RESUMO
O objetivo desse trabalho é descrever a intersubjetividade em Gabriel Marcel (1889-1973) como nota característica do ser humano. A reflexão filosófica de Gabriel Marcel se caracteriza por uma "metafísica concreta". Desde um contexto de crítica ao cientificismo e racionalismo modernos, Gabriel Marcel, a partir do existencialismo e da fenomenologia, afirma que toda reflexão possui uma arché: a existência, ponto de partida e de referência de todo pensar. A partir da questão Quem eu sou? chega-se à percepção da existência como Encarnação: Eu sou meu corpo. Tal expressão é a marca mais genuína de uma experiência indubitável pela qual entro em relação e participação com o mundo e com os outros. A Encarnação é o dado central da metafísica, pois é a consciência de mim no meu corpo, é a mediação entre o eu e o mundo e os outros, e, por isso, perpassada de uma intensa comunhão ontológica - o que, em outras palavras, pode ser dito: intersubjetividade. Como uma espécie de "exigência", as relações intersubjetivas nos levam à afirmação e ao encontro de um Tu Absoluto.(AU)
The aim of this study is to describe the intersubjectivity in Gabriel Marcel (1889-1973) as an intrinsic human condition. The philosophical reflection in Gabriel Marcel is characterized by a "concrete metaphysics". From a critical context to the modern rationalism and scientism and within the framework of existentialism and phenomenology, he states that all reflections have an arche: the existence, starting point and a reference of all thinking. From the question Who am I? comes the perception of existence as Incarnation: I am my body. Such expression is the most genuine sign of an experience through which the self gets in contact with the world and with others. The Incarnation is the central role of metaphysics, for it is the awareness of myself in my body, it is the mediation between the self and the world and the others, and, therefore, passed by an intense ontological communion - what, in other words, can be called: intersubjectivity. As a kind of "demand", the intersubjective relationships lead us to the affirmation and the encounter of an Absolute You.(AU)
Assuntos
PsicologiaRESUMO
Em sua teoria da encarnação, Michel Henry subverte radicalmente o paradigma cartesiano tal como é entendido pela fenomenologia tradicional, oferecendo à psicologia e a outras áreas do saber a concepção da indissociabilidade entre a subjetividade e o corpo. Ele concebe o corpo como subjetivo e o denomina carne, sendo que as dissociações são modos de padecimento da individualidade encarnada. Contudo, Michel Henry não tematiza os problemas da encarnação e suas consequências, sendo que tais problemas podem advir de degenerações orgânicas. É relevante para a clínica psicológica tematizarmos sobre os problemas da encarnação, pois o modo como vivemos o corpo é o modo como habitamos a carne. O objetivo deste trabalho é buscar compreender a questão da encarnação nas degenerações orgânicas e como elas afetam a constituição do Si. Para tanto, será utilizado o sentido da audição e sua perda como fio condutor na abordagem da problemática.
In his incarnation theory, Michel Henry radically subverts the Cartesian paradigm, as understood by the traditional phenomenology, offering to psychology and other fields of knowledge the conception of indissociability between body and subjectivity. He conceives the body as subjective and calls it flesh, whereas the dissociations are suffering modes of the incarnated individuality. However, Michel Henry does not thematizes the incarnation's problems and its consequences. These problems can arise by organic degenerations. It is relevant for the psychological clinic to discuss about the incarnation's problems because the way we live the body is the way we inhabit the flesh. The objective of this work is to understand the question of incarnation in organic degenerations and how they affect the constitution of the self. For that it will be used the sense of hearing and its loss as a conductive thread in addressing this issue.
Dans sa théorie de l'incarnation, Michel Henry subvertit radicalement le paradigme cartésien tel qu'il est compris par la phénoménologie traditionnelle, offrant à la psychologie et à d'autres disciplines la possibilité de concevoir l'inséparabilité corps/subjectivité. Il conçoit le corps comme subjectivité et l'appele chair, de telle manière qu'on peut les comprendre comme des modalités de la souffrance de l'individu incarné. Michel Henry ne thématise pas ses problèmes dans la phénoménalité de l'incarnation en tant que ses conséquences, mais ces questions peuvent survenir par rapport aux problèmes vécus dans une dégénérescence organique. Il est pertinent pour la psychologie clinique de thématiser ces problèmes dans une phénomenologie de l'incarnation, car la façon dont nous vivons notre corps est la façon dont nous vivons notre chair. Le but de ce travail est de comprendre la question de l'incarnation dans les dégénérescences organiques et comment ils affectent la formation de soi. Ainsi, l'exemple du sens de l'ouïe et de sa perte sera utilisé comme un fil conducteur pour l'approche de cette problématique.
En su teoría de la encarnación, Michel Henry subvierte radicalmente el paradigma cartesiano, tal como la fenomenología tradicional lo entiende, ofreciendo a psicología y a otras áreas del conocimiento la concepción de inseparabilidad de la subjetividad y del cuerpo. Él concibe el cuerpo como subjetivo y lo denomina carne, siendo las disociaciones modos de padecimiento de la individualidad encarnada. Sin embargo, Michel Henry no tematiza los problemas de la encarnación y sus consecuencias. Estos problemas pueden advenir por medio de las degeneraciones orgánicas. Para la clínica psicológica es relevante tematizar los problemas de la encarnación, porque la forma como vivimos un cuerpo es la forma como habitamos una carne. Este trabajo busca comprender la cuestión acerca de la encarnación en las degeneraciones orgánicas y como afectan la constitución del Sí. Para eso se utilizará el sentido de la audición y su pérdida como hilo conductor para el abordaje de esta cuestión.
Assuntos
Humanos , Corpo Humano , Individualidade , FilosofiaRESUMO
No texto O Filósofo e sua Sombra, Merleau-Ponty dá-nos a sua teoria central acerca da constituição do Corpo e da sua relação com e no mundo, mas também nos fornece um juízo crítico acerca destes e de outros conceitos que Husserl não havia considerado no seu pensamento, e que o nosso autor chamou de o impensável. Deste modo, Merleau-Ponty configura no seu sistema a consciência encarnada e a Carne (também chamado de Ser Selvagem) como conceitos centrais, o que lhe permite criar aquilo que pretendemos chamar de uma Onto-fenomenologia do Sensível, e gerar um novo horizonte para a inter-subjectividade, na senda do que Sartre havia já começado. Assim, a compreensão deste texto é essencial para uma visão global da própria fenomenologia
In the text The Philosopher and his Shadow, Merleau-Ponty give us his main theory of the constitution of the Body and the relationship in and within the world, but also presents a critical judgement about these and other certain concepts that Husserl would not considered, and that our author called as the unthinking. In this manner, Merleau-Ponty configures in his system the embodied conscience and the Flesh (also called Wild Being) as main concepts, which allows him, to create what we intend to call the Onto-phenomenology of the Sensible, and beyond doubt a new horizon for the inter-Subjectivity, such as Sartre have already started. Thus, the understanding of this text is essential to the global vision of phenomenology itself