RESUMO
Durante seu período de autoanálise, normalmente situado pelos estudiosos de sua obra entre os anos de 1897 e 1900, Freud descobriu, através da investigação de seus próprios sonhos e de suas lembranças infantis, os traços fundamentais de nosso inconsciente. Nesse artigo, nos propomos a desdobrar, através dos textos desse período, o processo e o contexto de descoberta que o levou a propor, dentre outros, o esquecimento, a fantasia e a sexualidade infantil como elementos estruturantes para o funcionamento do aparelho psíquico...
During his self-analysis period, usually located by the researchers of his work between the years 1897 and 1900, Freud discovered through the research of his own dreams and his childhood memories the fundamental features of our unconscious. In this article, we propose to investigate, through the texts of this period, the process and the context of discovery that led Freud to propose forgetting, fantasies and child sexuality as structural elements for the functioning of the psychic apparatus...
Durante su período de autoanálisis, que normalmente los estudiosos de su obra ubican entre los años 1897 y 1900, Freud descubrió las características fundamentales de nuestro inconsciente a través de la investigación de sus propios sueños y recuerdos de la infancia. En este artículo, proponemos a desarrollar, a través de los textos de la época, el proceso y el contexto de descubrimiento que le llevó a proponer, entre otros, el olvido, las fantasías y la sexualidad infantil como elementos estructurales para el funcionamiento del aparato psíquico...
Assuntos
Humanos , Autoanálise/psicologia , Fantasia , Teoria Psicanalítica , Sexualidade/psicologiaRESUMO
Em psicanálise, a noção de que o tempo não é um a priori do ser humano, mas algo a ser construído, tem origem na obra de Freud. A representação do tempo está ligada ao sistema percepção-consciência, mas não se aplica ao sistema inconsciente: a teoria sobre o aparelho psíquico comporta uma temporalidade heterogênea, descrita por Green como tempo fragmentado. À diferença do que se poderia considerar em um primeiro momento, isto é, que nosso "baú" da memória se formaria apenas pela "deposição" de acontecimentos que seriam registrados subsequentemente e conforme cada época da vida, Freud propôs que um mesmo registro pode sofrer diferentes transcrições à medida que as lógicas do desenvolvimento se sucedem. Em outras palavras, a capacidade de ressignificação possibilita ao ser humano libertar-se do destino exclusivo da repetição. Esse modelo se aproxima de um conceito dialético de causalidade e de uma temporalidade em espiral, na qual futuro e passado condicionam e significam um ao outro na estruturação do presente. Essa concepção transformadora do aparelho psíquico é o que sustenta a possibilidade da ação específica da prática baseada na teoria psicanalítica: se não existisse essa retroatividade, não seria possível modificar nossa história e, dessa forma, o tratamento não teria futuro.(AU)
In psychoanalysis, the notion that time is not a priori in men's minds but something to be constructed, originates in Freud's work. The representation of time is connected to the perception-consciousness system, but does not apply to the unconscious system: the theory on the psychic apparatus encompasses a heterogeneous temporality, described by Green as fragmented time. Different from what we might think at first sight, that our "memory-trunk" is formed only from the "deposition" of facts that would be registered in sequence and in a different manner for each timeframe in life, Freud proposed that one same registry may suffer transcriptions as the logics of development succeed one another. In other words, the capacity of re-signifying allows us to free ourselves from the exclusive fate of repetition. This model approaches the dialectic concept of causality and of a temporality in a spiral, in which future and past shape and signify one another in structuring the present. The transforming conception of the psychic apparatus is what gives support to the possibility of the specific action of the practice based on psychoanalytic theory: if this feedback did not exist, it would not be possible to modify our story; therefore the treatment would have no future.(AU)