RESUMO
Introdução: as terapêuticas oncológicas oferecem riscos de infertilidade, por isso a mulher com câncer em idade reprodutiva requer cuidados abrangentes sobre a oncofertilidade, já que, de 3% a 10% dos diagnósticos de câncer em todo o mundo ocorrem neste grupo. Com o aconselhamento pretende-se auxiliar essas mulheres quanto à fertilidade futura, e na tomada de decisão sobre preservar ou não a fertilidade. Objetivo: analisar as evidências científicas sobre o aconselhamento em preservação da fertilidade de mulheres em idade reprodutiva com diagnóstico de câncer, realizado antes de um tratamento oncológico. Método: revisão integrativa da literatura, com buscas realizadas nas bases de dados PubMed/ Medline, Cinahl, Lilacs, Embase, Scopus e Web of Science, no dia 12 de abril de 2022, sem restrição de tempo. Para a seleção dos estudos foi utilizada a plataforma Rayyan. Foram seguidas as etapas: definição do tema e da questão de pesquisa, amostragem, categorização, avaliação, interpretação e síntese do conhecimento científico. Resultados: foram identificados 897 documentos, 230 eram duplicados, 667 estudos foram analisados por meio da leitura de título e resumo e 29 artigos selecionados para a leitura na íntegra. Após essa leitura, foram incluídos seis artigos e um outro foi incluído a partir da identificação da lista de referências, compondo a amostra final de sete estudos. Os estudos confirmaram a importância do esclarecimento a respeito dos riscos de infertilidade advindos do tratamento oncológico e dos aspectos que envolvem as técnicas de preservação da fertilidade; como taxa de sucesso, taxa de gestação, custos, opções disponíveis e riscos associados. Pode-se observar que, para muitas mulheres após o diagnóstico, importa a possibilidade da maternidade, não necessariamente por gerar filhos, mas recorrendo a outras estratégias, como adoção e útero de substituição. Os estudos foram classificados como baixo risco de viés e seis estudos eram nível VI de evidência, e um de nível II. Conclusões: o aconselhamento em preservação da fertilidade é fundamental para esclarecer as consequências dos tratamentos oncológicos considerados gonadotóxicos, na perspectiva do cuidado centrado na pessoa. Atribui-se ao profissional de saúde o papel de esclarecer as nuances das técnicas de preservação da fertilidade disponíveis e apoiar as mulheres no processo de tomada de decisão. Além disso, o uso de materiais educativos e auxiliares de decisão contribuem na transmissão das informações e minimizam o conflito de decisão sobre preservar ou não a fertilidade
Introduction: Oncological therapies offer risks of infertility, so women with cancer at reproductive age require comprehensive care about oncofertility, since 3% to 10% of cancer diagnoses worldwide occur in this group. With counseling we intend to help these women regarding future fertility, and in making a decision about preserving or not fertility. Objective: analyze the scientific evidence on fertility preservation counseling for women of reproductive age diagnosed with cancer, performed prior to oncologic treatment. Method: integrative literature review, with searches conducted in the PubMed/ Medline, Cinahl, Lilacs, Embase, Scopus and Web of Science databases on April 12, 2022, without time restriction. The Rayyan platform was used to select the studies. The steps were followed: definition of the theme and research question, sampling, categorization, evaluation, interpretation and synthesis of scientific knowledge. Results: a total of 897 documents were identified, 230 were duplicates, 667 studies were analyzed by reading the title and abstract, and 29 articles were selected for reading in full. After this reading, six articles were included and another one was included from the identification of the reference list, composing the final sample of seven studies. The studies confirmed the importance of clarifying the infertility risks arising from cancer treatment and the aspects involving fertility preservation techniques, such as success rate, pregnancy rate, costs, available options and associated risks. It can be observed that, for many women after the diagnosis, the possibility of motherhood matters, not necessarily by generating children, but by resorting to other strategies, such as adoption and surrogate uterus. The studies were classified as low risk of bias and six studies were level VI evidence, and one was level II. Conclusions: fertility preservation counseling is essential to clarify the consequences of oncologic treatments considered gonadotoxic, from the perspective of person-centered care. The healthcare professional was assigned the role of clarifying the nuances of available fertility preservation techniques and supporting women in the decision-making process. In addition, the use of educational materials and decision aids contribute to the transmission of information and minimize the conflict of decision about whether or not to preserve fertility
Assuntos
Humanos , Feminino , Saúde da Mulher , Aconselhamento , Preservação da Fertilidade , OncologiaRESUMO
Abstract Objective: To analyze the long-term effects of antineoplastic treatments on patient fertility. Selection of Studies: The studies were selected through the New PubMed, Scielo and Lilacs databases along with references used for the creation of the present work. For the selection of studies, articles published between the periods from January 1, 2015 to April 6, 2020 in the English, Portuguese and Spanish languages were used. As inclusion criteria: cohort studies and studies conducted in vitro. As exclusion criteria: review articles, reported cases, studies that do not address thematic reproduction, studies that do not address the cancer theme, articles that used animals, articles that address the preservation of fertility and articles in duplicate in the bases. Data Collection: The collected data included: age of the patient at the beginning of treatment, type of neoplasm, type of antineoplastic treatment, chemotherapy used, radiotherapy dosage, radiotherapy site, effect of antineoplastic agents on fertility and number of patients in the study. Data Synthesis: Thirty studies were evaluated, antineoplastic chemotherapy agents and radiotherapy modulate serum hormone levels, reduces germ cell quantities and correlated with an increase in sterility rates. The effects mentioned occur in patients in the prepubertal and postpubertal age. Conclusion: Antineoplastic treatments have cytotoxic effects on the germ cells leading to hormonal modulation, and pubertal status does not interfere with the cytotoxic action of therapies.
