RESUMO
Introdução: A AIDS e a Hepatite B são doenças virais de grande impacto epidemiológico e social, que repercutem de maneira negativa em todas as conjunturas, instâncias e práxis da saúde pública mundial. Na perspectiva odontológica, a alta infectividade, a patogenicidade e a estigmatização do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e da hepatite B (VHB), além de deixarem os profissionais mais expostos às suas vulnerabilidades laborais, podem fomentar práticas e presunções discriminatórias. Objetivo: A presente tese foi dividida em dois capítulos, com objetivos diferentes. Capítulo 1 - mapear o perfil de imunização dos cirurgiões-dentistas da rede pública de saúde por meio do teste imunocromatográfico Anti-HBsAg e identificar seus fatores associativos. Capítulo 2 - comparar o conhecimento, a presença e a manifestação de atos discriminatórios e estigmatizantes de cirurgiões-dentistas, auxiliares e acadêmicos de Odontologia a respeito das representações sociais do HIV/AIDS e da hepatite B. Metodologia: Tratam-se de dois estudos epidemiológicos transversais quantitativos. Para a condução metodológica do primeiro capítulo, fizeram parte do universo amostral cirurgiões-dentistas da Atenção Primária à Saúde (APS) de 40 municípios pertencentes ao Departamento Regional de Saúde II (DRS-II), do estado de São Paulo. A coleta dos dados foi feita em três etapas: aplicação do inquérito semiestruturado; investigação do protocolo vacinal contra o VHB; e análise da imunização pelo teste rápido imunocromatográfico AntHbsAg. Para o processamento estatístico, foi utilizada a análise bivariada em subsequência à análise de regressão logística binomial. No segundo capítulo, fizeram parte do universo amostral cirurgiões-dentistas e auxiliares em saúde bucal da APS dos 40 municípios da DRS-II e acadêmicos de Odontologia de uma universidade pública. Para a condução do estudo foi construído um instrumento de pesquisa que tinha como objetivo identificar de maneira ampla e objetiva as atitudes e os comportamentos potencialmente profusos de ações discriminantes. Para análise dos dados utilizou-se o Teste Z de proporção para comparação entre os grupos. Resultados: No capítulo 1, do total da amostra (219), 74,9% afirmou ter tomado as três doses da vacina e 35,6% não estava imune contra o VHB. Foram verificadas associações entre a variável dependente e o tempo de trabalho no serviço público; o conhecimento da temática em estudo; o desconhecimento do número de doses da vacina que foram administradas; e ter tomado menos de três doses da vacina. No capítulo 2, participaram da pesquisa 550 sujeitos. Foram verificadas associações significativas no conhecimento dos participantes do estudo sobre o HIV/AIDS e hepatite B, com maior representatividade de cirurgiões-dentistas. Dentre as doenças infecciosas analisadas, foi observado, de modo geral, um maior receio perante o HIV/AIDS. Por outro lado, quando inqueridos sobre o risco de infectividade, houve maior representatividade da hepatite B. Além disso, 30,7% e 42,2% dos indivíduos aceitariam ser atendidos por um profissional com HIV/AIDS e hepatite B, respectivamente, com maiores proporções de recusas pelos auxiliares e acadêmicos. Sobre a existência de distinções nas condutas clínicas de atendimento ao paciente com AIDS e hepatite B, o grupo de auxiliares teve as maiores proporções. Conclusão: No primeiro capítulo, parte dos cirurgiões-dentistas da APS não eram imunes contra o VHB. Já sobre os fatores de risco analisados, foi verificado que o conhecimento, o tempo de trabalho e a completude do esquema vacinal foram influentes para a não imunização. No segundo capítulo, foi possível concluir que o conhecimento sobre a temática ainda é obstáculo a ser enfrentada pelos auxiliares e acadêmicos. Em relação à presença e à manifestação de atitudes discriminatórias e estigmatizantes, foi constatado que elas existem de maneira velada e oculta pelos grupos dos acadêmicos e auxiliares, principalmente em relação ao HIV/AIDS(AU)
Introduction: AIDS and hepatitis B are viral diseases of great epidemiological and social impact. They negatively affect all conjunctures, instances, and praxis of global public health. From the dental perspective, the high infectivity, pathogenicity, and stigmatization of the human immunodeficiency virus (HIV) and hepatitis B virus (HBV) expose professionals to their work vulnerability and may foster discriminatory practices and presumptions. Objective: the main objective was addressed in two chapters, with different purposes. In chapter 1, we aimed to map the immunization profile of dental surgeons in the public health system and to identify its associative factors. To this end, we employed the anti-HBsAg immunochromatographic test. In chapter 2, we aimed to compare the knowledge, presence, and manifestation of discriminatory and stigmatizing