RESUMO
Este artigo busca analisar o aspecto mais cruel do fenômeno Bolsonaro, legitimado pela população: a indiferença ao genocídio impetrado à população mais pobre do país, por meio ao descaso do governo em tomar medidas que pudessem atenuar a pandemia. Por meio da análise da desilusão que essa indiferença revelou, tenta-se mostrar as três figuras do ressentimento manifestas no apoio e nas ações do governante: a de um severo supereu moralista; a da psicologia das massas, isto é, do ódio ao diferente, acirrado pelo racismo; e, por fim, da submissão incondicional e auto-sacrifício. Três figuras constituintes da psicologia dos filhos da horda primitiva, descritas por Freud em Visão geral das neuroses de transferência. A questão principal abordada no artigo, no entanto, é a relação da indiferença ao genocídio e o racismo brasileiro, compreendido em sua dimensão estrutural, histórica e atual.
This article seeks to analyze the most cruel aspect of the Bolsonaro phenomenon, legitimized by the population: indifference to genocide imposed on the poorest population in the country, through the government's neglect to take steps that could mitigate the pandemic. Through the analysis of the disillusion that this indifference revealed, we try to show the three figures of resentment manifested in the government's support and actions: a severe moralist superego; the psychology of the masses, that is, the hatred of different, intensified by racism; and, finally, unconditional submission and self-sacrifice. Three constituent figures of the children's psychology on the primitive horde, described by Freud in Overview of transference neuroses. The main issue addressed in the article, however, is the relationship of indifference to genocide and Brazilian racism, understood in its structural, historical and current dimension.
RESUMO
Este artículo teórico se propone hacer una reflexión del proverbio popular "los pueblos que olvidan su historia están condenados a repetirla" a la luz del concepto psicoanalítico de compulsión a la repetición. Para ello, se hace una revisión de dicho concepto en los textos de Freud y de Lacan, para explorar hasta qué punto él fue utilizado por estos autores para pensar fenómenos de masa en los que hay repetición de la historia. El método utilizado para dicha exploración es el paradigma indiciario, aplicable en la investigación psicoanalítica, en la medida en que prioriza lo irrepetible, lo singular, lo original. Los resultados de esta revisión teórica muestran cómo, si bien ni Freud ni Lacan utilizaron el concepto de compulsión a la repetición para aplicarlo a la psicología de los pueblos, él resulta útil para explicar dicha psicología de las masas en el fenómeno que aquí se aborda: la repetición de la historia cuando esta es olvidada, es decir, reprimida.
This theoretical article seeks to reflect upon the popular proverb that reads, "those who forget their history are doomed to repeat it," in light of the psychoanalytic concept of repetition compulsion. To that aim, the concept is revised in Freud Ìs and Lacan Ìs texts to explore to what extent they used it to explain mass phenomen in which there is repetition of history. The method used for this exploration is the evidential paradigm, applicable in psychoanalytic research as it prioritizes what is unrepeatable, singular, and original. The results of this search show that, even though neither Freud nor Lacan used it for that purpose, the concept of repetition compulsion is useful to explain mass psychology as regards the phenomenon herein studied: the repetition of history when it is forgotten, that is, repressed.
Assuntos
Humanos , Psicologia Social , Repressão Psicológica , Comportamento Compulsivo/história , HistóriaRESUMO
O autor descreve os efeitos nocivos da psicologia das massas nas instituições psicanalíticas, sua relação com a implicação institucional e as regulamentações enquadrantes, especialmente a análise do analista. Relata alguns dispositivos regulatórios, implementados em sua experiência institucional na APA a fim de neutralizar aqueles efeitos...
This paper describes the damaging effects of mass psychology (crowd psychology) in psychoanalytic institutions. The paper also describes the way crowd psychology relates to institutional implication and framing regulations, especially the analysis of the analyst. The author writes about some regulatory apparatus, which were implemented during his institutional experience at APA, in order to neutralize those effects...