Resumo Objetivo: Analisar os efeitos a longo prazo dos tratamentos antineoplásicos na fertilidade de pacientes. Fontes de dados: Os estudos foram selecionados através das bases de dados New PubMed, Scielo e Lilacs, junto com as referências utilizadas para a confecção do trabalho. Seleção dos estudos: Para a seleção dos estudos, foram utilizados artigos publicados entre os períodos de 01 de janeiro de 2015 a 06 de abril de 2020 nos idiomas inglês, português e espanhol. Como critérios de inclusão: estudos de coorte e estudos realizados in vitro. Como critérios de exclusão: artigos de revisão, relatos de caso, estudos que não abordavam a temática reprodução, estudos que não abordavam a temática câncer, artigos utilizando animais, artigos que abordavam preservação da fertilidade e artigos em duplicidade nas bases. Coleta de dados: Os dados coletados incluíram: idade do paciente ao início do tratamento, tipo de neoplasia, tipo de tratamento antineoplásico, quimioterápicos utilizados, dosagem da radioterapia, local da radioterapia, efeito dos agentes antineoplásicos na fertilidade e número de pacientes dentro do estudo. Síntese de dados: Trinta estudos foram avaliados. Os agentes quimioterápicos antineoplásicos e a radioterapia modulam níveis séricos hormonais de marcadores de fertilidade, reduzem a quantidade de células germinativas e estão correlacionados com um aumento da taxa de esterilidade. Os efeitos citados anteriormente ocorreram em pacientes com idade pré-púbere e pós-púbere. Conclusão: Os tratamentos antineoplásicos possuem efeitos citotóxicos em células germinativas, levando a modulação hormonal, e o status puberal não interfere diretamente na ação citotóxica das terapias.
Assuntos
Humanos , Feminino , Radioterapia/efeitos adversos , Infertilidade Feminina , Antineoplásicos/efeitos adversos , Preservação da Fertilidade , Neoplasias/tratamento farmacológico , Neoplasias/radioterapiaRESUMO
A oncofertilidade é um campo de interesse interdisciplinar de desenvolvimento recente que busca mesclar os conhecimentos em oncologia e medicina reprodutiva, com a contribuição das técnicas de reprodução assistida, para o desenvolvimento de estratégias de preservação da função gonadal e oferecer a possibilidade da procriação biológica aos sobreviventes de câncer. As estratégias de preservação da fertilidade feminina em pacientes oncológicas atualmente aceitas para a prática rotineira são a criopreservação de embriões e a criopreservação de oócitos maduros. Ocorre que, para execução de ambos, a indução de ovulação é obrigatória e, com ela, vêm os riscos teóricos de estimulação do crescimento de tumores estrogêniodependentes e a postergação do início do tratamento antineoplásico. Os protocolos de estimulação ovariana de início aleatório contemplam a intenção de se minimizar o atraso no início da quimioterapia ou radioterapia e o bloqueio ao crescimento tumoral e oferecem resultados satisfatórios, semelhantes aos obtidos em protocolos de início habitual. Apresentamos neste artigo as diretrizes clínicas da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana para indução de ovulação em pacientes com tumor estrogêniodependente.(AU)
Oncofertility is an interdisciplinary interest field of recent development, which aims to merge the knowledge in oncology and reproductive medicine, with the help of assisted reproductive technologies, to develop strategies for gonadal function preservation and to offer the possibility of biological procreation to cancer survivors. Preservation strategies of female fertility in oncological patients currently accepted for routine practice are the cryopreservation of embryos and cryopreservation of mature oocytes. It happens that ovulation induction is mandatory for executing both strategies, and with it the theoretical risk of stimulation of estrogendependent tumors growth and the postponement of antineoplastic treatment. Randomstart ovarian stimulation protocols include the intention of minimizing the delay in onset of chemoradiotherapy and to block tumor growth, providing satisfactory results, similar to those obtained in the usual beginning protocols. This article presents the clinical guidelines of the Brazilian Society of Human Reproduction for ovulation induction in patients with estrogendependent tumors.(AU)