acts of dental surgeons, dental assistants, and dental students concerning the social representations of HIV/AIDS and hepatitis B. Methodology: Two quantitative cross-sectional epidemiological studies were conducted. In the first chapter, the sample comprised dental surgeons working at the Primary Health Care (PHC) of 40 municipalities belonging to the Regional Health Department II (DRS-II) of the state of São Paulo. Data collection was performed in three stages: a semistructured interview; an investigation into the vaccine protocol against HBV; and an immunization analysis through the anti-HBsAg immunochromatographic rapid test. A binomial logistic regression analysis and a bivariate analysis provided the statistical data. In the second chapter, the sample comprised dental surgeons and dental assistants working at the PHC of 40 municipalities belonging to the DRS-II and dental students of a pubic university. We built a research instrument to broadly and objectively identify the potentially profuse attitudes and behaviors of discriminating actions. For data analysis, we performed the proportion Z-test to compare groups. Results: In chapter 1, 74.9% of the sample (219) claimed to have taken the three doses of the vaccine, while 35.6% were not immune against HBV. We verified associations between the dependent variable and the working time in the public service, the knowledge about the subject under study, the unawareness of the number of vaccine doses taken, and the fact of having taken less than three doses. In chapter 2, 550 subjects participated in the study. We found significant associations regarding participants' knowledge of HIV/AIDS and hepatitis B, with a greater representation of dental surgeons. Among the diseases investigated, HIV/AIDS raised the greatest concern. On the other hand, concerning the risk of infectivity, hepatitis B had a greater representativeness. In general, 30.7% and 42.2% of participants would accept receiving care from professionals with HIV/AIDS and hepatitis B, respectively; assistants and students had a higher proportion of refusal of care. Dental assistants had greater representativeness regarding distinctions in the clinical conduct of care for patients with AIDS or hepatitis B. Conclusion: In the first chapter, some of the dental surgeons were not immune to HBV. Regarding the risk factors, we verified that the knowledge, the working time, and the completeness of the vaccination schedule affected non-immunization. In the second chapter, we concluded that knowledge about the subject is still an impediment to be faced by dental assistants and students. Regarding the presence and manifestation of discriminatory and stigmatizing behaviors, we verified that they are veiled and hidden by groups of dental students and assistants, especially concerning HIV/AIDS(AU)
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Vacinas contra Hepatite B , Discriminação Social , Estigma Social , Anticorpos Anti-Hepatite BRESUMO
Justificativa e Objetivos: Hepatite B é infecção viral universalmente prevalente e considerada a doença ocupacional infecciosa mais importante entre os profissionais de saúde, e o trabalhador de Enfermagem, por desenvolver ações invasivas em quantidade e frequência intensas, constitui grupo de extrema vulnerabilidade. Imunidade obtida por vacinação constitui estratégia preventiva eficaz, entretanto, cerca de 10% dos vacinados não alcançam títulos protetores de anticorpos, sendo necessário teste sorológico para confirmar imunidade. O objetivo deste estudo foi investigar o conhecimento da equipe de enfermagem sobre situação vacinale perfil deimunoproteção para hepatite B. Métodos: Estudo epidemiológico, analítico, com 70 trabalhadores de um hospital público de referência regional no Estado da Paraíba. Após consentimento, foram submetidos à entrevista, coleta de sangue e testes sorológicos para detecção dos marcadores HBsAg e anti-HBs, em duplicata, por Eletroquimioluminescência. Os dados coletados foram processados no SPSS versão 22.0 e analisados por estatística descritiva. Resultados: A maioria dos participantes é do sexo feminino (85,7%), com média de idade de 33,4 anos e nível médio de escolaridade (75,7%). Sobre a situação vacinal, 65,7% declararam possuírem esquema completo e 12,9% não lembravam/não sabiam se já haviam recebido imunobiológico. Sobre o teste para verificação do status imunológico, 25,7% informaram desconhecerem a existência de teste específico para tal detecção. Houve associação significativa entre categoria profissional e conhecimento sobre o Anti-HBs. Conclusão: O desconhecimento dos trabalhadores de enfermagem sobre seu status vacinal e imunológico os colocam em vulnerabilidade constante para a hepatite B, sinalizando a urgência de atitudes institucionais protetivas para este público.(AU)
