitas a instituciones culturales.El análisis de los datos se inspiró en la obra de Mikhail Bakhtin. El estudio permitió comprender aspectos singulares del acto de leer para cada participante y también posibilitó producciones escritas más significativas y con función social. Un resultado del estudio fue la realización de un nuevo ciclo de talleres, que expuso las producciones de los usuarios en el espacio de convivencia del servicio.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Adolescente , Psicoterapia de Grupo , Leitura , Educação , Escrita Manual , Serviços de Saúde Mental , Arte , Brasil , Angústia Psicológica , Deficiências da AprendizagemRESUMO
Esse trabalho teve como foco a atenção psicossocial infantojuvenil no Brasil, a qual historicamente tem sido marcada pela prática da tutela e da institucionalização. Constatamos por meio de metodologia de cruzamento de informações acerca dos serviços voltados à essa população na RAPS, incluindo dados das regiões de saúde, que os mesmos são insuficientes e desigualmente distribuídos. Existem muitos vazios assistenciais no país, em todas as regiões. Essa situação pode ser atribuída à fatores políticos, deficiência na formação de recursos humanos especializados, problemas na proposta da regionalização em saúde, dentre outros. Destacamos, a necessidade de articulação entre os diversos níveis que compõem a atenção em saúde mental na RAPS, bem como com outros dispositivos do território na perspectiva da intersetorialidade e gestão territorial das necessidades em saúde mental de crianças e adolescentes. (AU)
This article focuses on psychosocial care for children and adolescents in Brazil, which, historically, has been characterised by guardianship and institutionalisation practices. Through a methodology of cross-referencing information on the services provided to this population within the Psychosocial Care Network (RAPS), which included data from health care regions, we note that these services are inadequate and unevenly distributed. There are many gaps in the provision of care in all regions within the country and this can be attributed to political factors, shortcomings in specialised human resources, and problems with the proposal of regionalisation of health care-among other reasons. We highlight the need for coordination between the different levels that make up mental health care in the RAPS, and with other assemblages within the territory in terms of intersectoriality and the management of local needs in the provision of mental health for children and adolescents. (AU)
Este trabajo tuvo como foco la atención psicosocial infantojuvenil en Brasil, la cual históricamente ha sido marcada por la práctica de la tutela y de la institucionalización. Se constató por medio de metodología de cruzamiento de informaciones sobre los servicios dirigidos a esa población en la RAPS, incluyendo datos de las regiones de salud, que los mismos son insuficientes y desigualmente distribuidos. Hay muchos vacíos asistenciales en el país, en todas las regiones. Esta situación puede ser atribuida a factores políticos, deficiencia en la formación de recursos humanos especializados, problemas en la propuesta de la regionalización en salud, entre otros. Destacamos, la necesidad de articulación entre los diversos niveles que componen la atención en salud mental en la RAPS, así como con otros dispositivos del territorio en la perspectiva de la intersectorialidad y gestión territorial de las necesidades en salud mental de niños y adolescentes. (AU)
Assuntos
Regionalização da Saúde , Criança , Adolescente , Política de Saúde , Serviços de Saúde Mental , Estudos TransversaisRESUMO
A discussão sobre o entendimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) como uma deficiência mental e as consequentes mudanças que isso gera em seu tratamento ocorrem em escala mundial nos últimos anos. Este debate envolve diversos atores sociais: profissionais de saúde, pesquisadores, associações de pais e os próprios autistas. Neste contexto, no Brasil, foi sancionada a Lei 12.762 em 27 de dezembro de 2012, que reconhece o autismo como uma deficiência para todos os fins legais, dando a estes os mesmos direitos sociais já previstos para os portadores de deficiências motoras, intelectuais, físicas e etc. Além destes direitos, tal medida permitiu uma rediscussão sobre as formas como tais indivíduos serão contemplados pelo Sistema Único de Saúde. Diante disso, o objetivo geral da pesquisa foi o de investigar os impactos clínico-assistenciais que a recognição do TEA como deficiência e suas consequências tem gerado até o momento nos serviços que não trabalham com a lógica da deficiência: os CAPSi. Para tal, foram realizados grupos focais com profissionais de três CAPSi da cidade do Rio de Janeiro, selecionados a partir de critérios de tempo de funcionamento e cobertura representativa de diferentes perfis populacionais do município. Os resultados encontrados evidenciaram alguns impactos no trabalho de todas as equipes pesquisadas. Foram eles: convocação a uma rediscussão da postura frente às demandas por laudos médicos; aperfeiçoamento da intersetorialidade e territorialidade; necessidade de divulgação mais clara dos princípios e diretrizes dos CAPSi, tanto para os pais, quanto para outros setores da assistência, como escolas, serviços de saúde e assistência social. Foram encontrados ainda resultados dissonantes nos diferentes grupos, tais como: divergências internas sobre a natureza do autismo; maior abertura a algumas técnicas protocolares de tratamento; engajamento na luta por certos direitos do autistas; aceitação do autismo como "deficiência para fins legais"; e também o autoquestionamento sobre o processo diagnóstico nos CAPSi
Assuntos
Humanos , Criança , Adolescente , Transtorno Autístico/reabilitação , Criança , Pessoas com Deficiência , Saúde Mental , Serviços de Saúde Mental/tendências , Brasil , Sistema Único de SaúdeRESUMO
Nos últimos anos, a sociedade tem observado uma rápida expansão no uso de crack, especialmente por adolescentes e jovens. É evidente a necessidade de ouvir esses sujeitos de para melhor compreender sua situação. Para atender a essa necessidade, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa descritivo-exploratória cujo foco foi um grupo terapêutico para adolescentes usuários de crack que ocorreu no Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi) em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, Brasil. Amparados na modalidade expost-facto, analisamos documentos produzidos nessa instituição. O resultado foi uma cartografia que acompanhou discursivamente os adolescentes pelo "caminho das pedras": os lugares, tratamentos, pessoas, ideias e momentos dos quais falam.
In the last years society has watched a fast expansion of crack cocaine use, especially by adolescents and young adults. The need of listening these subjects in a way of acquiring insights about their situation is made clear. In order to attend this need we developed a descriptive-exploratory qualitative research whose main target was a therapeutic group for adolescents crack users that occurred in the Center of Infant-Juvenile Psychosocial Attention (CAPSi), located in a countryside city of Rio Grande do Sul, Brazil. Supported by an expost-facto modality, we analyzed documents produced in this institution. The result was a cartography that went along with the adolescents' discourses through the "rocky path": the places, treatments, persons, ideas and the moments they talk about.