El autor desarrolla los efectos nocivos de la psicología de las masas en las instituciones psicoanalíticas, su relación con las implicaciones institucionales y las regulaciones que la enmarcan, especialmente las del análisis del analista. Relata los dispositivos implementados en su experiencia institucional en la APA para neutralizarlos...
Assuntos
Humanos , PsicanáliseRESUMO
Servimo-nos de uma crônica de Clarice Lispector, "Os segredos" (1973), para encontrar uma moldura em cujo interior possamos inaugurar uma reflexão pessoal sobre a clínica psicanalítica na cultura que privilegia a instantaneidade da comunicação eletrônica. E trazemos do texto de Freud, Psicologia das massas e análise do ego (1921), algumas ideias para a nossa reflexão sobre o estado de coisas em nossa contemporaneidade. Vinhetas clínicas, filmes e experiências pessoais oferecem o material para a problematização psicanalítica.
The author uses a chronicle of Clarice Lispector, "Os segredos" [The secrets] (1973) in order to meet a frame inside which he begins a personal reflection on the psychoanalytical clinic in a culture that privileges the instantaneity of the electronic communication. And he brings some ideas from Freud's Mass psychology and the analysis of the ego to his reflection on the state of affairs in our contemporaneity. Clinical vignettes, films and personal experiences offer the material to the psychoanalytical inquiry.
Assuntos
PsicanáliseRESUMO
¿Se pueden encontrar fundamentos psicoanalíticos en los hallazgos de Stanley Milgram? El propio autor del experimento relativizaba tal filiación. Sin embargo, una lectura atenta a la luz de un artículo de Fabián Schejtman permite dos líneas posibles de articulación. La primera, a partir de las tesis del estadio del espejo y la formulación del llamado esquema L (Lacan, 1936, 1949). La segunda, a partir del artículo de Sigmund Freud Psicología de las masas y análisis del yo (1921). Tal como lo propone Schejtman (2013), ambas líneas convergen en una idea común sobre la formación del yo-masa, escenario que sostenemos está presente en la matriz del experimento de Milgram
Can we find psychoanalitic fundaments based on the findings of Stanley Milgram? The author relativized such affiliation for his experiment. However, a careful reading in the light of an article by Fabian Schejtman permits two possible lines of articulation. The first is based on the thesis of the mirror stage and the formulation of the L-Scheme (Lacan, 1936, 1949). The second is based the article by Sigmund Freud, "Group psychology and the analysis of the ego" (1921). As proposed Schejtman (2013), both lines converge at a common understanding on the formation of self-mass, a scenario present in the matrix of the Milgram experiment
Assuntos
Humanos , Experimentação Humana/ética , Sujeitos da Pesquisa/psicologia , PsicanáliseRESUMO
O autor interroga a relação entre o desastre totalitário e a psicanálise. Será que a psicanálise, os psicanalistas, tem algo pertinente a dizer acerca da barbárie? Esta não é uma dimensão que estaria fora do nosso campo? Será que podemos afirmar que o desastre que sobreveio na cultura não teria tido senão pouca ou nenhuma consequência sobre nossa "teoria", nossas "práticas", nossa "arte"? Não é incrível que demos seguimento à tarefa psicanalítica como se a onda da irrupção do terror e da barbárie na cultura não tivesse abalado as quatro paredes de nossos consultórios? Estas são perguntas que este artigo enfrenta e que levam o autor a se voltar sobre a questão dos estados limites a partir de sua reflexão acerca dos efeitos psíquicos duradouros do totalitarismo.
Malaise in civilization and totalitarian disaster. The author cross-examines the relationship between psychoanalysis and totalitarian disaster. Does psychoanalysis, psychoanalysts, have something relevant to say about the barbarism? Isn't this a dimension which is beyond our field? Can we say that the disaster that befell the culture would not have had but little or no consequence on our "theory", our "practice" our "art"? Isn't it amazing that we follow the psychoanalytic task as if the wave of eruption of terror and barbarism in culture had not shaken the four walls of our offices? These are questions which this article is facing, and leading the author to get back on the issue of borderline states since his reflection on the lasting psychological effects of totalitarianism.