Background and Objectives: Hepatitis B is an universally prevalent viral infection, it is considered the most important infectious occupational disease. Immunity obtained through vaccination is an effective preventive strategy, however, about 10% of vaccinees do not achieve protective antibody titers, requiring serological test to confirm immunity. The objective of this study was to investigate the knowledge of the nursing staff about the vaccination situation and immunoprotein profile to hepatites B. Methods: It is an epidemiological, analytical, conducted with 70 workers of a public hospital of regional reference in the State of Paraíba. After consent, they were submitted to the interview, blood collection and serological tests for the detection of HBsAg and anti-HBs markers, in duplicate, by Electrochemiluminescence. The data collected were processed using the SPSS version 22.0 and analyzed using descriptive statistics. Results: Most participants were women (85.7%), with a mean age of 33.4 years and a high school degree (75.7%). About vaccination status, 65.7% reported having complete scheme and 73.9% had blood test with 18.2% of non-seroconversion of them. Regarding the test for immunological status verification, 25.7% reported not knowing the existence of a specific test for such detection. There was a significant association between professional category and knowledge about Anti-HBs. Conclusion: There was a high percentage of non-seroconversion among nursing workers, which, concomitant with the lack of knowledge about their immunological status, made them vulnerable to the disease.(AU)
Justificación y objetivos: La Hepatitis B es una infección viral universalmente prevalente y considerada la enfermedad ocupacional infecciosa más importante entre los profesionales de la salud, y el trabajador de Enfermería, por desarrollar acciones invasivas en cantidad y frecuencia intensas, constituye un grupo de extrema vulnerabilidad. La inmunidad obtenida por vacunación constituye una estrategia preventiva eficaz, mientras que aproximadamente el 10% de los vacunados no alcanzan títulos protectores de anticuerpos, siendo necesario un análisis serológico para confirmar la inmunidad. El objetivo de este estudio fue investigar el conocimiento de personal del equipo de enfermería sobre situación vacunal y perfil de inmunoproteción contra lahepatitis B. Métodos: Estudio epidemiológico, analítico, con 70 trabajadores de un hospital público de referencia regional en el Estado de Paraíba. Después del consentimiento, fueron sometidos a la entrevista, recolección de sangre y pruebas serológicas para detección de los marcadores HBsAg y anti-HBs, en duplicado, por Electroquimioluminescencia. Los datos recopilados se procesaron en el SPSS versión 22.0 y se analizaron por estadística descriptiva. Resultados: La mayoría de los participantes es del sexo femenino (85,7%), con promedio de edad de 33,4 años y con nivel medio de escolaridad (75,7%). En cuanto a la situación vacunal, el 65,7% declaró poseer un esquema completo y el 73,9% hizo una prueba sanguínea, con un 18,2% de no seroconversión. Con respecto a la prueba para verificación del estado inmunológico, el 25,7% informó desconocer la existencia de una prueba específica para tal detección. Hubo asociación significativa entre categoría profesional y conocimiento sobre el anti-HBs. Conclusión: Se verificó alto porcentaje de no seroconversión entre los trabajadores de enfermería, situación que, concomitante al desconocimiento sobre su status inmunológico, los colocan vulnerables a la enfermedad.(AU)
Assuntos
Humanos , Vacinas , Biomarcadores , Saúde Ocupacional , Pessoal de Saúde , Hepatite BRESUMO
For over 20 years, the hepatitis B (HB) vaccine has been produced by the expression of the viral gene encoding the hepatitis B surface antigen (HBsAg) in yeast. According to the data from WHO, the hepatitis B vaccines are generally stable for up to three years when stored at 2 ºC to 8 ºC. The purpose of this study was to evaluate whether the hepatitis B vaccine, at the time of their release, the quality criteria of this product were maintained seven years after the expiration date. Vaccine vials in multi-dose (10 and 05 doses) and three lots from each manufacturer (A, B and C) were analyzed. All batches were assayed for visual appearance, potency, bacterial endotoxin, thiomersal amount, aluminum hidroxyde contents and pH by means of validated tests. The nine lots evaluated seven years after the expiration date showed similar concentrations when compared to those demonstrated at the time of batches release by the National Institute for Quality Control in Health (INCQS). No significant change in the quality of the hepatitis B vaccine after the expiration date was confirmed. These data might be useful to subsidize a future evaluation for reviewing an extension of the vaccines shelf life.
