Self-perception of competence: concept, changes in childhood, and gender and age-group differences / Autopercepção de competência: conceito, mudanças características na infância e diferenças entre gênero e faixas etárias

ABSTRACT The objectives of this narrative review were to describe: 1) the concept of self-perception of competence and the relationship with the concept of the self; 2) the characteristic changes in self-perceived competence that occur during childhood using a developmental theoretical perspective as the main reference; 3) the results of studies on the self-perceived competence of boys and girls of different ages. Methods: Studies published in electronic databases, studies identified by manually searching the references of the published studies, and the main theoretical bases of the self-concept in childhood were reviewed. Considering the theoretical basis adopted, self-perception is the judgment of individuals about their own competencies to satisfy the requirements of a task. In childhood, self-perception is an important indicator of the self, since children naturally describe themselves taking the judgment about their own competencies as a parameter. Several cognitive changes and diversity in experiences are observed between 5 and 10 years of age that guide children to move from internal and general parameters in their judgments to external sources of information in the different domains of competence with increasing age. The results of the studies suggest a plateau in the self-perceptions of competence in relation to age and higher self-perception in boys, which result respectively from the lack of experiences to optimize development and from the beliefs of gender-specific roles.

RESUMO Esta revisão narrativa tem como objetivos descrever: 1) o conceito de auto-percepção de competência e a relação com o conceito de self; 2) as mudanças características na auto-percepção de competência na infância tendo como principal referência uma perspectiva teórica desenvolvimentista; 3) os resultados de pesquisa sobre autopercepçōes de competência de meninos e meninas de diferentes idades. Método: Foram revisadas pesquisas em bases de dados, busca manual nas referências de estudos publicados e as principais bases teóricas do auto-conceito na infância. Considerando a base teórica adotada, a auto-percepção é compreendida como o julgamento dos indivíduos sobre suas competências para satisfazer exigências de uma tarefa. Na infância, a auto-percepção é um importante indicador do self, pois as crianças naturalmente descrevem a si mesmas tendo como parâmetros o julgamento sobre as suas próprias competências. Entre os 5 e 10 anos de idade, ocorrem várias mudanças cognitivas e as experiências se diversificam guiando as crianças a transitarem de parâmetros mais internos e generalistas nos seus julgamentos para, com o avanço da idade, usar fontes externas de informações nos diferentes domínios de competência. Os resultados das pesquisas sugerem platô nas percepções de competência em relação as idades e percepções mais elevadas em meninos decorrentes, respectivamente, de poucas experiências potencializadoras de desenvolvimento e de crenças de papéis específicos para os gêneros.

Concepções Pessoais de Competência e Rendimento Acadêmico: Estudo Longitudinal no Ensino Secundário Português / Personal Conceptions of Competence and Academic Achievement: Longitudinal Study in Portuguese Secondary School

Resumo As concepções pessoais de competência (CPC) influenciam o rendimento escolar e/ou o contrário? Com base nesse questionamento, neste estudo pretendeu-se analisar a relação entre CPC (concepções pessoais de inteligência, atribuições causais, autoconceito, autoeficácia e competência emocional) e o rendimento escolar ao longo do ensino secundário, especificamente em Português. Com esse objetivo, administrou-se o Questionário Compósito de Competência Percebida (162 itens) para 433 alunos, entre os quais estão 52,8% de meninas com idade entre 14 e 18 anos (M=15,3; DP=0,63), num desenho longitudinal com três momentos separados por um ano de intervalo. Globalmente, os resultados revelaram relações recíprocas: o rendimento de um ano influenciou as CPC no ano seguinte e o autoconceito e a autoeficácia foram os principais preditores do rendimento escolar.

Abstract Do personal conceptions of competence (PCC) influence academic achievement and/or academic achievement influences PCC? In this context we sought to examine the relationship between PCC (personal conceptions of intelligence, causal attributions, self-concept, self-efficacy and emotional competence) and academic achievement throughout secondary school in Portugal. With this aim, the Composite Questionnaire of Perceived Competence (162 items) was administered to a sample of 433 students, 52.8% girls, aged between 14 and 18 years (M=15.3; SD=.63), in a three-wave longitudinal design separated by a gap of one year. Overall, the results evidenced reciprocal relationships: the achievement in the first year influenced PCC in the following year and self-concept and self-efficacy were the main predictors of academic achievement.

Avaliação da motivação intrínseca na aprendizagem: validação de duas escalas para crianças e adolescentes / Assessment of intrinsic motivation for learning: validation of two scales for children and adolescents

O objetivo do presente trabalho é proceder à adaptação e validação de duas escalas breves de avaliação da motivação na aprendizagem: a Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem e a Escala de Competência Percebida na Aprendizagem. O estudo abrangeu 510 participantes, com idades compreendidas entre os 9 e os 16 anos. Após a análise exploratória de dados, o trabalho envolveu a avaliação da consistência interna, sucedida de uma análise fatorial exploratória de ambas as escalas. Foram estudadas, também, a sua validade convergente, bem como a sua estabilidade temporal. Foi ainda realizada uma análise diferencial dos resultados quanto às variáveis gênero e ano de escolaridade. Os instrumentos revelam valores moderados a elevados no nível da consistência interna e estruturas unidimensionais à semelhança das versões originais em língua inglesa. Confirmam-se, também, várias das hipóteses colocadas quanto à sua validade convergente. Estudos adicionais relativamente à estabilidade temporal desses instrumentos parecem ser pertinentes.

The aim of this study was to adapt and validate two brief scales in order to assess the subjective motivation for learning: the Perceived Choice for Learning Scale and the Perceived Competence for Learning Scale. The study involved 510 participants, ages 9-16 years old. After an exploratory data analysis, the study involved the assessment of internal consistency, followed by an exploratory factor analysis of both scales. Convergent validity and temporal stability of the two scales were also tested, along with a differential analysis regarding gender and school level of the participants. The instruments showed moderate to high levels of internal consistency and one-dimensional structures similar to their original versions in English. Several hypotheses concerning convergent validity were also supported by the study. Additional research seems to be recommendable to address temporal stability issues.