RESUMO
Objetivo: Apresentar e discutir a ocorrência de perfuração esofágica e formação de abscesso epidural relacionada à fratura da coluna vertebral dorsal. Métodos: Apresentamos uma paciente de 72 anos de idade, que dirigia seu carro e sofreu um acidente automobilístico, com colisão frontal em março de 2006. A paciente foi admitida na sala de emergência consciente e sem alterações neurológicas, com fratura do terço proximal da tíbia, fratura vertebrais em T2, T3 e T4. Neste último nível se notava um discreto achatamento, além de uma pequena espícula óssea na região anterior da vértebra T2. No terceiro dia de hospitalização a paciente manifestou dificuldade para deglutição e alterações sensitivas e motoras nos membros, principalmente no membro inferior direito. Realizaram-se exames que constataram a perfuração esofágica, com mediastinite e formação de abscesso epidural. A paciente foi submetida à toracotomia para tratamento da lesão esofágica e limpeza cirúrgica, optando-se pelo tratamento conservador do abscesso vertebral com antibioticoterapia. Resultado: A paciente teve recuperação progressiva do quadro infeccioso e neurológico e seis meses depois foi realizada cirurgia para restituição do trânsito esofágico. Atualmente a paciente consegue deambular com uma órtese para manter a extensão do pé direito, que tem força grau 2. Conclusão: Muitos autores relatam a dificuldade para o diagnóstico precoce da perfuração do esôfago, devido à pobreza de manifestações clínicas iniciais. Este fator pode prejudicar a sobrevida do paciente, principalmente se o tratamento ocorrer 24 horas após a lesão.