As vacinas contra a hepatite B são produzidas pela expressão do gene viral codificado para o antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg) em levedura, há mais de 20 anos. De acordo com os dados da OMS, a vacina de hepatite B tem até três anos de estabilidade quando armazenada entre 2 ºC e 8 ºC. O objetivo deste estudo foi de avaliar se, no momento da liberação, os critérios de qualidade da vacina de hepatite B foram mantidos após sete anos da data de validade. Foram analisados frascos de vacinas multi-dose (10 e 5 doses), sendo três lotes de cada produtor (A, B e C). Todos os lotes foram avaliados quanto às características de aparência visual, potência, endotoxina bacteriana, presença de timerosal, conteúdo de hidróxido de alumínio e pH por meio de testes validados. Os nove lotes avaliados sete anos após a data de expiração tiveram resultados similares quando comparados às concentrações na época de liberação dos lotes, realizada pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Os estudos confirmaram a manutenção da qualidade da vacina após o período de expiração. Estes dados podem subsidiar uma futura avaliação para extensão do prazo de validade das vacinas.
Assuntos
Controle de Qualidade , Hepatite B , Prazo de Validade de Produtos , VacinasRESUMO
Para avaliar os fatores de predição da não adesão à vacina contra o vírus da hepatite B (VHB) em adolescentes escolares de baixa renda da Região Metropolitana de Goiânia, Goiás, 304 indivíduos suscetíveis ao VHB, matriculados em duas escolas, foram entrevistados e a vacina contra hepatite foi oferecida. Somente 195 (64 por cento) adolescentes aceitaram a primeira dose da vacina. Por outro lado, 182/195 (93,3 por cento) receberam o esquema completo. Verificou-se que fatores escolares exerceram um papel na aceitação da vacina, uma vez que a escola B e turno noturno foram independentemente associados à não adesão à vacina. Os achados deste estudo ratificam a baixa aceitação da vacina contra hepatite B em adolescentes e evidenciam a necessidade de programas de educação em saúde para sensibilização desse grupo em relação à vacinação, e reforçam a importância de estratégias de imunização na escola para o cumprimento do esquema completo da vacina contra o VHB nesta população-alvo.
To evaluate the predictor factors for non-acceptance of hepatitis B vaccine among low-income adolescent students in the Goiânia Metropolitan Region, Goiás State, Brazil. In this study, 304 HBV-susceptible individuals enrolled in two schools were interviewed, and the HBV vaccine was offered. Only 195 (64 percent) of adolescents accepted the first dose of vaccine. On the other hand, 182/195 (93.3 percent) received the full HBV vaccine scheme. School factors played a role in vaccine acceptance, as School B and night classes were independently associated with non-acceptance of hepatitis B vaccination. The findings of this study ratify the low acceptance of hepatitis B vaccine among adolescents, highlighting the need for health education programs aiming at this group for hepatitis B vaccinations, while buttressing the importance of school-based vaccination strategies for attaining full HBV immunization of this target population.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Adolescente , Educação em Saúde , Estudantes , Recusa do Paciente ao Tratamento , Saúde do Adolescente , Vacinas contra Hepatite B/imunologia , Fatores SocioeconômicosRESUMO
Profissionais e estudantes da área de saúde (PEAS), são grupos de risco suscetíveis à contaminação com o vírus da hepatite B (VHB). A vacinação sistemática é altamente recomendada, no entanto os exames sorológicos pré e pós vacinas não são indicados por alguns serviços de saúde pública no Brasil. Neste estudo foram avaliados os resultados dos marcadores sorológicos de 63 alunos do curso de enfermagem da Universidade do Oeste do Paraná, pré e pós vacina contra a hepatite B. Nos resultados das análises pré vacina, foram encontrados 11 (17,5%) com um ou mais marcadores positivos para o HBV, assim distribuídos: 06 (9,5%) anti HBc positivo, 01 (1,6%) anti HBc e anti HBe positivo, 02 (3,2%) anti HBc, anti HBe e anti HBs positivo, 02 (3,2%) anti HBc, anti HBe e HBs Ag positivo. Os demais 52 (82,5%) todos os marcadores foram negativos. Após a terceira dose da vacina, a taxa de soroconversão foi de 80,7%. Os autores concluem que para populações de risco onde as taxas de soroconversão são baixas, é prudente a realização de testes pré e pós vacina para o VHB.