Participação de Carlos Chagas e seus colaboradores no conhecimento e reconhecimento do megaesôfago de etiologia chagásica / Participation of Carlos Chagas and his collaborators in the knowledge and recognition of the mega oesophagus of chagasic aetiology

Revê-se a participação de Carlos Chagas e colaboradores mais próximos no reconhecimento e detecção do megaesôfago chagásico, através de registros feitos em alguns trabalhos pioneiros. A disperistalse é claramente mencionada e bem descrita em observações originais por eles realizadas em áreas endêmicas e material hospitalar. Revê-se a indagação de Chagas quanto à possibilidade da etiologia esquizotripanósica do agravo, em 1916, assunto que não retoma em trabalhos posteriores. Na oportunidade, são discutidos alguns fatos eventualmente explicativos a respeito desta história.

Um nome que faltava na história do megaesôfago chagásico: Joseph Cooper Reinhardt (1809/10-1873) / A missing name in the history of chagasic megaesophagus: Joseph Cooper Reinhardt (1809/10-1873)

No livro "Brazil and the Brazilians" escrito pelos reverendos Kidder e Fletcher, publicado nos Estados Unidos em primeira ediçao em 1857 e que relata viagens destes dois missionários pelo Brasil, há um sub-capítulo intitulado "A new disease". Ali sao revelados dados do quadro clínico, da evoluçao, da endemicidade e da distribuiçao geográfica de doença comum nos sertoes brasileiros e que era conhecida como mal de engasgo. As informaçoes sobre a doença foram prestadas a Fletcher, em 1855, em Limeira (SP), por um médico norte-americano mantido no anonimato na obra citada, designado apenas como Dr. -. Os autores relatam as investigaçoes conduzidas no sentido de identificar o Dr. - e revelam provas documentais que demonstram, cabalmente, ter sido ele o Dr. Joseph Cooper Reinhardt (1809/10-1873). Este médico clinicou, por muitos anos, nas cidades de Limeira (SP) e Campinas (SP). As informaçoes que deu a Fletcher denotam que ele tinha notável conhecimento sobre as características da doença que, cerca de 100 anos mais tarde, seria conhecida como megaesôfago chagásico. Os autores opinam que, doravente, este nome deve ser mençao indispensável quando se contar a história do megaesôfago chagásico.

Miguel Dias Pimenta (1661-1715) e a história do megaesôfago e do megacólon chagásicos / Miguel Dias Pimenta (1661-1715) and the history of chagasic megaesophagus and megacolon

Procurou-se analisar, sob o ponto de vista clínico, as descriçoes contidas no livro "Noticias do que he o achaque do bicho", de Miguel Dias Pimenta (1661-1715), que sao consideradas por alguns autores como as primeiras referências ao megaesôfago e ao megacólon chagásicos que aparecem na história. Nas descriçoes tidas como referentes ao megaesôfago, além de nao se reconhecer a disfagia, o principal sintoma desta doença, identificam-se manifestaçoes próprias de afecçao irritativa, inflamatória ou ulcerativa nao do esôfago, mas do estômago. Naquelas referidas como do megacólon, os sintomas e sinais descritos sugerem a possibilidade diagnóstica de hemorróidas e do próprio achaque do bicho, nao lembrando, em absoluto, o quadro clínico da afecçao chagásica. Assim sendo, nao há razao para que se mantenha o "Noticias do que he o achaque do bicho" dentro da história da forma digestiva da moléstia de Chagas.

O "mal de engasgo"em Innocencia. As possíveis fontes de informaçöes do Visconde de Taunay / The \"mal de engasgo\" in Innocencia. Viscount de Taunay's possible sources of information

O presente trabalho tem como objetivo investigar as possíveis fontes de informaçöes que deram a Taunay condiçöes de descrever com precisäo as manifestaçöes clínicas do megaesôfago